Deputada Renata SouzaPaulo Carneiro/Parceiro/Agência O Dia
Por O Dia
Publicado 17/08/2019 14:00 | Atualizado 17/08/2019 16:49
Rio - A deputada estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Renata Souza, reagiu à declaração dada na sexta-feira, dia 16, pelo governador Wilson Witzel (PSC), sobre a culpa pelas mortes em série de inocentes em operações policiais estar no colo dos defensores dos Direitos Humanos.
"Sua pseudopolítica de segurança se afoga no sangue de jovens negros que jorra no chão das favelas e periferias", diz a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj. 
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Para a deputada, as acusações de Witzel servem para desviar o foco da ausência de uma política pública de segurança e da naturalização do aumento da letalidade policial. "A tentativa de inversão de valores e o ataque à dignidade dos defensores dos direitos humanos é só mais uma tentativa de desviar atenção. O governador deveria apresentar uma política de segurança com prevenção, inteligência e investigação", afirma Renata. 

Durante a última semana, sete jovens morreram dentro ou perto de comunidades do Estado do Rio, durante operações da polícia. O governador afirmou que os responsáveis seriam traficantes tentando culpar a PM.
ONG Rio de Paz divulga nota de repúdio à declaração
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O diretor da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, assinou uma nota contestando as declarações do governador. Ele disse que ONGs e movimentos de Direitos Humanos nunca foram tão ofendidos por uma autoridade brasileira. "Fomos chamados de 'coveiros desses jovens e dessas famílias que hoje estão chorando". Ele diz que o setor foi jogado contra a sociedade, a polícia e os próprios familiares das vítimas pela fala de Witzel.  
Antônio Carlos da Costa diz que militantes dos Direitos Humanos são homens e mulheres movidos por valores inegociáveis e pela angústia de inocentes sendo mortos nas favelas da cidade.
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"Lutamos pelo direito à vida e temos empatia com o drama dos moradores de comunidades pobres da Região metropolitana do Rio de Janeiro, sujeitos a intermináveis confrontos entre policiais e traficantes, que destrói suas casas, rouba sua paz e interrompe a vida de seus entes queridos", diz o texto.
O diretor da ONG Rio de Paz também ressalta que ativistas de Direitos Humanos não são defensores de bandidos e nem veem as polícias como inimigas do morador de favelas. 
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"Não queremos amarrar os braços dos nossos policiais, impedindo-os de cumprir sua missão precípua, que é a de garantir a ordem pública e deter a ação dos criminosos". O Rio de Paz mantém há anos uma instalação na Lagoa Rodrigo de Freitas em memória dos policiais militares assassinados.
O diretor do Rio de Paz diz ainda que faz parte de um grupo de brasileiros que almeja uma segurança pública regida por princípios e métodos 'consagrados pelas forças policiais das nações livres e desenvolvidas'. Ele enumera o que aspira a ONG Rio de Paz.
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Confira abaixo:

1. Uma polícia cujo uso da força seja regulado pelo uso da inteligência. O que faz com que a espécie humana domine as demais espécies animais não é a sua força, destreza ou velocidade, mas sim sua capacidade de usar o cérebro. Perguntas básicas precisam ser respondidas em cada a operação policial: Tem chance de sucesso? Expõe ao risco de morte o morador de favela? Está inserida num plano mais amplo de segurança pública? Segue protocolos que são do conhecimento da comunidade pobre? Fará uso proporcional da força?

2. Operações policiais nas quais a preocupação com a preservação da vida de cidadãos inocentes seja maior do que a obsessão em prender o bandido. Não há detenção de traficante de drogas que compense a morte de jovem pobre, tal como está ocorrendo no seu governo e que nada mais é a continuidade de governos anteriores, que o discurso contra o crime na verdade escondia o envolvimento com fraudes e corrupção.

3. Desejamos conhecer seu programa de segurança pública: metas, cronograma, orçamento, e mecanismo de prestação de contas.