Publicado 13/11/2019 12:15 | Atualizado 13/11/2019 12:40
Rio - A tia avó de Ketellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5 anos, contou que a menina tentou tranquilizar a mãe logo após ser baleada na perna. Baleada num ataque a tiros que matou um adolescente em Realengo, na Zona Oeste, quando estava a caminho da escola, ela não resistiu e morreu no Hospital Albert Schweitzer na madrugada desta quarta-feira. A criança é a sexta morta por bala perdida em 2019.
"A Jessica (mãe) levava ela de bicicleta para a escola. Na hora em que ela estava passando, começou o tiroteio, os caras correndo atrás do homem que morreu, e aí um tiro pegou na perna dela. Acho que Ketellen estava na bicicleta. A Jessica a viu caída e ela disse assim: 'Mamãe, não chora, não'. A mãe começou a chorar, passando mal, e voltou correndo para pedir socorro. O sangue já estava escorrendo pela perna. Foi para o hospital, fizeram tudo para poder salvar, mas, quando deu 22h e pouca ela faleceu'", lembrou a copeira Dayse da Costa, 60 anos.
A mãe levava a menina todos os dias para a escola por volta de 12h40. A entrada era às 13h. Dayse descreveu a sobrinha como uma menina "evada" e "amável". "Só me chamava de vó: 'Vó, cheguei, vovó. Tô chegando. O que você trouxe pra mim?'. Eu às vezes dizia: '‘A vovó não trouxe nada hoje'", relatou a tia, chorando. A garota dizia que queria ser massagista quando crescesse: "Ela gostava de brincar e de fazer massagem. Falava que, quando crescesse, ia ser massagista para fazer massagem nas tias e na 'rimã', porque ela chamava a irmã de 'rimã'. "Tá, tia? Vou ser massagista e vou dar massagem em você e na minha 'rimã'."
A família se queixa da violência crescente na região da Cohab, em Realengo, e pede justiça pela morte da criança. "Eu espero justiça. Isso tem que mudar, porque já está demais. A gente não tem nem como sair de casa pra trabalhar. Eu fui assaltada semana passada na minha esquina às 5h30 indo trabalhar. Eu ainda reagi ao assalto. Os bandidos falaram que queriam o celular, eu disse que não tinha e eles me imprensaram no muro. A sorte é que três rapazes vieram na minha direção e os bandidos foram embora", lamentou Dayse.
A mãe levava a menina todos os dias para a escola por volta de 12h40. A entrada era às 13h. Dayse descreveu a sobrinha como uma menina "evada" e "amável". "Só me chamava de vó: 'Vó, cheguei, vovó. Tô chegando. O que você trouxe pra mim?'. Eu às vezes dizia: '‘A vovó não trouxe nada hoje'", relatou a tia, chorando. A garota dizia que queria ser massagista quando crescesse: "Ela gostava de brincar e de fazer massagem. Falava que, quando crescesse, ia ser massagista para fazer massagem nas tias e na 'rimã', porque ela chamava a irmã de 'rimã'. "Tá, tia? Vou ser massagista e vou dar massagem em você e na minha 'rimã'."
A família se queixa da violência crescente na região da Cohab, em Realengo, e pede justiça pela morte da criança. "Eu espero justiça. Isso tem que mudar, porque já está demais. A gente não tem nem como sair de casa pra trabalhar. Eu fui assaltada semana passada na minha esquina às 5h30 indo trabalhar. Eu ainda reagi ao assalto. Os bandidos falaram que queriam o celular, eu disse que não tinha e eles me imprensaram no muro. A sorte é que três rapazes vieram na minha direção e os bandidos foram embora", lamentou Dayse.
Seis crianças mortas por bala perdida em 2019
Ketellen é a sexta criança morta por bala perdida em 2019, de 22 baleadas na Região Metropolitana do Rio. Já é o dobro de mortes registradas de crianças, em comparação ao mesmo período (até 13 de novembro) de 2018, segundo a a plataforma Fogo Cruzado.
Além da menina vitimada em Realengo, morreram da mesma forma Ágatha Félix, de 8 anos (no Alemão); Kauê dos Santos, de 12 anos (baleado em operação policial no Chapadão); Kauê Rozário, de 11 anos (Vila Aliança); Kauã Peixoto, de 12 anos (morto durante confronto entre policiais e bandidos na Chatuba de Mesquita); e Jenifer Gomes, de 11 anos, ferida por tiro em Triagem.
Além da menina vitimada em Realengo, morreram da mesma forma Ágatha Félix, de 8 anos (no Alemão); Kauê dos Santos, de 12 anos (baleado em operação policial no Chapadão); Kauê Rozário, de 11 anos (Vila Aliança); Kauã Peixoto, de 12 anos (morto durante confronto entre policiais e bandidos na Chatuba de Mesquita); e Jenifer Gomes, de 11 anos, ferida por tiro em Triagem.
'Só tinha 5 anos', se emociona pai de Ketellen
Os pais de Ketellen Umbelino de Oliveira Gomes, de 5 anos, estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande, Zona Oeste do Rio, na manhã desta quarta-feira, para liberar o corpo da filha. O pai, Augusto Alves de Oliveira, 28 anos, relatou que, segundo testemunhas, três homens pararam em um carro branco, um deles saiu e atirou contra Davi Gabriel Martins do Nascimento, de 17 anos, que morreu no local. Mas a menina também foi atingida. Ele se emocionou ao falar da filha.
"A sensação é de pegar o maluco que fez e fazer pagar da mesma forma. Minha filha só tinha 5 anos. Vi minha filha nascer. Perder minha filha com 5 anos, a mais nova, agarradona comigo?", lamentou o pai. Segundo ele, a vítima fez o trajeto que estava acostumada a fazer para a escola, acompanhada da mãe.
Augusto contou que a filha morava com a mãe, mas era muito ligada a ele. Na última vez em que estiveram juntos, há três semanas, Ketellen brincava na piscina na casa do pai. Ele se lembra, emocionado, da despedida: "A última vez que a vi, ela estava brincando na piscina, no quintal, ficou sentada no meu colo, entrou dentro de casa e depois falou: 'Pai, vou embora com a mamãe'. Eu falei: 'Tá bom. Aqui a xuxinha, dei banho nela e prendi o cabelo dela".
Augusto contou que a filha morava com a mãe, mas era muito ligada a ele. Na última vez em que estiveram juntos, há três semanas, Ketellen brincava na piscina na casa do pai. Ele se lembra, emocionado, da despedida: "A última vez que a vi, ela estava brincando na piscina, no quintal, ficou sentada no meu colo, entrou dentro de casa e depois falou: 'Pai, vou embora com a mamãe'. Eu falei: 'Tá bom. Aqui a xuxinha, dei banho nela e prendi o cabelo dela".
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