O envazamento dos galões leva menos de três minutos: modernidadeEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Anderson Justino e Renan Schuindt
Publicado 29/01/2020 00:00 | Atualizado 29/01/2020 10:34

Quando começou a vender água mineral engarrafada, em 1909, na região que viria a se chamar Água Santa, na Zona Norte do Rio, o ex-escravo Domingos Camões não imaginava que sua descoberta pudesse se tornar uma das principais fontes de abastecimento da cidade. Localizada no pé da Serra dos Pretos Forros, a Água Mineral Santa Cruz virou negócio de família, em 1914, e, mais de 100 anos após sua fundação, os proprietários veem o movimento triplicar devido à crise da água da Cedae.

A descoberta do local ocorreu em 1888 e foi reconhecida como a segunda fonte hidromineral do estado. No terreno, duas construções chamam atenção: o antigo reservatório e o casarão, hoje utilizado para guardar objetos pessoais da família. 

O antigo casarão da fábrica original serve, hoje, para guardar objetos da família dos fundadoresfotos de Estefan Radovicz

O envasamento, modernizado, dura menos de três minutos entre checagem, limpeza, enchimento e rotulagem dos vasilhames. "Nosso movimento está três vezes maior. Tem gente de outros municípios vindo buscar", diz o gerente Anderson Guimarães.

Apesar de contar com uma equipe de 20 funcionários, o volume de trabalho levou o gestor a contratar outros dois novos profissionais. A disputa tem sido grande na busca por água mineral.

Vinte e dois funcionários trabalham na empresa. Dois deles foram contratados durante a crise da CedaeEstefan Radovicz / Agencia O Dia

A todo momento é possível ver uma quantidade grande de caminhões, kombis e até motos que chegam para comprar os vasilhames. "Nós conseguimos envazar cerca de 1 mil garrafões por hora. O equivalente a 20 mil litros. Mesmo assim, ainda estamos longe de solucionar a demanda atual", diz Guimarães.

Matéria na fábrica engarrafadora de águas minerais, Santa Cruz, em Água Santa. Na foto, Tanques que estocam a água que chega da nascente da montanha próxima da fábrica. Estefan Radovicz / Agencia O Dia

Comerciante de Jacarepaguá, Fernando Massulo é um dos que revendem a água da fonte. Ele se diz surpreso com o movimento. "Antes, a gente vendia entre 10 e 15 galões por dia. Hoje, nossa saída é de 150 unidades. Estou buscando aqui e em outra distribuidora, porque uma só não dá vazão", conta.

Fernando comemora a grande procura em seu mercadinho, em Jacarepaguá. Vendas aumentaram 10 vezes maisEstefan Radovicz

Moradores criticam água da Cedae

Apesar da origem do nome do bairro da Água Santa estar ligado diretamente à história da fonte mineral, os moradores não estão nada contentes com a qualidade da água que tem chegado pelas torneiras, via Cedae. "Não percebi coloração, mas o cheiro ainda está forte. A gente está comprando água mineral para beber e para fazer a comida", diz Rose Dias, dona de um restaurante na região. 

MP: prazo se encerra hoje
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Companhia tem canal para contestar contas
Quase um mês após o início da crise da água da Cedae, as reclamações continuam. Ontem, um grupo de manifestantes se reuniu em frente à sede da estatal, no Centro do Rio, e cobrou respostas. Algumas pessoas ainda reclamam que estão recebendo em suas casas água com mau cheiro e cor turva.
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Além da qualidade da água, há reclamações, também, sobre a chegada das contas de fornecimento. No bairro Encantado, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a dona de casa Marcela Gomes disse que sua conta teve um aumento de quase R$ 100.
A Cedae informou que as contestações devem ser feitas através do canal (0800) 031-6032 ou em qualquer loja física da companhia.
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A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) orienta os consumidores cariocas que guardem provas para eventual ação coletiva contra a Cedae. "Guarde fotos da água com a cor turva; notas fiscais de compra de água; laudos médicos; recibos de remédios; protocolos de reclamação para a Cedae", orienta a Proteste.

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