Rio - O Rio de Janeiro está entre os dez estados brasileiros que menos notificam os casos de Covid-19. É o que mostra um estudo elaborado pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois), da PUC do Rio. Segundo os dados, no estado fluminense a taxa de subnotificação é de 7,2%, o que significa que o número real de infectados pode ser quase 13 vezes maior do que o apresentado pelas autoridades. Com isso, os 2.464 casos poderiam ser, na verdade, mais de 32 mil. A falta de testes para a doença é a principal queixa da população, que já não sabe onde e como recorrer. A reclamação é confirmada por profissionais de saúde que denunciam o baixo número de exames na rede pública, como no Hospital Federal de Bonsucesso.
A média de notificação no Rio é ainda menor que a média nacional, de 8%. Segundo os pesquisadores, "o elevado grau de subnotificação pode sugerir uma falsa ideia de controle da doença e, consequentemente, levar ao declínio na implementação de ações de contenção, como o isolamento horizontal".
Sem saber, no último sábado, um morador de Costa Barros, na Zona Norte, fez uma de suas últimas postagens nas redes sociais. No texto, descreveu o que sentiu no seu primeiro dia de isolamento social: "Noite mal dormida. A melhor posição era de barriga para baixo, mas quando virava, começavam as tosses", relatou o rapaz, cuja família pediu que não fosse divulgado o nome.
Seu corpo será sepultado hoje, no cemitério de Irajá. O velório, para apenas quatro pessoas, é o procedimento adotado quando há suspeita de morte por coronavírus. Segundo a família, um dia antes, o rapaz procurou a UPA do bairro. Ele teria recebido uma injeção e foi liberado sem realizar o teste.
O problema se reflete em outros municípios. Também nesse fim de semana, uma mulher de 27 anos, grávida de 7 meses, teve a causa da morte dada como indeterminada. Segundo a família, a jovem faleceu na UPA de Queimados, na Baixada, após dar entrada com os mesmos sintomas da Covid-19, mas não fez o teste.
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