Sonhos interrompidos: Alexandre JacintoARQUIVO PESSOAL
Por Yuri Eiras
Publicado 04/05/2020 00:00 | Atualizado 04/05/2020 11:32

Rio - "A casa ainda tem a cara dela". A perda de Magna Soares, 43 anos, dói forte em Otávio de Araújo, o marido. Ela morreu no dia 31 de março, vítima de coronavírus. A cada vez que entra em um cômodo da residência, a lembrança que surge é de uma mulher companheira, que batalhou ao lado dele por anos até construírem a própria casa na Rocinha. Ontem, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou que o Rio de Janeiro já ultrapassou a marca das 1.000 mortes por covid-19, 45 dias após o primeiro óbito. São 1.019 no estado e 7.025 em todo o país. Esposas, maridos, avós, pais, mães, filhos, netos. A frieza dos números não dá conta de revelar as histórias de vida e os sonhos interrompidos.

Sonhos como o de ter um neto, alimentado por Alexandre Jacinto, vendedor de flores em feiras da Zona Sul do Rio. "Ele era uma pessoa muito alegre, que ajudava sempre o próximo. E o maior desejo dele era ser avô, porque todos os irmãos já eram e ele ainda não", conta Caroline Sousa, sobrinha de Caximbinho, como Alexandre era conhecido.

Tatiaia Benitto era a 'Tia Tati', querida auxiliar de serviços gerais em uma creche na comunidade do Amarelinho. Em casa, era a companheira de Luiz Adriano Silva. Ela morreu pelo coronavírus e estava grávida de oito meses. O bebê, uma menina, nasceu prematura e está internada na UTI neonatal. "Sempre foi muito querida pelas mães e pelas crianças. Muitas vezes ela ajudava as professoras a cuidar das crianças, tamanho o carinho que as crianças tinham por ela. No dia a dia era uma pessoas muito brincalhona. Seu sorriso era sua maior marca. Suas gargalhadas serão sempre lembradas", afirma Luiz Adriano. "Nem deu tempo de comprar as coisas da nossa filha. Estamos precisando de doações".

Oito familiares falaram ao DIA sobre as perdas de seus entes queridos. O número representa menos de 1% de todos os casos do estado, mas os relatos revelam: a humanidade é artigo incalculável.

ALEXANDRE JACINTO
Sonhos interrompidos: Alexandre JacintoARQUIVO PESSOAL
Publicidade
ERIKA FERREIRA
Sonhos interrompidos: Erika FerreiraARQUIVO PESSOAL
TATIAIA CRISTINE
Sonhos interrompidos: Tatiaia CristineARQUIVO PESSOAL
Publicidade
ROSA MARIA AZEVEDO
Sonhos interrompidos Rosa Maria AzevedoARQUIVO PESSOAL
OTALINO LEÔNCIO JÚNIOR
Sonhos interrompidos: Otalino Leônciofotos ARQUIVO PESSOAL
Publicidade
MAGNA SOARES
Sonhos interrompidos: Magna SoaresARQUIVO PESSOAL
ANANIAS MONTENEGRO
Sonhos interrompidos: Ananias MontenegroARQUIVO PESSOAL
Publicidade
NILZA LEITE
Sonhos interrompidos: Nilza LeiteARQUIVO PESSOAL
"Ela era uma que cuidava dos netos, dos bisnetos. Gostava muito, principalmente, do bisneto, o Luiz Felipe, de sete anos. Ele brincava de 'cuidar' dela. Falava: 'bisa, vai que você passa mal, vou estar aqui'. Era uma pessoa ativa, que tinha uma vida pela frente. De manhã ela acordava, tomava o café da manhã na varanda, as pessoas passavam pela rua e a cumprimentavam. Alguns adolescentes chamavam ela de avó. Apesar de ter perdido uma filha muito jovem, minha mãe era uma pessoa de fibra. Muito digna. Eu fui muito abençoada em tê-la como mãe. foi uma grande honra", Adriana, filha.

Você pode gostar

Comentários

Publicidade

Últimas notícias