O Estado do Rio atingiu ontem a marca de 18.486 casos de covid-19 e 1.928 mortes pelo novo coronavírus. A Secretaria de Saúde afirma que os casos e óbitos registrados no boletim não ocorreram nas últimas 24h. Há, ainda, 927 óbitos em investigação. A doença se propaga com rapidez, sobretudo nas áreas mais carentes. Mas enquanto a atenção do poder público caminha a passos de tartaruga nas comunidades cariocas, moradores se articulam para detectar e conter o avanço do novo coronavírus nas favelas.
No Morro Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul, o combate tem sido constante, inclusive com a produção de dados locais. Um levantamento feito pela liderança comunitária, que ouviu 283 pessoas, mostra que a maioria sente algum sintoma gripal (52,7%). Apesar disso, o número de moradores que afirmam não terem passado por qualquer tipo de exame de covid-19 é de 98,4%.
O mapeamento pode servir como base para as autoridades, caso alguma medida específica venha a ser implementada. A favela, diga-se de passagem, foi uma das primeiras na cidade a passar pela chamada 'higienização'. E de novo numa iniciativa dos próprios moradores. Nesse caso, os irmãos Thiago e Tandy Firmino, responsáveis pelo Grupo Alerta Santa Marta, frente de combate ao coronavírus no morro.
Outro ponto evidenciado pela pesquisa no Santa Marta é a falta de testes: apenas 2,6% dos entrevistados teve acesso ao exame do coronavírus.
Para os especialistas, a testagem baixa tem sido um fator determinante para a subnotificação de casos e óbitos. "O ideal seria que cada favela tivesse seu polo para o tratamento da covid-19. Os testes poderiam ser realizados nessas unidades específicas, sem a necessidade de misturar pacientes de outras doenças, como ocorre nas UPAs", explica o professor e médico sanitarista da Fiocruz Daniel Soranz.
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