Rio,23/05/2020 -COVID-19 -CORONAVIRUS , MEIER, 26º Delegacia de Policia, movimento Nenhum Servico de Saude a Menos realizou um protesto para denunciar a crise na saude do Rio de Janeiro no enfrentamento a pandemia do coronavirus.Na foto. manifestantes foram conduzidos a 26DP, por obstruir a linha Amarela, Carlos Vanconcelos e Lucia Padua .Foto: Cleber Mendes/Agência O DiaCléber Mendes
Por Maria Clara Matturo*
Publicado 23/05/2020 14:21
Rio - Uma manifestação pacífica de profissionais da saúde acabou na delegacia, na manhã de hoje. Os dez trabalhadores reunidos carregavam faixas, na praça de pedágio da Linha Amarela, reivindicando melhores condições de trabalho, o fim das operações nas comunidades e testagem priorizando a classe, quando foram abordados por oficiais da Polícia Militar e encaminhados à 26ª DP (Todos os Santos). 

O ato começou por volta das 10h20 da manhã e durou cerca de vinte minutos. Segundo o membro do Sindicato dos Médicos Carlos Vasconcellos, o grupo seguiu as orientações da Lamsa, que é administradora da via, e da própria Polícia Militar: "permanecemos no acostamento, como nos foi recomendado. Quando já estávamos nos retirando, recebemos uma determinação de um policial do Batalhão de Choque para nos conduzir até a delegacia".
Segundo a servidora do Ministério da Saúde Lúcia Pádua, o grupo prestou depoimento para um agente, orientado por telefone pela delegada que não estava presente. “Fomos enquadrados num decreto estadual que proíbe aglomerações. Somos profissionais da saúde, mais do que ninguém nós estamos interessados em seguir as medidas de proteção", desabafou Lúcia, que classificou a atitude da polícia como “desproporcional". 
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De acordo com o advogado criminalista Júlio Leitão, a ação da polícia foi "uma decisão política e arbitrária", e reforçou: "Uma manifestação de dez profissionais, seguindo todas as recomendações de proteção da prefeitura e do governo estadual, não pode ser considerada crime. É uma ação absolutamente ilegal, isto não está previsto em nenhuma lei".
Em nota, a Polícia Civil afirmou que duas pessoas do grupo foram "ouvidas e autuadas no artigo 268 do CP (Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa) e, em seguida, liberadas". O caso foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim)

Em união com o movimento "Nenhum Serviço de Saúde a Menos", os trabalhadores estão participando de uma série de protestos para denunciar as más condições de trabalho, falta de equipamentos de proteção adequados, dificuldade de testagem e constante atrasos salariais. “Não é algo pontual, manifestações estão acontecendo em vários estados, os profissionais da saúde estão unidos para garantir as nossas vidas e da população também”, afirmou a servidora Lúcia Pádua.
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*Estagiária sob supervisão de Waleska Borges