Publicado 04/07/2020 20:25 | Atualizado 04/07/2020 21:59
Rio - O jardineiro Wilton Oliveira da Costa, 33 anos, preso injustamente no lugar do irmão, ganhou a liberdade neste sábado, após 54 dias dentro da cadeia. O processo contra o morador do Morro do Encontro ainda não acabou e agora família e defesa lutam para encerrar o caso e limpar o seu nome.
Em entrevista ao DIA, a mulher de Wilton, Marcele Oliveira, disse que o companheiro, com quem tem uma filha, Ana Sofia, de 5 anos, tinha sido confundido com o irmão, William, morto em uma operação policial no Complexo do Lins, em fevereiro deste ano.
Após ter dois pedidos de habeas corpus negados no Tribunal de Justiça do Rio, a defesa do jardineiro conseguiu a revogação da sua prisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com isso, ele responderá ao processo em liberdade.
Trabalho em hospital e estudante de Educação Física
Quando foi preso, o jardineiro estava matriculado no quarto período de licenciatura em Educação Física na Universidade Estácio. No Morro do Encontro, onde mora, no Complexo do Lins, Wilton também trabalhou como estagiário em um projeto de escolinha de futebol para a comunidade. Seu sonho é ser professor de Educação Física, conta Marcele.
"A gente estava com um sonho: eu iria me formar no meio do ano que vem no curso de enfermagem e ele também, em Educação Física. Iríamos nos casar direitinho. Eu sei da inocência do meu marido", conta Marcele, que recebe cestas básicas da Associação de Moradoes do Morro do Encontro e trabalha com venda de bolos. "Ele corre o risco de perder o investimento que fez na faculdade. Está perdendo semana de prova. É um custo muito alto que a gente paga", lamenta.
A companheira criticou ao DIA o alegado engano na prisão do marido. "Ele foi preso por acusação de ter participado de um assalto em 2018. Está sendo confundido com irmão dele, que era traficante e praticava assaltos. O nome do irmão é parecido (William), a fisionomia também. Mas, minha família não pode se confundida com a vida do meu cunhado. Wilton foi preso sem nenhuma notificação. Por que ele está sendo incriminado por atos que não são dele? Querem dizer que todo preto é igual?", critica.
Marcele também aponta que no processo a qual Wilton responde por roubo, consta que o acusado não trabalha. "Wilton sempre trabalhou. Ele trabalhava no Hospital do Andaraí, em uma empresa terceirizada. Trabalhava em projetos sociais da comunidade, faz parte da escolinha de futebol", contesta.
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