Publicado 05/08/2020 10:09 | Atualizado 05/08/2020 11:43
Rio - O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou pela primeira vez que 'pode ser que, porventura' tenha mandado seu ex-assessor Fabrício Queiroz pagar uma conta pessoal, mas com o dinheiro do próprio senador, em entrevista publicada no jornal "O Globo" nesta quarta-feira. O filho do presidente Jair Bolsonaro também criticou a operação Lava Jato e defendeu o procurador-geral da República, Augusto Aras.
Flávio Bolsonaro minimizou o fato de Queiroz ter pago as contas pessoais e afirmou que "querer vincular isso a alguma espécie de esquema que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar qualquer secretário que vá pagar a conta de um patrão no banco".
Durante a entrevista, o senador foi questionado se não há contradições nas reclamações contra a Lava Jato após a família Bolsonaro ter sido eleita com discurso que defendia a operação.
"Aras tem feito um trabalho de fazer com que a lei valha para todos. Embora não ache que a Lava-Jato seja esse corpo homogêneo, considero que pontualmente algumas pessoas ali têm interesse político ou financeiro. Se tivesse desmonte das investigações no Brasil, não íamos estar presenciando essa quantidade toda de operações. Inclusive com a saída de (Sergio) Moro, a produção do Ministério da Justiça subiu demais. O (Sergio) Moro na verdade saiu do governo porque percebeu que não havia um alinhamento ideológico, no tocante às armas, por exemplo", falou ele em entrevista.
Flávio também falou sobre ser alvo de investigação do Ministério Publico, de esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), em que funcionários eram obrigados a devolver parte do salário ao gabinete do parlamentar no período em que ele foi deputado estadual.
Ele afirmou que as investigações precisam acontecer dentro da lei quando questionado sobre o embate entre Augusto Aras e os procuradores da Lava-Jato.
"Qualquer investigação tem que acontecer dentro da lei e os excessos precisam ser investigados. Não dá para a gente jogar uma partida de futebol, um time fazer gol de mão e o outro aceitar. Pelo que acompanho, há suspeitas de que pessoas com foro por prerrogativa de função estavam sendo investigadas por procuradores de 1ª instância, inclusive alterando os nomes dos investigados para não ficar claro que se tratava de um senador ou de um deputado (o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o do Senado, Davi Alcolumbre, foram citados em investigações da Lava-Jato de Curitiba, mas com outros sobrenomes)", ressaltou.
Queiroz
Queiroz ficou preso por 22 dias por conta da investigação da rachadinha e após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ele deixou o presídio e foi para prisão domiciliar no dia 10 de julho.
Sobre o fato de Queiroz ter pago mais de R$ 120 mil pela estadia dele no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no tratamento contra o câncer, com dinheiro próprio e vivo, Flávio alegou que "pagar cerca de R$ 100 mil em 'cash', obviamente, não é algo normal", mas que não sabe de onde veio o dinheiro.
Ele também afirmou que tanto ele quanto Jair Bolsonaro não sabiam que Queiroz estava escondido no sítio de Atibaia do advogado da família Bolsonaro, Fredrick Wassef. Flávio alegou que não tinha mais contato com o ex-assessor.
"Óbvio que não sabíamos. Por precaução, nunca mais falei com o Queiroz, nem por telefone, para não insinuarem que eu estava combinando alguma coisa com ele. O Fred (Wassef) teve quatro cânceres, né? O Queiroz estava tratando de um câncer também. Se ele (Wassef) se sensibilizou e deixou o imóvel para ele (Queiroz) usar, não tem crime nenhum nisso, nada de errado. Agora, é óbvio que isso não podia ter acontecido nunca. Foi um erro. Se (Wassef) tivesse comentado comigo, diria que ele estava sendo imprudente. Dá margem para as pessoas pensarem que a gente estava ali escondendo o Queiroz. Agora, cabe lembrar: escondendo de quê? Queiroz nunca foi procurado pela policia", afirmou.
Moro
O senador também falou sobre a saída de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, do governo Bolsonaro e afirmou que o ex-juiz "saiu do governo porque percebeu que não havia um alinhamento ideológico, no tocante às armas, por exemplo".
Ao ser questionado se a saída de Moro não tinha relação com uma interferência política na Polícia Federal, o senador disse ser uma "uma crítica completamente infundada".
"A competência para nomear diretor-geral da PF é do presidente. Se o presidente não pode falar onde está satisfeito ou insatisfeito dentro de um ministério, ou se troca o presidente ou se troca o ministro. Então, nesse caso, teve que trocar o ministro", afirmou.
Ao ser questionado se a saída de Moro não tinha relação com uma interferência política na Polícia Federal, o senador disse ser uma "uma crítica completamente infundada".
"A competência para nomear diretor-geral da PF é do presidente. Se o presidente não pode falar onde está satisfeito ou insatisfeito dentro de um ministério, ou se troca o presidente ou se troca o ministro. Então, nesse caso, teve que trocar o ministro", afirmou.
Comentários