Publicado 10/08/2020 17:09
Rio - O advogado Ricardo Chagas, que defende o sargento da PM Gabriel Guimarães Sá Izaú, acusado de agredir o jovem Matheus Fernandes no shopping Ilha Plaza, disse na saída da 37° DP (Ilha do Governador) que Izaú abordou Matheus porque o jovem estava filmando. Ele e o soldado do Batalhão de Choque, Diego Alves da Silva, prestaram depoimento nesta segunda-feira. Eles são investigados por racismo e abuso de autoridade.
"Não é nada disso que estão falando. Na verdade, ele quis saber porque ele (Matheus) tava filmando (o sargento). E ele simplesmente foi arredio. Quando uma pessoa está sendo filmada, quer saber o motivos", defendeu o advogado. Segundo Chagas, Matheus e os policiais saíram da loja e foram parar na escada de emergência do shopping porque caíram. "(A dupla de policiais) não levou para a escada. Eles caíram. Na hora que tirou o Matheus da passagem, ele esbarrou e eles caíram".
Em contato com o DIA, o advogado de Matheus, Jaime Fernandes, afirmou que o jovem gravou os policiais por medo. "Ele filmou porque estava com receio, por estar sendo perseguido. Uma atitude de proteção. Essa é a verdade".
Nas filmagens, o sargento Gabriel Guimarães Sá Izaú, de blusa vermelha, chega a apontar uma arma para Matheus. O advogado negou que Izaú trabalhava como segurança particular para o Ilha Plaza. Chagas disse ser apenas "uma consultoria", mas não explicou o motivo de Izaú estar no shopping com outro policial militar, o soldado do Choque Diego Alves da Silva.
O Ilha Plaza confirmou, em nota, que a empresa de consultoria de segurança, para quem Izaú e Alves trabalhavam, foi afastada. Em um comunicado anterior, o Ilha Plaza havia declarado que os policiais não prestavam serviços para o shopping.
Na chegada, nem Gabriel, nem Diego falaram com a imprensa. Gabriel, que na ação chegou apontar uma arma na cabeça de Matheus, foi afastado do programa Segurança Presente.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que "foi aberto uma apuração sumária para verificar a conduta dos dois policiais militares sob a égide do regimento interno da Corporação, garantindo aos envolvidos amplo direito de defesa". A corporação afirmou ainda que "não compactua e pune com o máximo rigor desvios de conduta cometidos por seus membros".
Boné do Hulk causou desconfiança, diz delegado
O delegado da 37ª DP, Marcus Henrique Alves, disse que uma das explicações dos policiais para a abordagem foi de que Matheus usava um boné do personagem Hulk, que também era o apelido do traficante Gilberto Coelho de Oliveira, braço-direito de Fernandinho Guarabu no controle das favelas da Ilha do Governador. Segundo o delegado, isso causou "desconfiança" no PMs. "Disseram que desconfiaram do Matheus não pelo fato de ele ser negro, mas porque usava um boné que fazia referência ao Hulk, apelido de um traficante também conhecido como Gil".
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