Tudo ainda está muito vago. Mas quadrantes espalhados nas areias da Praia de Copacabana podem se tornar mais um capítulo do 'novo normal'. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e o superintendente de Educação e Projetos da Vigilância Sanitária, Flávio Graça, anunciaram, ontem, novas informações sobre o projeto de demarcação das praias. Cariocas poderão agendar o espaço por aplicativo ou ocupar os quadrantes por ordem de chegada na praia. No entanto, a prefeitura ventila a ideia de cobrar pelo agendamento. Detalhe: as praias são propriedade da União e consideradas bens públicos de uso livre pelo Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro.
Os quadrantes seriam demarcados com fitas no chão, podendo, a princípio, serem ocupados por até quatro pessoas da mesma família ou grupo. Os agendamentos por app devem responder por cerca de 30% da ocupação, enquanto os demais devem respeitar a ordem de chegada. Sobre a possibilidade de aluguel pelo aplicativo, a prefeitura não deu mais detalhes. De certo, por ora, se a proposta vingar, é que o agendamento será gratuito para moradores da capital. Empresas parceiras da prefeitura ficarão encarregadas do custeio da demarcação e das fitas, que deverão ser colocadas pela manhã e retiradas à noite.
"Temos a intenção de fazer um projeto-piloto na Praia de Copacabana e começar de segunda a sexta, porque é quando tem menos fluxo de pessoas, justamente para ver o comportamento da população, da adequação. Se o projeto realmente tiver sucesso, é fácil para multiplicarmos em toda a orla da cidade", afirma Flávio Graça. Ele ressalta, ainda, que ambulantes poderão circular por corredores demarcados.
A população, entretanto, recebeu a proposta com ressalvas. O auxiliar administrativo João Paulo Lisbôa critica a adoção de plataformas digitais e sugere que a demarcação seja realizada pelos barraqueiros. "Muita gente nem tem acesso à internet. Acho mais prático ser publicado no Diário Oficial o número de pessoas por barracas e quantas podem acessar por dia".
João Paulo comenta que a delimitação proposta dificilmente será respeitada pela população, principalmente no banho de mar, e que, para que seja cumprida, teria que haver aumento de fiscalização. Para ele, que é funcionário de churrascaria em Copacabana, a cobrança do agendamento de turistas vai ser negativo para um bairro que depende muito do turismo, sobretudo de estrangeiros.
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