No ano passado, o projeto distribuiu mil livros durante a festa de Natal, que teve ainda a presença de um papai noel preto e tatuadoColetivo Favela Vertical
Por Maria Clara Matturo*
Publicado 13/08/2020 00:00

Entre doações de cestas básicas, ações culturais, pré-vestibular social e campanha de conscientização no combate à covid-19, o coletivo Favela Vertical está escrevendo uma linda história de consciência social no Gardênia Azul. Faltando alguns dias para o projeto completar seu primeiro ano de existência, o fundador, Rafael Oliveira, compartilhou suas realizações, expectativas e sonhos para os próximos anos.

"O Favela nasceu quando eu estava me formando como produtor cultural, através de uma parceria entre o Museu de Arte do Rio e a ESPM. Entre três mil jovens do Rio que se inscreveram para o 'Rio de encontros', eu fui um dos 20 contemplados. A partir dali comecei a buscar mais conhecimento sobre o terceiro setor, conheci gente que está há mais de dez anos nessa luta, fui fazendo contato e as coisas foram acontecendo", explicou Rafael, de 23 anos, que tinha motivações de sobra para querer mudar a realidade da comunidade em que cresceu.

"Eu queria modificar o cenário que tinha dentro da minha favela. O Gardênia nunca teve esse tipo de cuidado socioeducativo, é um bairro que não tinha acesso a esse tipo de resgate cultural, e agora nós estamos fazendo isso aos poucos".

Durante a pandemia, com a falta de auxílio do governo, o coletivo tomou a frente do combate ao coronavírus no bairro. Ao todo, o projeto distribuiu kits com cestas básicas, itens de higiene, água e máscaras para 1.500 famílias. Recentemente, eles lançaram, nas redes sociais, um clipe mostrando a trajetória de uma maçã contaminada comprada na feira local que termina mostrando os impactos da falta de higienização e consciência.

"O vídeo surgiu com a proposta de uma produtora, para fazer um clipe pensando em conscientizar. Não queríamos repetir a narrativa do 'fica em casa', porque isso não aconteceu na nossa favela. Começamos a conversar e resolvemos usar da realidade da feira, e mostrar que a consequência do descuido com a doença causa a morte. Já tivemos mais de 50 mil visualizações nas redes sociais", contou Rafael.

Atualmente, o Coletivo Favela Vertical conta com mais de 70 voluntários. Para ajudar a manutenção do projeto, existem duas formas principais: a primeira é fazendo uma doação pontual pelo site www.app.picpay.com/favelavertical. A segunda, é sendo um colaborador mensal de assinatura, que pode ajudar com valores a partir de R$ 5 pelo site www.app.picpay.com/coletivofavelavertical.

Incentivando a produção cultural
ZONA OESTE - FAVELA VERTICAL Ação de grafite para conscientização do combate à Covid-19Coletivo Favela Vertical
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Aqueles que ainda estão por vir
O fundador do projeto, Rafael, entrega um kit com alimentos para moradora do Gardênia AzulColetivo Favela Vertical
Mudança de perspectiva
Projeto, que está prestes a completar um ano, conta com a participação de mais de 70 voluntários Coletivo Favela Vertical
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O projeto queridinho da galera
O pré-vestibular social do Favela Vertical é uma das iniciativas mais queridas pelos colaboradores do coletivo. O coordenador, André Ferreira, de 24 anos, contou como foi o processo de criação. "Pensamos no pré para ser presencial, que vai funcionar na nossa sede aqui no Gardênia, e não queremos nos limitar àqueles que moram aqui, mas nos bairros ao redor também. Atualmente estamos dando as aulas online, por conta da pandemia, e vamos terminar assim esse ano. Temos alunos até de outros municípios".
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Falando de sonhos, André acredita que já está vivendo isso. "Apesar das dificuldades, acredito que já estamos vivenciando nosso sonho. Na última semana tivemos uma semana das profissões, conversamos com os alunos sobre ingresso na faculdade, sistema de cotas, apresentamos as áreas por meio dos voluntários contando suas experiências e isso já foi uma grande vitória", anima-se o jovem.

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