Publicado 08/12/2020 16:19 | Atualizado 08/12/2020 16:35
Rio - Vereadores e deputadas do PSOL convivem com ameaças de morte em cartas, intimidação nas redes sociais e endereços expostos em grupos de extrema direita. Em ato para lembrar os mil dias do assassinato de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, parlamentares negras do partido cobraram celeridade na solução do caso e alertaram para as ameaças sofridas.
"Estar no PSOL com as lutas que desenvolvemos é um elemento de risco para todas nós", afirma a deputada estadual Renata Souza (PSOL), candidata à prefeitura nas últimas eleições. "Eu tive meu endereço exposto em redes bolsonaristas, em grupos de Whatsapp de extrema direita. Infelizmente, a Justiça do Rio não entendeu isso como ameaça. É simbólico também o nivel de construção: a Marielle, que não teve nenhuma ameaça formal, foi assassinada. Não podemos subestimar qualquer tipo de ameaça", completa a parlamentar, que também é cria da Maré e trabalhou no mandato de Marielle.
Talíria Petrone, deputada federal, mudou-se do Rio após seguidas ameaças. Ela precisou receber escolta da polícia durante seu período de licença maternidade. Na última segunda-feira, a deputada psolista relatou ter recebido um e-mail com conteúdo racista e ameaça de morte. A mensagem é semelhante a recebida pela vereadora eleita em Niterói, Benny Briolly.
"Se você não renunciar ao mandato, vou comprar uma pistola 9mm no Morro do Engenho aqui no Rio de Janeiro e uma passagem só de ida para Niterói, ou Brasília, e vou te matar. Eu já tenho todos os seus dados e vou aparecer aí na sua casa", diz o autor do e-mail. "Depois de meter uma bala na sua cara e matar qualquer um que estiver junto com você, vou meter uma bala na minha cabeça".
"Servidores da Polícia Federal têm se dedicado a apresentar alguma análise de risco a denúncias que chegaram. Nós juntamos essa última ameaça, que é de um cunho diferente da anterior, para que se investigue. O Brasil tem características de grupos neonazistas, integralistas, organizados. Na minha cidade, Niterói, mataram um nordestino e tem um inquérito investigando grupos neonazistas. É preciso denunciar", completou a deputada federal.
A deputada estadual Mônica Francisco também recebeu ameaças, e registrou queixa na Polícia Civil do Rio. "Todas as denúncias de incidentes de segurança foram reportados em boletim de ocorrência à 19ª DP (Tijuca)".
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