Ato na Cinelândia pela passagem dos mil dias da Morte de Marielle FrancoEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Yuri Eiras
Publicado 08/12/2020 16:19 | Atualizado 08/12/2020 16:35
Rio - Vereadores e deputadas do PSOL convivem com ameaças de morte em cartas, intimidação nas redes sociais e endereços expostos em grupos de extrema direita. Em ato para lembrar os mil dias do assassinato de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, parlamentares negras do partido cobraram celeridade na solução do caso e alertaram para as ameaças sofridas.
"Estar no PSOL com as lutas que desenvolvemos é um elemento de risco para todas nós", afirma a deputada estadual Renata Souza (PSOL), candidata à prefeitura nas últimas eleições. "Eu tive meu endereço exposto em redes bolsonaristas, em grupos de Whatsapp de extrema direita. Infelizmente, a Justiça do Rio não entendeu isso como ameaça. É simbólico também o nivel de construção: a Marielle, que não teve nenhuma ameaça formal, foi assassinada. Não podemos subestimar qualquer tipo de ameaça", completa a parlamentar, que também é cria da Maré e trabalhou no mandato de Marielle.
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Talíria Petrone, deputada federal, mudou-se do Rio após seguidas ameaças. Ela precisou receber escolta da polícia durante seu período de licença maternidade. Na última segunda-feira, a deputada psolista relatou ter recebido um e-mail com conteúdo racista e ameaça de morte. A mensagem é semelhante a recebida pela vereadora eleita em Niterói, Benny Briolly.
"Se você não renunciar ao mandato, vou comprar uma pistola 9mm no Morro do Engenho aqui no Rio de Janeiro e uma passagem só de ida para Niterói, ou Brasília, e vou te matar. Eu já tenho todos os seus dados e vou aparecer aí na sua casa", diz o autor do e-mail. "Depois de meter uma bala na sua cara e matar qualquer um que estiver junto com você, vou meter uma bala na minha cabeça".
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Talíria e outras parlamentares negras têm recebido o mesmo tipo de ameaça. "Foram quatro vereadores de diferentes partidos que receberam cartas muito semelhantes, com ameaças de mortes, de cunho racista ou transfóbico, além da prefeita eleita de Bauru (SP) (Suéllen Rosim/PATRIOTA). A gente já está em contato com as instituições policiais, exigindo investigação", disse Talíria.
"Servidores da Polícia Federal têm se dedicado a apresentar alguma análise de risco a denúncias que chegaram. Nós juntamos essa última ameaça, que é de um cunho diferente da anterior, para que se investigue. O Brasil tem características de grupos neonazistas, integralistas, organizados. Na minha cidade, Niterói, mataram um nordestino e tem um inquérito investigando grupos neonazistas. É preciso denunciar", completou a deputada federal.
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A deputada estadual Mônica Francisco também recebeu ameaças, e registrou queixa na Polícia Civil do Rio. "Todas as denúncias de incidentes de segurança foram reportados em boletim de ocorrência à 19ª DP (Tijuca)".
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