Secretário Carlos Alberto ChavesDaniel Castelo Branco
Por Bernardo Costa
Publicado 17/12/2020 18:07 | Atualizado 18/12/2020 20:01
Rio - O atual secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, relatou, durante depoimento na sessão de julgamento do processo de impeachment contra Wilson Witzel, que está sendo ameaçado de morte. "Nós estamos mexendo num vespeiro", disse se referindo aos contratos firmados com as OSs e o Estado do Rio na área da saúde. O Tribunal Especial Misto (TEM), que julga o impeachment do governador afastado do Rio, ouve nesta quinta-feira testemunhas de acusação e de defesa do processo.
Segundo o secretário, todos os contratos firmados com as OSs não tinham nenhuma fiscalização ou tinham fiscalização precária. "Parece que era tudo feito para não dar certo. Tudo que estou encontrando, estou levando aos órgãos de controle. Eram feitos para superfaturar. Quando assumi, ainda havia R$ 767 milhões de restos a pagar a OSs. Suspendi tudo".
Publicidade
Sobre o Hospital de Campanha do Maracanã, Chaves disse que, na sua segunda semana de gestão, encontrou na unidade sete depósitos de equipamentos que estavam parados, sendo deteriorados. E que todos foram catalogados e distribuídos para outros hospitais.
Já os respiradores comprados pelo governo e que não tiveram serventia, Chaves disse que todas as informações que está levantando estão sendo remetidos aos órgãos de controle para que os responsáveis sejam punidos.
Publicidade
Ainda de acordo com Chaves, toda a secretaria de Saúde estava "aparelhada" e todos os antigos gestores já não fazem mais parte da pasta. "Tenho orgulho de dizer. Agora, só temos pratas da casa, funcionários de carreira, servidores públicos como eu".
Chaves disse ainda que a pandemia desnudou o sistema precário da saúde pública do Rio e criticou a fila de regulação dos leitos, que classificou como "moeda de uso político". "Minha luta é ter um regulação única. Antes tarde do que nunca. Estou lutando para abrir leitos nos hospitais universitários e federais, mas não consigo. Dizem que não tem RH. Essa falta de RH que alegam é uma falácia. Eu passei três meses infiltrado no Ministério da Saúde no ano passado. É só pegar a folha de pagamento que veremos que há gente. Mas não batem ponto. Essa é que é a verdade", disse.
Publicidade
"Quando digo aparelhamento é sobre colocar determinadas pessoas para cumprir determinadas funções. O fundo estadual de saúde estava dentro da subsecretaria executiva", acrescentou. 
Questionado se o aparelhamento poderia significar organização criminosa, o secretário disse que sim. Também perguntado sem na sua opinião, esse aparelhamento poderia acontecer sem a ciência de Wilson Witzel, Chaves respondeu: "A tropa é reflexo de seu comandante. Isso foi algo que aprendi na Marinha". 
Publicidade
Edmar Santos se cala
Ex-secretário de Saúde Edmar Santos prestou depoimento após Mário Peixoto e se recusou a responder a maioria das respostas dos desembargadores e deputados estaduais que integram o Tribunal Especial Misto do Tribunal de Justiça do Rio.

Edmar Santos se garantiu em direito concedido pelo Superior Tribunal de Justiça, em que a corte afirma que o seu depoimento em delação premiada, no âmbito do processo relativo às investigações envolvendo as OSs Iabas e Unir Saúde está, sob sigilo de Justiça.

Qualquer pergunta envolvendo Iabas e Unir Saúde, e nomes como Mário Peixoto e Lucas Tristão, não foram respondidas por Edmar Santos.
Leia mais