Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras em pronunciamento após afastamento do STJCléber Mendes
Por O Dia
Publicado 18/12/2020 08:32 | Atualizado 18/12/2020 09:52
Rio - O depoimento do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) no processo de impeachment, previsto para a tarde desta sexta-feira, foi adiado. Witzel seria ouvido pelo presidente de Justiça do Rio (TJRJ), Cláudio Mello Tavares, e o Tribunal Especial Misto. A defesa já havia pedido o adiamento e o depoimento está previsto para o dia 28 de dezembro. Na nova data, também serão ouvidas seis testemunhas que não compareceram no primeiro dia de depoimentos.
Segundo o TJ, as testemunhas que não compareceram, não foram encontradas nos endereços fornecidos e os advogados terão cinco dias para informar os novos endereços ou indicar sua substituição. A pedido da defesa, Helena Witzel, mulher do governador afastado, foi dispensada de prestar depoimento. As dispensas foram aprovadas pelo colegiado.
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Nesta quinta-feira, Cláudio Mello Tavares e o Tribunal Especial Misto ouviram 16 testemunhas de acusação e defesa no processo de impeachment.


O Pastor Everaldo, ex-presidente nacional do PSC, partido de Witzel, preso desde agosto em operação que apurou desvios na Saúde do estado, foi ouvido por videoconferência do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Ele ficou em silêncio durante depoimento e em determinado momento argumentou que é réu no Superior Tribunal de Justiça em outro processo sobre o mesmo episódio, e não poderia prejudicar sua defesa. Também houve uma discussão com o presidente do TJ, Cláudio de Mello Tavares. Everaldo chegou a chorar ao lembrar que o filho está internado com covid.

"Tenho o maior respeito por esse tribunal, mas não estou em condições de prestar nenhum depoimento. Peço perdão, clemência, misericórdia. Sou réu perante o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) pelos mesmos fatos que são apurados nesse processo. Meu foco é me defender. Estou preso há 112 dias no meu ponto de vista indevidamente. Não tive oportunidade de ver meu filho, que está com covid. É uma situação muito difícil. Peço perdão aos senhores, mas não posso responder às perguntas", afirmou Everaldo.

O advogado do Pastor Everaldo chegou a pedir a palavra para avisar que seu cliente não iria responder às perguntas, mas foi advertido pelo presidente do Tribunal por não poder tutelá-lo durante o depoimento.

O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Witzel, Lucas Tristão, atualmente preso em Bangu, também foi ouvido. Ele afirmou em depoimento que é considerado inimigo do governador afastado, mas que, "por motivo de foro íntimo", preferia não revelar o motivo. Tristão também negou ter visto qualquer irregularidade no caso da Unir, organização social que fechou contratos com a secretaria de Saúde durante dois anos, entre 2018 e 2019, mas considerada desqualificada pelo estado logo depois.

"Eu nunca fui intermediário de quem quer se seja, garoto de recado. Nunca participei de qualquer negócio espúrio do governador", disse Tristão.

O ex-secretário revelou desgaste com o governador afastado durante a gestão da secretaria de Desenvolvimento. Segundo ele, havia disputas internas entre as secretarias.

"Não foram casos relacionados ao governo que gerou inimizade. Mas com os secretários. A imprensa me chamava de "braço direto", "homem de confiança", parecia que as pessoas ao redor do governador ficavam questionando: 'tão mandando mais que você'", afirmou.
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