Distribuição de alimentos na Zona NorteDivulgação
Por MARTHA IMENES
Publicado 15/03/2021 08:00 | Atualizado 16/03/2021 12:03
A pandemia de coronavírus e o fim do auxílio emergencial em dezembro, criado justamente para amparar as pessoas que perderam a renda nesse período, mostram uma triste realidade nas favelas brasileiras: oito em cada 10 famílias dependem de doações. A pesquisa "A favela e a fome", realizada pelo Instituto Locomotiva, em parceria com Data Favela e Cufa, entrevistou 2 mil moradores de 76 favelas brasileiras na segunda semana de fevereiro. A pesquisa mostra que cerca de 7 em cada 10 (68%) pessoas que vivem nestas favelas afirmam que a pandemia fez piorar a sua alimentação - isso representa um aumento de 25 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em agosto de 2020.
Entre eles, a média de refeições diárias é de menos de duas (1,9) e 68% afirmam que, nos últimos 15 dias, em ao menos um dia faltou dinheiro para comprar comida. Com o fim do auxílio emergencial, 67% precisarão cortar despesas básicas - como comida (53%), limpeza (45%) e atrasar contas (61%) -, enquanto somente 8% conseguirão manter o padrão de consumo. A pesquisa aponta também que 71% das famílias das favelas brasileiras estão sobrevivendo com menos da metade da sua renda e 93% não têm qualquer dinheiro guardado.
As doações ajudaram a lidar com o problema de forma mais imediata: 90% dos moradores de favelas receberam alguma doação durante a pandemia do coronavírus e 8 em cada 10 famílias entrevistadas afirmaram que não teriam condições de se alimentar, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar contas mais básicas caso não tivessem recebido a doação.
Mais de 16 milhões de pessoas moram em favelas no Brasil atualmente. Se essa população compusesse um estado, seria o quinto maior, atrás apenas de SP, MG, RJ e BA. Entre eles, 8 em cada 10 conhecem alguém contaminado pela covid-19 - se considerar apenas a Região Norte, esse número sobe para 96%. Vale destacar que 97% dos moradores de favela não têm plano de saúde, enquanto no Brasil como um todo 74% não o possuem. A maioria da favela (65%) afirma tentar seguir as medidas de prevenção do vírus. Entre quem não consegue seguir, a principal justificativa é a necessidade financeira (78%). 
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ONG atua em todo Brasil
Distribuição de alimentos na Zona NorteDivulgação
Em fevereiro a ONG Rio de Paz esteve nas favelas do Mandela e Jacarezinho, ambas na Zona Norte do Rio com um dos piores IDHs do estado, pra distribuir alimentos. No Mandela, 60 cestas básicas foram distribuídos aos moradores. No Jacarezinho foram distribuídas 1,5 tonelada de vegetais e frutas.
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O presidente da ONG Antonio Carlos Costa fez uma publicação na página da Rio de Paz no Facebook: "Agradecemos imensamente nossos colaboradores pela parceria, principalmente nesse período de pandemia quando nossa demanda aumentou muito".
No dia 5 de março, foi a vez da ocupação Elma, na Zona Portuária do Rio, que recebeu 100 cestas básicas. Os alimentos foram doados por Rio Decor, Tapioca da Terrinha e Broadmedia. No prédio abandonado, vivem cerca de 70 famílias, a maioria desempregada ou que vive do trabalho informal. As condições do local, cheio de crianças, são insalubres e desumanas. Os corredores são escuros, sem ventilação e luz do sol, os banheiros são improvisados e, consequentemente sem água, há infiltração nas paredes, mofo e fiação exposta.
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"A maioria está desempregada e mora ali por não ter como custear uma moradia digna. Mal conseguem se alimentar porque falta dinheiro até para comida, situação que piorou ainda mais com o fim do auxílio emergencial. Ainda estamos na pandemia e a possibilidade de conseguir trabalho é muito remota", explicou Antonio Carlos.
A ONG Rio de Paz agradece a quem puder fazer doações e disponibiliza o número da conta no Banco Itaú agência 1185, conta 44820-4, CNPJ 09.551.891/0001-49. O Pix é o número do CNPJ. Para quem for doar para a ocupação é preciso colocar no valor, depois da vírgula o número 20. Por exemplo, se for doar R$ 20,00 é só acrescentar os 20, ficando R$ 20,20.
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