Familiares do mototaxista Edvaldo Viana, morto na Cidade de Deus
Familiares do mototaxista Edvaldo Viana, morto na Cidade de DeusReginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por Anderson Justino
Rio - Familiares do mototaxista Edvaldo Viana, de 42 anos, morto na noite desta terça-feira (18), na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, pedem por justiça. Edvaldo e um homem que estava na garupa da moto foram baleados debaixo de um viaduto que dá acesso à comunidade. Moradores acusam a PM pelas duas mortes.
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"A polícia mata mais inocente do que prende bandidos. Queremos saber aonde isso vai parar, um inocente vai pra rua e está sendo morto nas mãos da polícia", questiona a esposa de Edvaldo, a auxiliar de professora Mirian dos Santos, 49 anos, que esteve no Instituto Médico Legal na manhã desta quarta-feira para a liberação do corpo do marido.
Segundo ela, o marido fazia a última corrida do dia e iria para casa. Testemunhas contaram que Edvaldo parou a moto durante a abordagem, mas mesmo assim acabou baleado. 
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"Mais um inocente morrendo, eu só quero justiça. Quem fez isso com meu marido, inocente, vai pagar", disse a mulher.
Edvaldo é natural de Maceió e veio para o Rio de janeiro para trabalhar. Na Cidade de Deus, conheceu Mirian. O casal não tem filhos, mas Edvaldo é pai de dois filhos que moram em Maceió. 
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Um dos enteados do mototaxista, Paulo Henrique dos Santos Duarte, de 29 anos, disse que soube da morte do padrasto por um homem que esteve na casa dele para contar sobre o ocorrido e foi hostilizado pelos PMs. 
"A gente chegou lá e os policiais disseram que 'os dois gansos já foram levados'. Uma pessoa me disse que meu padrasto parou a moto e os policiais atiraram de dentro do carro. Eles levaram para o Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, podendo levar eles para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra", questionou Paulo Henrique. 
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O corpo de Edvaldo está no IML do Rio. Já o corpo do homem que estava na garupa da moto permanece no Hospital Cardoso Fontes. 
INVESTIGAÇÃO
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A Delegacia de Homicídios da Capital vai investigar o caso. A Polícia Civil apreendeu o fuzil da equipe policial envolvida na ocorrência. Os PMs envolvidos na ocorrência prestaram depoimento entre a noite de terça e a madrugada desta quarta-feira. 
Em nota, a Polícia Miliar disse que abriu procedimento interno, por ordem do  Secretário Rogério Figueiredo de Lacerda, que determinou que a Corregedoria da Corporação apure a ocorrência. A PM não informou se os policiais serão afastados das ruas. 
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MANIFESTAÇÃO 
Após a confirmação das mortes do mototaxista Edvaldo Viana e do homem que estava na garupa da moto, moradores da Cidade de Deus fecharam a Rua Edgard Werneck e atearam fogo em madeiras e pneus. Durante a manifestação, muitos alegavam que os policiais tinham desfeito o local do crime. 
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Segundo a PM, durante a manifestação, homens armados efetuaram disparos de armas de fogo de dentro da comunidade. Não houve registro de feridos. 
MESMO LUGAR
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Em janeiro deste anos, Marcelo Guimarães, 38 anos, foi baleado e morto ao passar de moto na parte de baixo do viaduto na Rua Edgard Werneck e tentar acessar a Cidade de Deus.
Marcelo tinha acabado de deixar o filho na creche e voltava em casa para pegar o celular que havia esquecido. Moradores acusaram a PM de matarem Marcelo.