Geral -Secretario Municipal de Saude, Daniel Soranz, recebe a imprensa no Centro Municipal de Saude, Pindaro de Carvalho Rodrigues, na Gavea, zona sul do Rio.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Yuri Eiras
Publicado 17/03/2021 12:40 | Atualizado 18/03/2021 09:06
Rio - Escolhido depois de um cabo de guerra político em Brasília, o cardiologista Marcelo Queiroga deve tomar posse como novo ministro da Saúde na semana que vem, e a mudança na pasta é observada com atenção pelo Rio. Atualmente, há descompassos entre governo e prefeitura por conta da demora na entrega de novas doses e abertura de leitos federais. Enquanto isso, a cidade trabalha para evitar o colapso do sistema. A taxa de ocupação em leitos de UTI no Rio está em 94%. São 1.129 internados e outros 102 aguardando vaga na rede pública.
O principal interesse da prefeitura na mudança do ministério é saber se haverá, agora, a divulgação de um calendário de distribuição de doses para os municípios, a fim de evitar a suspensão da vacinação, como já ocorreu duas vezes na cidade. Sem novos lotes desde a semana passada, o Rio ficou seis dias vacinando apenas idosos com 76 anos e quem deveria receber a segunda dose. O cronograma volta ao normal na quinta-feira, para mulheres com 75 anos (confira a programação ao fim da matéria), graças a 96 mil doses que chegaram nesta quarta-feira do Instituto Butantan, e há outras da FioCruz. Garantia de vacinas, no entanto, só até idosos com 74 anos.
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Há outro ponto a ser afinado, este sobre a abertura de leitos na cidade. Os hospitais com maior estrutura são justamente os de administração federal, mas boa parte do sistema tem leitos impedidos. A situação mais grave é no Hospital Federal de Bonsucesso, atingido por um incêndio em outubro.
"A rede federal tem 800 leitos fechados por falta de recursos humanos. Eles têm a melhor estrutura física da rede, mas há um problema de recursos humanos muito intenso. O nosso pedido ao novo ministro da Saúde é que ele possa recompor a força de trabalho desses hospitais e abrir esses leitos disponíveis. São hospitais de excelente qualidade e que podem ajudar muito. Desses 800, eles já se comprometeram a abrir 80, dez já na próxima semana, para contribuir com a melhora na taxa de ocupação na cidade do Rio", comentou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
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Enquanto isso, o Rio tenta evitar o colapso total, já visto em outras capitais. Nesta semana, 50 leitos particulares foram realocados para a rede pública no Hospital São Francisco da Providência, na Tijuca. Outros 50 estão previstos até o fim da semana. Desde janeiro, foram 353 leitos abertos e pouco mais de 600 profissionais de saúde contratados. Mas ainda é pouco, perto do avanço do vírus: a secretaria de Saúde alerta que "pode ser que seja impossível" abrir novos leitos se a velocidade do vírus se mantiver em patamares altos.
"O Rio já abriu 353 novos leitos para Covid-19. São bastante leitos abertos, e a gente pede que a população colabore. Pode ser que seja impossível que a gente continue abrindo leitos se o vírus se mostrar tão veloz. Outros estados estão com disseminação rápida da doença. Se a gente não se cuidar, podemos chegar em um momento parecido", alertou Soranz.
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Os leitos abertos desde janeiro foram nos seguintes hospitais: Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari (150); Municipal Souza Aguiar (30); Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão (30); Municipal Salgado Filho, no Méier (10); Municipal da Piedade (10); CER Evandro Freire, na Ilha do Governador (58); UTIs no CER Leblon (15); São Francisco da Providência, na Tijuca (50).
O que diz o Ministério da Saúde
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Em nota, o Ministério da Saúde afimou que "é diretamente responsável pelos seis Hospitais Federais no Rio de Janeiro"; que "há na rede hospitalar federal no Rio de Janeiro, 91 leitos de enfermaria (13 destes abertos nesta semana) e 42 de CTI cedidos exclusivamente para pacientes graves com Covid-19. Esta quantidade é acima dos 70 leitos estabelecidos para a unidade de saúde de referência no atendimento a pacientes com Covid-19, o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), leitos estes que estão fechados por ocasião do incêndio em outubro de 2020 no prédio 1".

A pasta informou ainda que, "em relação ao impedimento de leitos por falta de profissionais, esclarecemos que houve um aumento no déficit de pessoal em todas as suas unidades federais em decorrência do afastamento de profissionais por Licença Médica, relacionados, ou não, à Covid-19, além de medidas preventivas determinadas para o enfrentamento da doença aplicadas aos profissionais que pertencem aos grupos de risco, problema que está sendo mitigado com o retorno paulatino ao trabalho".

Por fim, o MS disse que está em fase final "a apresentação dos 4.117 profissionais de saúde selecionados por meio do Edital nº 14/2020, no 6º certame, para as unidades federais – destes, mais de 3.400 profissionais já se apresentaram em suas unidades".
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