Projeto conta com a parceria de cerca de 30 coletivos de plantio urbanoDivulgação/Círculo Laranja
Por O Dia
Publicado 03/05/2021 06:00 | Atualizado 03/05/2021 18:51
Rio - Apesar da cidade do Rio ter um milhão de árvores espalhadas entre seus bairros, o município sofre com o déficit de 800 mil árvores. Enquanto a Zona Sul e o Centro são as regiões mais arborizadas, as Zonas Norte e Oeste são as mais afetadas pela falta delas.
Um levantamento divulgado pela Fundação Parques e Jardins (FPJ), da prefeitura do Rio, aponta que os bairros do Jardim Botânico, Urca, Laranjeiras, Copacabana, Ipanema e Leblon são os que mais têm árvores. Já Bangu, Pavuna, Realengo, Anchieta e Quintino são os menos arborizados.
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O estudo mostra que em dias de maior calor, a temperatura média do solo no Jardim Botânico pode variar entre 25 e 30 graus, enquanto em Bangu, varia entre 40 e 44. Atualmente, diz o levantamento, o custo aproximado de uma muda de árvore é de aproximadamente R$600.
Para mudar esse cenário, a FPJ vai priorizar o plantio de novas espécies nas regiões com menores índices de arborização, a partir do Plano Diretor de Arborização Urbana (Pdau), que ficou engavetado durante cinco anos, segundo a pasta.
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"Um dos principais objetivos do Pdau é reduzir essas chamadas ilhas de calor e ter mais árvores também tem outras vantagens, como mais impermeabilidade do solo, na hora das grandes chuvas, a cidade vai ter uma capacidade de absorver melhor essa quantidade de água que a gente costuma receber", explica o presidente da FPJ, Fabiano Carnevale.
O projeto consiste em um documento técnico que define as diretrizes necessárias para a implantação, monitoramento, avaliação, conservação e expansão da arborização urbana em logradouros públicos, praças e parques urbanos. O Plano foi elaborado por uma equipe multidisciplinar que atua na arborização e em demais áreas verdes do Rio.
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Para atualizar e identificar novos espaços para o plantio das espécies, a Fundação coordena uma série de ações dentro do Plano e depois realiza um cruzamento de informações. Dessa forma, a iniciativa consegue apontar as áreas prioritárias para os plantios, com a análise de dados sobre temperatura, qualidade do ar, índice populacional, histórico de plantio, entre outros.
A pasta oferece a orientação técnica para a definição das espécies que serão plantadas, no fornecimento das mudas, na abertura de golas concretadas, na execução do plantio e no fornecimento de hidrogel, material usado para melhorar a capacidade de absorção e retenção de água. Com essa técnica, mesmo em tempos quentes e secos, as árvores plantadas têm alto índice de sobrevivência.
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Mas, o Rio enfrenta dois problemas que dificultam a arborização. Um deles é falta de um viveiro de mudas, já que a cidade conta apenas com viveiro de reflorestamento. O presidente da Fundação disse que o município já se mobiliza para também mudar essa realidade, em uma parceria com a iniciativa privada. Outra dificuldade é a resistência da população no plantio das árvores.
"Como durante muitos anos não teve nenhum planejamento para o plantio das árvores, muitas espécies inadequadas foram plantadas. Então, tem árvores que quebram muros, invadem cisternas e isso fez com que alguns moradores acabem vendo a árvore como vilã, como se todas fossem fazer isso", lamenta Carnevale.
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O projeto conta com a parceria de cerca de 30 coletivos de plantio urbano atuando em diferentes bairros. Ao todo, mais de 500 pessoas trabalham na arborização da cidade. De acordo com a FPJ, entre janeiro e abril, foram realizadas dez grandes ações junto com os coletivos, com mais de 400 árvores plantadas.
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Entre os parceiros, está a Associação Círculo Laranja, que desde 2015 realiza ações de plantio no subúrbio, coleta e reciclagem de óleo usado, além de iniciativas educacionais e sociais. O coletivo, que leva Educação Ambiental às Escolas Municipais, Condomínios, Praças e Instituições, passou a fazer parte do projeto quando o Pdau chegou ao bairro do Méier, na Zona Norte.
"O Plano de Arborização chega num momento da maior crise sanitária e ambiental da nossa geração. Ele impacta positivamente a cidade, permitindo ao subúrbio e a Zona Oeste acessar direito fundamental, pois as árvores nos dão vida, bem-estar, beleza, alimentos, cura e permitem que o ecossistema atue de forma plena", declarou a presidente da Associação, Luiette Ornellas.
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Além de colaborar com o plantio no Méier, o Círculo Laranja mapeou 200 golas no bairro de Cascadura, também na Zona Norte, e agora prepara as regiões de Magalhães Bastos e Realengo, na Zona Oeste, para receber as mudas.
"A nossa expectativa é que esse processo afete toda uma geração que se encontra descrente e desanimada. Podemos unir as boas práticas, como essa da Fundação Parques e Jardins, e fazer acontecer! Podemos construir juntos uma cidade diferente, uma cidade da gente! Não haverá mudança sem educação, cultura e participação. As árvores nos dizem muita coisa, em especial, que ninguém vive sozinho”, completa Ornellas.
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Até o momento, Brás de Pina e Cascadura receberam 100 plantios cada, Méier 53, Penha 48, Manguinhos 40, Urca 32, Gávea 18, Praça Xavier de Brito, na Tijuca, 17, Largo do Machado e Parque Guinle, em Laranjeiras, 14 e 7, respectivamente, e Pilares 10. Após o plantio, o trabalho dos coletivos continua com a fiscalização e o monitoramento das mudas.
A FPJ explica que sem a ajuda dos voluntários, 70% das árvores plantadas não sobreviviam. Hoje, diz a pasta, o aproveitamento está em 100%. Os berços para o plantio das árvores são preenchidos com terra adubada para receber mudas de Sibipiruna , Pau Ferro, Pau Brasil, Jequitibá, Jatobá, Sapucaia, Ingá, Escumilha, Mangueira, Palmeira Triangular, Palmeira e Jerivá.
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“Nós estamos nos espalhando pelos bairros, acompanhando as ilhas de calor e criando grupos no WhatsApp para fazer um levantamento para ajudar nos cuidados. Já temos 40 grupos. É muito importante tirar esse plano do papel, essa temática está em alta. Outras cidades fora do país fazem o mesmo. É uma onda verde. A gente não pode ficar parado. Uma área arborizada são 20 anos a mais que a população vive, fora os outros benefícios”, contou o fundador e presidente da ONG Arboristas, Alessandro Magalhães.
A ONG surgiu em 2011 voltada para a Educação Ambiental, por meio de publicações em redes sociais e blogs. Em 2017, segundo Alessandro, a Arboristas fez seu primeiro plantio, na Penha. Desde então, já são mais de 200 mudas plantadas e cuidadas pelo grupo, não somente no bairro, mas em outros locais.
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A FPJ também defende que a iniciativa vai promover mais saúde para toda a população, uma vez que as árvores melhoram o ar, reduzem as ilhas de calor, ajudam a economizar energia e ainda embelezam o ambiente. Nas últimas semanas, as equipes passaram a fotografar os locais antes dos plantios e depois, com o uso de efeitos digitais, simulam o mesmo ambiente já com as árvores.
Com o uso de efeitos digitais, equipes simulam o ambiente já com as árvoresDivulgação/Fundação Parques e Jardins
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