Publicado 07/05/2021 18:32 | Atualizado 07/05/2021 19:38
Rio - Durante o discurso de despedida ao policial André Frias, na tarde desta sexta-feira (7), no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio, o secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, afirmou que os 27 mortos na operação do Jacarezinho eram traficantes. Segundo ele, a informação foi obtida através do setor de inteligência da corporação, que identificou que pelo menos 19 possuíam antecedentes criminais. "Não foi em vão, André, não foi em vão", disse o secretário em um trecho do seu discurso, que terminou sob aplausos.
"Para quem conhece um pouco de operação, o traficante atira para fugir, mas ontem eles atiraram para guardar posição, para matar. Eles tinham ordem para confrontar, eles não correram. Ele [o criminoso] amanhã pode invadir sua casa na Zona Sul, na Zona Norte, na Zona Oeste e a última barreira eram vocês ontem e vocês fizeram a missão de vocês. Não foi fácil, mas o fato que a gente está no caminho certo é esse pertencimento aqui, a quantidade de policiais hoje aqui", disse o secretário, se referindo aos mais de 300 colegas de farda que estiveram presente no enterro.
Cerca de 47 viaturas da Polícia Civil também realizaram um comboio, saindo da Cidade da Polícia até o cemitério onde André foi enterrado. Uma série de homenagens foram feitas para o inspetor, entre elas uma salva de tiros, disparados por oito policiais civis, e um helicóptero que jogou pétalas de rosas sob o local.
Identidade dos mortos ainda não foi divulgado pela Polícia Civil
A Polícia Civil ainda não divulgou a identidade dos 24 mortes durante a operação no Jacarezinho, na última quinta-feira (6), no entanto, uma equipe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) colheu a identificação de parte deles com os parentes.
Veja quem são as vítimas identificadas pela OAB:
1. Raul Barreto de Araújo, 19 anos
2. Romulo Oliveira Lucio, 20 anos
3. Mauricio Ferreira da Silva, 27 anos
4. Jhonatan Araújo da Silva, 18 anos
5. John Jefferson Mendes Rufino da Silva, 30 anos
6. Wagner Luís de Magalhaes Fagundes, 38 anos
7. Richard Gabriel da Silva Ferreira, 23 anos
8. Marcio da Silva, 43 anos
9. Francisco Fabio Dias Araújo Chaves, 25 anos
10. Toni da Conceição, 30 anos
11. Isaac Pinheiro de Oliveira, 22 anos
12. Cleiton da Silva de Freitas Lima, 27 anos
13. Marcio Manoel da Silva, 31 anos
14. Jorge Jonas do Carmo, 31 anos
1. Raul Barreto de Araújo, 19 anos
2. Romulo Oliveira Lucio, 20 anos
3. Mauricio Ferreira da Silva, 27 anos
4. Jhonatan Araújo da Silva, 18 anos
5. John Jefferson Mendes Rufino da Silva, 30 anos
6. Wagner Luís de Magalhaes Fagundes, 38 anos
7. Richard Gabriel da Silva Ferreira, 23 anos
8. Marcio da Silva, 43 anos
9. Francisco Fabio Dias Araújo Chaves, 25 anos
10. Toni da Conceição, 30 anos
11. Isaac Pinheiro de Oliveira, 22 anos
12. Cleiton da Silva de Freitas Lima, 27 anos
13. Marcio Manoel da Silva, 31 anos
14. Jorge Jonas do Carmo, 31 anos
15. Carlos Ivan Avelino Costa Junior, 32
Além deles, familiares de Nathan Almeida e Diogo Barbosa Gomes também aguardam a liberação no IML. Os corpos ainda não foram liberados por conta da capacidade do local. Há mais de 60 familiares de diferentes vítimas no Instituto, nesta sexta-feira.
Familiares dizem que policiais usaram facas contra suspeitos; polícia nega
Familiares dos mortos durante a operação no Jacarezinho na quinta-feira (6) dizem que alguns dos suspeitos foram vítimas de perfurações e cortes provocados por facas e que alguns já haviam anunciado a rendição, mas foram executados. Destes, três eram alvos da operação.
Thaynara Paes, 22, esposa de Rômulo Oliveira, um dos mortos na ação, disse que o marido foi morto a facadas. "Ele estava em casa comigo, desceu e foi surpreendido com os policiais entrando na favela. Ele saiu correndo, e no desespero entrou dentro de uma da casa. A moradora deixou ele ficar. Os policiais entraram, ele se rendeu e eles desceram juntos. Ele estava vivo e foi executado a facadas. Passaram no pescoço do meu marido. Eu entendo a dor deles porque perderam um policial, mas não justifica. Depois que ele morreu (o agente André Frias), eles voltaram com sangue nos olhos. Era pra levar preso, não tirar a vida de ninguém. Nenhuma mãe ou esposa merecia estar enterrando filho".
A família de Francisco Fábio Dias, conhecido como Fabinho, também acusa policiais de terem feito cortes no suspeito. "Ele foi rendido e levado para o caveirão com um tiro na mão. Vivo, em pé. Depois, recebemos vídeos e fotos do corpo dele com cortes. No (hospital) Souza Aguiar, vimos que o corpo dele tinha mesmo um corte na mão, um corte maior na região da cintura (virilha) e uma perfuração na barriga. Tenho certeza de que ele foi torturado", diz um parente de Fabinho.
O médico legista Julio Cury, procurado pelo DIA para comentar as declarações, diz que os cortes podem ter sido feitos durante socorro médico. "Não é costumeiro ver pessoas feridas com facas em operação. O que pode ter acontecido é que com um tiro no pescoço, por exemplo, o cirurgião pode ter aberto para tentar fazer a hemostasia na artéria para interromper o sangramento e isso deixa a incisão (corte)", pondera o especialista.
Questionada, a Polícia Civil disse que as informações não procedem. "A Polícia Civil do Rio de Janeiro informa que todos os mortos durante a ação tinham antecedentes criminais e eram envolvidos com atividades criminosas. O único executado foi o inspetor de Polícia André Leonardo de Mello Frias", diz o texto.
Operação
A Operação Expertis, que cumpria 21 mandados de prisão contra traficantes suspeitos de recrutarem menores de idade, é tratada como a mais sangrenta no Estado do Rio.
Leia mais
Comentários