A atual bula do imunizante não recomenda a aplicação em grávidas sem orientação médica individual. AFP
Por Jorge Costa*
Publicado 11/05/2021 09:38
Rio - A vacinação contra a covid-19 para grávidas foi suspensa no estado do Rio de Janeiro de maneira preventiva nesta terça-feira (11), após uma nota emitida pela Anvisa na noite da segunda (10) orientando a suspensão imediata da imunização de gestantes pela vacina Oxford/AstraZeneca. Na capital, puérperas também tiveram a campanha interrompida.
A nota emitida pela Anvisa também recomendou ao Programa Nacional de Imunização (PNI) que suspendesse a imunização com a vacina Oxford/AstraZeneca após a identificação feita pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de uma paciente que teve um possível quadro de efeito adverso após receber a dose do imunizante e faleceu. A vítima, uma gestante, teria desenvolvido uma trombose dias após ser vacinada. O Ministério da Saúde investiga o caso. 
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O Secretário de Estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, disse ao DIA que o Rio de Janeiro segue estritamente as recomendações do Ministério da Saúde e que aguarda uma posição da pasta para poder retomar a vacinação de gestantes. Além disso, a decisão também considerou a baixa quantidade de doses da CoronaVac e Pfizer.

"Recebemos esse comunicado da Anvisa que é específico para a vacina AstraZeneca, mas ele também recomenda de uma forma geral sobre seguir as instruções de uso dos fabricantes. Como nem a vacina da Pfizer nem a CoronaVac possuem explicitamente nas instruções de uso a indicação para o uso em gestantes, considerando também não termos doses da CoronaVac e grande parte das doses da Pfizer foram destinadas a capital, por estes motivos, estamos suspendendo temporariamente toda a vacinação do segmento no Estado do Rio de Janeiro e aguardamos um posicionamento do Ministério da Saúde, se o órgão vai indicar ou não a vacinação das gestantes com a Pfizer", afirmou.
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio informou que recomenda a suspensão da vacinação em gestantes até que o PNI divulgue novas recomendações para esse grupo. A pasta também disse que aguarda orientações sobre a segunda dose da vacina Oxford/AstraZeneca para o segmento, e que, à princípio, neste momento, suspendeu a segunda aplicação. Por fim, a nota mencionou que o PNI está avaliando a necessidade de suspensão da vacinação em puérperas e irá emitir um comunicado o mais breve possível.
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O município do Rio também suspendeu a vacinação de grávidas e puérperas na cidade e disse que segue a orientação da Anvisa. A capital informou que tomou a decisão em caráter preventivo e aguarda a finalização da investigação do possível caso de evento adverso. A prefeitura também aguarda uma posição do PNI.
O Ministério da Saúde informou que tomou conhecimento sobre o caso de evento adverso e está realizando investigações. A pasta reforçou que a ocorrência desse registro é extremamente rara e inferior ao risco apresentado pela covid-19.
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Grávidas ficam com poucas opções de vacinação contra a covid-19
Além do Rio de Janeiro, outros estados como São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins também suspenderam a vacinação de gestantes. Alguns governos autorizaram a imunização apenas nas capitais através das doses da Pfizer, são estes: Alagoas, Amazonas e Rondônia.
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Segundo a infectologista e presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro, Tania Vergara, o contexto que envolve a medida de suspensão da vacina para grávidas passa por uma decisão complexa. A especialista mencionou que tanto o Rio de Janeiro quanto o país possuem pouca oferta de doses da CoronaVac. A vacinação com o imunizante pode ainda ser afetada devido a falta de acesso ao Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), vindos da China.
A vacinação com as doses da Pfizer também são dificultadas em função das condições de temperatura necessárias para garantir a integridade do produto. A infectologista explicou que apenas as capitais ou grandes cidades do país possuem a capacidade exigida para ofertar o imunizante, portanto, municípios interioranos poderiam ser prejudicados. 
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Neste momento, a vacina da Oxford/AstraZeneca é a única com condições de distribuição em massa no país. Assim sendo, a infectologista relembrou que as gestantes possuem riscos maiores em caso de contrair a covid-19, pois existe uma redução geral da imunidade devido ao próprio processo desenvolvimento do feto, e ressaltou a necessidade de considerar, de maneira proporcional, o risco de possíveis efeitos adversos comparado à exposição ao coronavírus.
"O ideal seria termos o melhor imunizante que se adaptasse a cada situação, mas infelizmente não dispomos dessa possibilidade. A decisão que devemos tomar agora é se vamos vacinar com o que temos ou não. Nós deveríamos comunicar às gestantes todos os riscos e contextos, para que elas possam avaliar o risco de exposição à doença e os possíveis efeitos relacionados à vacina. A partir disso e com consciência dos fatos, elas participariam da decisão de se vacinar ou não", concluiu. 
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*Estagiário sob supervisão de Cadu Bruno
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