Por O Dia
Publicado 17/05/2021 21:07 | Atualizado 17/05/2021 22:33
Rio - A ONG Rio de Paz realiza nesta terça-feira (18) um ato para cobrar respostas ainda não dadas sobre a morte do menino João Pedro Mattos, de 14 anos, durante uma ação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Polícia Federal, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, que completa um ano amanhã. O adolescente brincava com primos dentro da casa dos tios, no Complexo do Salgueiro, quando foi baleado.
Em parceria com a Change.org, plataforma de petições online, uma faixa de dez metros com a frase “Um ano sem respostas para um crime praticado pelo Estado. João Pedro, 14 anos”, será estendida na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, a partir das 7h. O painel onde será colocada conta com os nomes de crianças e adolescentes vítimas de balas perdidas no estado do Rio, desde 2007, quando a ONG passou a contabilizar os casos.
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Desde então, já são 82 crianças e adolescentes vítimas de armas de fogo, a maioria por balas perdidas. O caso de João Pedro é o de número 71. Depois dele, outras 11 crianças já foram assassinadas a tiros, sendo quatro delas em 2021. 
Na tarde desta segunda-feira (17), o Rio de Paz esteve no local onde João Pedro foi morto e estendeu uma faixa com a frase "Aqui foi assassinado um inocente. João, Pedro, 14 anos". A casa ainda tem as marcas dos mais de 60 tiros. A família do menino que estava na residência por conta da pandemia, deixou a residência depois do crime e quase não vai mais ao local. 

"Há um ano visitamos a casa do João Pedro em ocasião do seu assassinato em uma trágica operação policial. As marcas de destruição que observamos na casa revelavam o terror que crianças viveram durante a operação. Retornar ao local um ano, ver as mesmas marcas e saber que a família que perdeu seu filho assassinado ainda não viu esse crime elucidado é extremamente revoltante. Além disso, nada mudou no cenário de segurança pública, outras 11 crianças morreram vítimas de armas de fogo no estado do Rio de Janeiro. É urgente a pressão da sociedade civil", declarou o coordenador de projetos da ONG Rio de Paz, Lucas Louback.

A morte de João Pedro chamou a atenção da atriz americana Viola Davis com o link de um abaixo assinado da Change que teve mais de três milhões de assinaturas pedindo justiça para o adolescente. A comoção pelo assassinato de João Pedro fez com que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibisse, três meses depois, a realização de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19, com exceção de situações consideradas gravíssimas e aprovadas pelo Supremo.

"Esse um ano sem qualquer avanço ou solução sobre a morte do menino João Pedro escancara o racismo e abismo social em que vivemos. A dor de uma mãe e a vida de jovem negro simplesmente não é considerada por esse Estado”, disse a diretora executiva da Change.org, Monica Souza.