Publicado 20/05/2021 17:21 | Atualizado 21/05/2021 16:05
Rio - Familiares de idosos denunciaram uma casa de repouso na Freguesia, Zona Oeste do Rio, após descobrirem que seus pais estavam sofrendo maus-tratos. Os idosos não estavam sendo alimentados adequadamente. Durante o café da manhã, recebiam biscoito de água e sal, ou farinha com água. A filha de um idoso conta que pagava R$ 4 mil por mês para que o pai recebesse atendimento na casa, mas o homem comia apenas arroz e feijão durante as refeições. Higiene e atendimento médico também eram negligenciados na unidade, segundo a denúncia.
Em ação conjunta com a Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade e com a Secretaria Municipal do Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (IVISA) vistoriou o Residencial da Terceira idade Braga Filho, considerando-o de risco sanitário elevado. A casa foi multada em R$ 3.937 e está vedada a receber novos pacientes até que as medidas necessárias para adequação às normas sanitárias sejam tomadas. fotogaleria
O metalúrgico aposentado Jorge ficou assustado quando lhe enviaram uma foto de sua mãe andando nua pela casa de repouso. Com 87 anos, a idosa tem demência e Alzheimer, que ficou agravada após mais de um ano em que sua mãe ficou no local. Ele conta que gastou mais de R$ 70 mil com a estadia.
"Minha mãe entrou de um jeito e saiu de outro. Coloquei na casa de repouso porque não tinha condições de ela ficar sozinha em casa. Eu ia quase todo dia ao local. Estranhava que sempre demoravam para abrir a porta. Com a pandemia, eu entrava, mas não subia para o quarto dela", conta o homem de 63 anos.
Foi uma idosa que também morava na casa de repouso que alertou o aposentado sobre a situação de sua mãe. A colega enviou fotos em que dona Deolinda estava com a barriga com sarna. "Ela estava andando pelada, com sarna. Em uma época faltou luz e deram banho gelado nos idosos. Ela passava fome", denuncia o filho. Jorge acrescenta que a mãe ficava com a roupa suja de urina e até com as unhas sujas de fezes. Ele aponta que havia poucos cuidadores, cerca de cinco, para darem conta de dezenas de idosos.
A expectativa de Jorge é que alguma providência seja tomada e que os idosos que permanecem no local não passem pelo que sua mãe passou. "Mudei minha mãe de casa assim que soube. Ela se recuperou. Se ficasse nessa casa, ela morreria. Quando visitei, achei que a casa seria boa. Era perto da minha casa e eu poderia estar todo dia perto dela. Mas, por trás mal-tratavam demais", relata.
A filha de um idoso que residiu na casa conta que também luta para que os outros idosos não permaneçam na situação de insalubridade.
No registro de ocorrência, os denunciantes relatam que a clínica oferece um tratamento desumano aos internos. Há irregularidades no preparo da alimentação, com substituição de cozinheiros por faxineiros, cuidadoras desprovidas de preparo técnico, ausência de atendimento médico presencial, aposentos sujos com sinais de infestação de ratos e baratas. Também foi informado que pessoas sem qualificação receitam e ministram medicamentos controlados, já que os receituários ficam com carimbo do médico.
Em nota, o escritório Biolchini Advogados, representante do Residencial da Terceira Idade Braga Filho, informou que as denúncias causaram preocupação e serão esclarecidas. "A instituição há mais de 10 anos presta serviço de residência a idosos, sempre submetida aos rígidos controles dos órgãos fiscalizadores, já tendo atendido milhares de famílias, sempre satisfeitas com a casa. As graves imputações relatadas causaram bastante preocupação e serão devidamente esclarecidas nos órgãos próprios que certamente avaliarão os fatos com imparcialidade e presteza", diz o texto.
A Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da 3ª Idade (DEAPTI) investiga o caso. Testemunhas estão sendo ouvidas e diligências estão sendo realizadas para esclarecer o fato.
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