O corpo do Mototaxista Edvaldo Viana, morto na Cidade de Deus, foi sepultado na tarde desta quinta-feira. Na foto, Miriam dos Santos, de 49 anos, esposa de EdvaldoLuciano Belford / Agência O DIA
Por Bernardo Costa
Publicado 20/05/2021 17:33
Rio - O sepultamento do mototaxista Edvaldo Viana, de 41 anos, morto a tiros num dos acessos à Cidade de Deus, na noite de terça-feira (18), foi marcado por protestos. No velório, na tarde desta quinta-feira, no Cemitério do Caju, parentes e amigos empunharam cartazes com dizeres como "Somos negros mas honestos. Vidas importam sim" e "Justiça para Edvaldo e Jonathan".
Jonathan Muniz Pereira, de 23 anos, estava na garupa da moto que Edvaldo pilotava no momento em que os dois foram baleados e mortos. Segundo testemunhas, os tiros foram disparados por policiais militares de dentro de uma viatura. O crime aconteceu na Rua Edgar Werneck.
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"Esses policiais têm que perder a farda e serem presos. Eles têm que pagar pelo que fizeram com meu filho", disse a mãe de Edvaldo, que se identificou apenas como Cícera, e veio de São Paulo para o sepultamento.
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Mulher de Edvaldo, Miriam dos Santos, de 49 anos, mostrava a cápsula de fuzil do projétil que teria atingido a vítima. Durante o velório e o enterro, ela chegou a ter três desmaios, e teve que ser amparada por parentes. Confira:
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Miriam contou que os dois iriam se casar em setembro. E fez questão de afirmar que Edvaldo era trabalhador e não tinha qualquer envolvimento com a criminalidade.
"Ele estava trabalhando entregando quentinha e também como mototáxi. Tinha trabalhado antes na viação Redentor. Comprou a moto com muito sacrifício para trabalhar. Eu quero justiça para meu marido. Ele era um homem honesto. Esse crime não pode ficar impune. Puxaram meu marido na rua como se fosse um porco", disse Miriam.
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A alegação dos policiais envolvidos na ação de que Edvaldo Viana portava uma arma, que havia sido levada por usuários de crack da região após ele ter sido atingido, causou revolta nos familiares.
"Isso é mentira. Meu padrasto nunca teve arma. As únicas armas dele eram essas aqui", disse Paulo Henrique dos Santos, de 29 anos, enquanto mostrava um kit de ferramentas.
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"Eram essas as armas dele, as ferramentas que comprou para poder mexer na moto, porque somos pobres e ele não tinha condições de pagar mecânicos", acrescentou Miriam.
Parentes de Jonathan também estiveram no velório de Edvaldo. Eles afirmam que Jonathan também não tinha envolvimento com o crime e trabalhava com reciclagem ao lado da mãe. Os familiares disseram que não têm condições financeiras de sepultá-lo.
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Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar, o secretário Rogério Figueiredo de Lacerda determinou que a Corregedoria da PM apure a ação dos militares que resultou na morte de Edvaldo e Jonathan. Segundo a PM, os agentes envolvidos prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que investiga o caso. Um fuzil da equipe foi recolhido para a perícia.
De acordo com a Secretaria de Estado de Polícia Civil, o fuzil foi encaminhado para confronto balístico e agentes da DHC seguem em diligências para apurar as circunstâncias das mortes. A instituição informou que Jonathan Muniz Pereira tem anotação criminal, mas não informou a tipificação do crime.
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A Polícia Civil disse, ainda, que os policiais militares prestaram depoimento e podem ser ouvidos novamente na delegacia antes da conclusão do inquérito caso haja necessidade.
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