Assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é apontado como administrador de contas falsas nas redes sociais Edilson Rodrigues/Agência Senado
Por O Dia
Publicado 08/06/2021 17:22 | Atualizado 09/06/2021 12:27
Rio - Um relatório da Polícia Federal identificou que seis perfis removidos do Facebook e do Instagram por incitar atos antidemocráticos eram operados por Fernando Nascimento Pessoa, assessor do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). A informação foi divulgada pelo site UOL nesta terça-feira (8). De acordo com a reportagem, no relatório produzido pela Atlantic Council, empresa especializada em análises independentes sobre comportamentos inautênticos coordenados por meio das redes sociais, existem três grupos que operam este perfis de Brasília, Rio de Janeiro e São Bernardo do Campo, em São Paulo.
No documento, outros assessores são apontados como administradores desses perfis, como o assessor especial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Tércio Arnaud Thomaz. Baseado na investigação, a Polícia Federal apurou, junto ao Facebook, que o esquema era conduzido por "vários grupos com atividade conectada que utilizavam uma combinação de contas duplicadas e contas falsas para evitar a aplicação das políticas (de uso), criar pessoas fictícias fingindo serem repórteres, publicar conteúdos e gerenciar páginas fingindo ser veículos de notícias".
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Os conteúdos compartilhados, segundo a Atlantic Council, podem ter "interferido no resultado das eleições realizadas em 2018 no Brasil". As contas: "SnapNaro", "DiDireita", "Trump We Trust", "Tudo é Bolsonaro", "Porque o Bolsonaro?" e "Snapressoras" estão vinculadas ao assessor de Flávio Bolsonaro, segundo a UOL em apuração com a Polícia Federal. 
Perfil derrubado pelo Facebook foi acessado da casa de Bolsonaro e no Planalto
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O Estadão divulgou, na última segunda-feira (7), que a Polícia Federal (PF) identificou que, entre a rede de contas falsas derrubadas pelo Facebook em junho do ano passado, está um perfil operado de endereços ligados ao presidente Jair Bolsonaro: no Palácio do Planalto, sede oficial do governo, e na casa da família na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
A conclusão consta em relatórios produzidos durante as investigações do chamado inquérito dos atos antidemocráticos - aberto em abril do ano passado para investigar a organização de manifestações defendendo a volta da ditadura militar, intervenção das Forças Armadas e atacando instituições democráticas que marcaram as comemorações pelo Dia do Exército em diferentes cidades do País.
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Processo de investigação da PF sobre contas inautênticas
O trabalho foi feito em etapas. Primeiro, a PF analisou o relatório e identificou 80 contas consideradas inautênticas responsáveis pela difusão de informações antidemocráticas. Na sequência, operadoras de internet foram intimadas a compartilhar os números de IP (espécie de "RG" atribuído a cada computador ou celular conectado à internet) dos terminais usados para operar esses perfis e os dados usados nos cadastros desses IPs, incluindo localização de acesso.
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A conclusão foi a de que ao menos 1.045 acessos partiram de órgãos públicos, incluindo a Presidência da República, a Câmara dos Deputados, o Senado e o Comando da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea do Exército. É justamente nesta lista que constam acessos a partir da rede de Wi-Fi do Palácio do Planalto e da casa dos Bolsonaro no Rio de Janeiro.
A Polícia Federal identificou que, nos endereços ligados a Bolsonaro, foram acessadas a conta de Instagram Bolsonaro News e o perfil pessoal no Facebook de Tércio Arnaud Thomaz, assessor do presidente apontado como integrante do chamado "gabinete do ódio", revelado pelo Estadão. Na casa de Bolsonaro, os acessos foram feitos em novembro de 2018. Já na rede da Presidência, foram mais de 100 acessos só ao perfil Bolsonaro News entre novembro de 2018 e maio de 2019.
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O DIA procurou o assessor Fernando Nascimento Pessoa para se pronunciar sobre o caso, mas não houve retorno. O espaço está aberto para manifestação. 
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