Kathlen RomeuReprodução/Instagram
Por O Dia
Publicado 10/06/2021 13:26
Rio - Um dos policiais militares envolvidos na ação policial que resultou na morte da jovem grávida Kathlen Romeu, de 24 anos, e de seu bebê, no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio, disse em depoimento à Delegacia de Homicídios da Capital que efetuou cinco disparos de fuzil na ocasião. O cabo Marcos Felipe da Silva Salviano acrescentou que outro PM atirou duas vezes contra suspeitos. A informação foi obtida pelo "RJTV2" da TV Globo.
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Em seu depoimento, o cabo Marcos Felipe da Silva Salviano disse que se deparou com cerca de "quatro elementos em uma 'boca de fumo". Segundo ele, os bandidos fugiram atirando. Neste momento, o PM fez cinco disparos contra os homens, segundo sua versão. O cabo afirma que não viu Kathlen na comunidade e que seu companheiro de guarnição, o cabo Frias, efetuou dois disparos de fuzil contra criminosos.
A Polícia Civil afirmou que PMs recolheram munição e estojos de cápsulas, o que prejudicou o trabalho da perícia no local. Não havia vestígios de balas na favela. O material foi entregue pelos militares posteriormente na unidade policial.
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O companheiro de Kathlen, Marcelo Ramos, fez um desabafo em suas redes sociais responsabilizando o Estado pela morte da namorada. "O culpado tem nome. É esse Estado. Essa polícia despreparada. Agora é a Kate e amanhã é outra família que tá perdendo alguém próximo. Mas a gente tem que falar, dar nossa voz", emocionou-se. Em outra publicação ele escreveu: "Kath, meu amor, de onde estiver me ajuda a aguentar essa dor. Quando fico sozinho só consigo pensar em você, no seu sorriso, no seu abraço, no seu dengo. Tudo que eu quero no mundo é você de volta. Me ajuda, senhor."
Apreensão de armas
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A Delegacia de Homicídios da Capital apreendeu 21 armas de policiais militares que estavam na Comunidade do Lins, na Zona Norte do Rio. A polícia já sabe também que ela foi atingida uma única vez, com um tiro de fuzil no peito, transfixante: ou seja, o projétil não ficou alojado no corpo, o que dificulta o confronto balístico.Entre as armas apreendidas, estão: 10 fuzis 7.62 mm; cinco fuzis 5.56 mm; e nove pistolas .40. No total, foram ouvidos cinco policiais militares por agentes da especializada.
Moradores denunciam 'cavalo de troia' e ataque de PMs a bandidos, sem revide
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 Moradores da comunidade Barro Vermelho, no Complexo do Lins, reafirmam que o tiro de fuzil que matou Kathlen Romeu partiu da Polícia Militar. Eles usam o termo "cavalo de troia" para explicar a ação dos militares. "Eles fizeram 'troia' para atacar os bandidos, mas acabaram matando uma inocente grávida (Kathlen estava no quarto mês de gestação). Eles estavam escondidos dentro de uma casa desde a manhã, por várias horas, esperando os bandidos aparecerem. Quando eles surgiram, os PMs atiraram de dentro dessa casa. Mas quem morreu foi a menina inocente. Foram dois tiros apenas. Não houve tiroteio", disse uma moradora da comunidade, que diz ter presenciado o momento.
O porta-voz da PM, major Ivan Blaz, afirmou que policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins foram atacados por traficantes. Ainda segundo o major, os militares disseram que não foram os responsáveis pelos disparos que mataram a jovem.
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A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar diz que não havia operação no momento do incidente. "Policiais Militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Lins foram atacados a tiros por criminosos armados de maneira inesperada e inconsequente", diz em nota. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) instaurou um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias do fato.
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