Publicado 11/07/2021 15:34
Rio - "Se não fosse por ele, eu não estaria aqui. Ele morreu fazendo o que amava", lamentou Miguel durante o enterro do irmão de Allan da Silva Vigna, que morreu durante o Curso de Operações Especiais (Coesp), do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Neste domingo (11), familiares e parentes deram o último adeus ao soldado na cerimônia que aconteceu no cemitério Jardim da Saudade, em Sulucap, na Zona Oeste do Rio. A despedida começou no início da tarde e no momento final do sepultamento, o pai deixou uma mensagem ao filho com a voz embargada: "Você vai ser sempre o meu herói".
Marcado para às 12h, o velório contou com a presença de cerca de 100 pessoas, entre parentes, amigos e colegas de farda do policial. Abalados, os pais de Allan e a esposa precisaram de atendimento médico durante o velório. Nenhum parente quis se pronunciar sobre a causa da morte do soldado do Bope.
O Major Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar, disse ao O DIA que a informação sobre a temperatura no lago de Ribeirão das Lajes não procede. "Estamos falando do maior volume de água da América Latina. Para chegar em temperaturas tão congelantes, é algo impensável, não há menor possibilidade de eu colocar um aluno ali, até porque a superfície estaria solidificada", disse.
Ele ainda afirmou que a base de instrução de Ribeirão das Lages é extremamente avançada, possui um hospital de campanha que atende aos policiais e o turno era acompanhado por um médico e vários paramédicos. "No momento em que ele apresentou os sinais ali da travessia, o paramédico atirou a boia nele imediatamente e ele foi retirado", explicou Ivan Blaz.
O DIA também apurou com uma fonte policial, que preferiu não se identificar, que a informação a respeito do lago onde ocorreu o treinamento, de que ele estaria com a temperatura de -15°, não procede. O agente explicou que as atividades aquáticas não foram feitas neste lago, que fica localizado em Itatiaia. Existe um treinamento do Bope na região, mas o policial esclareceu que se trata de uma ação diferente.
Segundo a nota divulgada pela Polícia Militar, ele teve um mal súbito durante um treinamento de travessia aquática em Ribeirão das Lajes, em Piraí, local diferente de Itatiaia. O curso que o militar prestava é considerado o mais intenso da polícia, tendo 20 semanas de duração e que dá ao militar o título maior do batalhão, que é fazer parte dos "Caveiras".
Antes de entrar para a Polícia Militar, Allan serviu no exército onde integrou a Brigada de Infantaria Paraquedistas. Um grupo de militares que prestou curso com Allan nas Forças Armadas esteve no local. Parte dos militares estava com camisas em homenagem ao soldado.
Francisca Pereira, de 65 anos, vizinha da dos pais do policial, contou que Allan era um jovem querido por todos. "Do bem e querido por todos", comentou a idosa.
Foi feito uma salva de tiros e o helicóptero da PM jogou pétalas de rosas homenageando Allan durante o cortejo. A banda da polícia também tocou música durante a cerimônia. Em seguida, o caixão foi coberto pela bandeira do Brasil e do Bope.
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