Torcedores argentinos e brasileiros ficaram próximos, descumprindo as regras determinadas pela Conmebol e pela Prefeitura do RioAFP
Publicado 12/07/2021 08:06
Rio - A Prefeitura do Rio informou que irá multar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por descumprir protocolos sanitários durante a final da Copa América, no último sábado (10), no Maracanã. A infração foi considerada "gravíssima", e a multa será de R$ 54 mil. O estádio recebeu 10% da capacidade em cada setor.
A determinação pela multa é do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa-Rio). Segundo o instituto, a CBF, organizadora do evento, descumpriu as regras sanitárias determinadas pela Conmebol e pela prefeitura. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que esteve no local e constatou os seguintes pontos:
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- "Aglomeração nos acessos ao estádio gerado pela desorganização no credenciamento de convidados, pois não houve escalonamento de horário de chegada à partida, além da insuficiência da estrutura de acolhimento montada pelo organizador".
- "Houve o respeito à limitação de 10% da capacidade instalada de cada setor do estádio para a ocupação de público".
- "Apesar dos esforços do organizador foi constatado que parte significativa do público insistia em permanecer sem máscara facial e desrespeitando o distanciamento mínimo estabelecido de 2 m entre grupos e famílias".
- "Não foi realizado testagem dos convidados no local da partida, por meio da pesquisa de antígeno por swab, conforme pactuado pelo organizador no Protocolo Sanitário submetido à aprovação da SMS".
- "Tendo em vista a denúncia de que convidados teriam apresentado testes RTC PCR supostamente falsos, a SMS fará o rastreamento por amostragem e que, caso se comprove tal prática, tomará as medidas pertinentes".
No Diário Oficial, a Secretaria Municipal de Saúde obrigava "a acomodação do público sentado, assegurando o espaçamento mínimo de metros entre cada indivíduo ou família"; e "o controle de acesso de público inclusive nos locais de testagem e demais ambientes do estádio". Antes do jogo, torcedores brasileiros e argentinos se aglomeraram nos portões de entrada do Maracanã, muitos sem máscara. O público presente era de convidados - não houve venda de ingresso -, e ainda assim houve confusão com os seguranças do estádio.
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Também houve denúncia de falsificação de exames de RT-PCR, obrigatórios para a entrada no estádio. Houve registro de que pessoas vendiam resultados negativos falsos por até R$ 150.
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'Inadmissível e inacreditável', diz médica sobre presença de público
A liberação de 10% da capacidade total em cada setor do Maracanã foi alvo de críticas de especialistas. A médica geriatra e psiquiatra Roberta França avalia como uma "irresponsabilidade de todas as esferas" a presença do público no último sábado. Para a médica, o ato de torcer em um estádio de futebol gera atitudes que vão contra os protocolos sanitários.
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"Ter liberado a Copa América já foi algo bastante controverso, visto ainda os números trágicos no Brasil inteiro e no Rio de Janeiro. O maior movimento de pandemia do mundo ainda é o Brasil. Agora, liberar público é inadmissível e inacreditável. Uma irresponsabilidade de todas as esferas. Somos um povo que não consegue usar máscara cobrindo nariz e boca em situações mais simples, como no supermercado e no metrô, imagina no estádio de futebol, onde as pessoas querem vibrar, querem confraternizar, há uma comoção maior. A gente sabia e era óbvio que não seriam respeitadas as normas de segurança, distanciamento social", opina Roberta.
"As pessoas no Brasil ainda lidam com a Covid-19 como se não tivesse existido, ou já tivesse passado. Não há número de mortes, ou de infectados, que faça a população compreender a gravidade da situação. É uma tristeza. Quem teve um parente, um amigo, uma pessoa querida sabe o que aquelas imagens vistas ontem na televisão significam", conclui a médica.
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* Estagiário, sob supervisão de Cadu Bruno
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