Publicado 21/07/2021 20:58
Rio - Os cartórios de Belford Roxo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, registraram o primeiro semestre com mais óbitos da história em 2021. Desde o início da série histórica dos dados estatísticos dos Cartórios de Registro Civil das três cidades, em 2003, nunca se morreu tanto em um primeiro semestre como neste ano. Os dados revelam o impacto da pandemia de covid-19 no estado do Rio, que já tem 1.005.098 casos confirmados e 57.856 mortes pela doença, segundo o boletim da Secretaria de Estado de Saúde divulgado nesta quarta-feira (21).
As informações constam no Portal da Transparência do Registro Civil, que é a base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do país, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
Em Belford Roxo, os cartórios registraram 1.893 óbitos até o final do mês de junho. O número, que já é o maior da história em um primeiro semestre, é 109% maior que a média histórica de óbitos da cidade, e 16,4% maior que os ocorridos no ano passado, com a pandemia já instalada há quatro meses no estado. Já com relação a 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o aumento no número de mortes foi de 56%.
Com relação aos nascimentos, a cidade registrou queda no número de nascidos vivos em um primeiro semestre desde o início da série histórica. Até o final do mês de junho foram 2.177 nascimentos, número 22,8% menor que a média de nascidos na cidade desde 2003, e 7,4% menor que no ano passado.
Com relação a 2019, o número de nascimentos aumentou 16,6%. A diferença entre nascimentos e óbitos, que sempre esteve na média de 1.911 nascimentos a mais, caiu para apenas 284 em 2021, o que representa uma redução de 85,1% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, a queda foi de 60,8%, e em relação a 2019 foi de 56,5%.
Embora não seja a regra, a série histórica do Registro Civil demonstra que o aumento no número de casamentos está diretamente ligado ao aumento da taxa de natalidade em Belford Roxo, o que deve fazer com que os nascimentos ainda demorem um pouco a serem retomados, já que no primeiro semestre de 2021 a cidade registrou o sexto menor número de casamentos desde o início da série histórica.
Apenas 25,3% menor que a média histórica de casamentos no primeiro semestre da cidade, o número de matrimônios em 2021 mostra considerável recuperação em relação às celebrações do ano passado, que foram impactadas pela chegada da pandemia, adiando cerimônias civis por conta dos protocolos de higiene necessários à contenção da covid-19. Até junho deste ano os cartórios de Belford Roxo celebraram 1.223 casamentos civis, número 35,3% maior que os 904 matrimônios realizados no ano passado.
Já os cartórios de Duque de Caxias contabilizaram 5.044 óbitos até o final de junho. O número, que também é o maior da história em um primeiro semestre, é 58% maior que a média histórica de óbitos do município e 7,6% maior que os ocorridos no ano passado. Em um comparativo com 2019, o aumento no número de mortes foi de 34%.
Caxias também registrou 5.809 nascimentos, número 2% maior que a média de nascidos na cidade desde 2003, e 10,2% maior que no ano passado. Com relação à 2019, o número de nascimentos caiu 4%. A diferença entre nascimentos e óbitos, que sempre esteve na média de 2.498 nascimentos a mais, ficou positiva em 765 óbitos, com Caxias tendo mais nascimentos que mortes no semestre, e um aumento de 70% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, o aumento foi de 32%, e na comparação com 2019 foi de 65,6%.
A série histórica do Registro Civil também apontou que o crescimento no número de casamentos está ligado ao aumento da taxa de natalidade e os nascimentos ainda podem demorar a serem retomados. Assim como Belford Roxo, Caxias registrou no primeiro semestre de 2021 o sexto menor número de casamentos desde o início da série histórica.
A celebração de matrimônios em 2021, que foi 17% menor que a média histórica de casamentos no primeiro semestre da cidade, apresenta recuperação em relação às do ano passado, com 1.612 casamentos civis realizados até junho. O número é 7% maior que os 1.506 matrimônios de 2020, segundo menor número registrado pela série histórica, mas ainda 37% menor que os 2.572 casamentos celebrados em 2019.
Por fim, os cartórios de Nova Iguaçu registraram 5.044 óbitos até o final do mês de junho. O número, que também já é o maior da história em um primeiro semestre, é 57,7% maior que a média histórica de óbitos da cidade e 7,6% maior que os ocorridos no ano passado. Com relação a 2019, o aumento no número de mortes foi de 34%.
Com relação aos nascimentos, a cidade registrou alta de 2% em relação à média histórica desde 2003. Até o final do mês de junho foram registrados 5.809 nascimentos, número 10,2% maior que o registrado no ano passado. Já em comparação com 2019, o número de caiu 3,8% na cidade da Baixada Fluminense.
O resultado da equação entre o maior número de óbitos da história da cidade em um primeiro semestre e um aumento nos nascimentos mostra que a diferença entre eles, que sempre esteve na média de 2.984 nascimentos a mais, caiu para apenas 765 nascimentos, uma diminuição de 70% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, houve aumento de 32% e a 2019, queda de 66,5%.
Assim como em Belford Roxo e Caxias, os nascimentos ainda podem demorar a serem retomados, já que no primeiro semestre de 2021 a cidade também registrou o sexto menor número de casamentos desde o início da série histórica. Apenas 15% menor que a média histórica de casamentos no primeiro semestre da cidade, até junho deste ano os cartórios do município celebraram 2.094 casamentos civis, número 14,4% maior que os 1.830 matrimônios de 2020, mas ainda 2,5% menor que os 2.146 casamentos de 2019.
"O Portal da Transparência vem sendo usado por toda a sociedade para ter um retrato fiel do que tem acontecido no País neste momento de pandemia. Os números mostram claramente os impactos da doença em nossa sociedade e possibilitam que os gestores públicos possam planejar as diversas políticas sociais com base nos dados compilados pelos cartórios", explicou o presidente da Arpen-RJ, Humberto Monteiro da Costa.
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