Capital do estado tem 88% de ocupação de leitosFoto: reprodução internet
Publicado 09/08/2021 16:07
Rio - Os casos confirmados de contaminação pela covid-19 no município do Rio de Janeiro tiveram aumentos consecutivos nos últimos 31 dias, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). No dia 8 de julho, a cidade registrou uma média móvel de 634 casos, enquanto nas últimas 24h o mesmo índice subiu para 1.593 pacientes infectados; ou 151% acima. O número de mortes se manteve estável, pulando de 44 a 46 óbitos em média no período. No entanto, as vagas para atendimento médico por covid na capital fluminense seguem abaixo da capacidade total. Até a manhã desta segunda-feira (9), o registro no Censo Hospitalar indicava a oferta de 54 leitos livres. Desta quantidade, 53 reservados e apenas um leito totalmente disponível nesta segunda.

Os números da pandemia preocupam e a cidade tem 88% dos leitos operacionais ocupados. Se considerada a quantidade total de leitos a ser disponibilizados, a taxa de atendimento no Rio seria de 63%. O censo mostra que o Rio tem 525 vagas indisponíveis; 178 nas UTIs e 327 em enfermarias.

Conforme os dados, 1060 pacientes que estão em atendimento nesta segunda, 682 internados em leitos de UTI e outros 353 em enfermarias. Ainda segundo o Censo Hospitalar, 18 crianças estão em unidades pediátricas com síndromes gripais e outras 12 estão em leitos de UTI.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS) afirmou que monitora constantemente a situação epidemiológica na cidade e afirmou que, com o avanço na vacinação, o total de pacientes que evoluíram com gravidade continua reduzindo em relação ao total de casos. Por fim, a pasta informou ter aberto 60 novos leitos de CTI covid-19 em função da mudança da avaliação de risco feita na última sexta-feira (6), quando todas as regiões administrativas foram avaliadas com "risco alto".  
Maior parte dos leitos inativos são de hospitais federais
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O presidente do Sindicato de Médicos do Rio, Alexandre Telles, afirmou que a maior parte dos leitos indisponíveis na capital fluminense são dos hospitais federais. O principal fator que impede a reabertura dessas vagas é a baixa contratação dos profissionais nestas unidades.
“A rede federal tem um número enorme de leitos que podem ser mobilizados, mas faltam recursos humanos. A rede estadual tem leitos desativados e o município também. O principal obstáculo para ativar esses leitos nas três esferas, que são leitos que já existem e têm estrutura, é a falta de recursos humanos. Tem que ter mais contratações, não só para habilitar leitos, mas para a campanha de vacinação conseguir andar de uma maneira mais rápida. Os profissionais estão sendo muito sacrificados e estão exaustos com a campanha de vacinação. Outra questão é a sobrecarga, que diminui a qualidade do serviço, por isso a gente defende que tenha esse aumento no número de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem”, afirmou.
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Ele também reconheceu que houve aumento no número de atendimentos e citou que eles foram sentidos principalmente nas clínicas da família e nas UPAs. Perguntado, Alexandre reconheceu que a transmissão pela variante Delta pode ter influenciado na mudança do quadro de atendimentos.
“Esse aumento tem sido percebido pelos colegas que fazem a atenção primária nas clínicas da família. Eles estavam atendendo em média 10 pacientes por dia há um mês atrás com sintomas respiratórios, agora os mesmos colegas falam que já estão atendendo 30 pacientes com os mesmos sintomas”, afirmou.
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Rede particular também identificou aumento

O médico e diretor da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (AHERJ), Graccho Alvim, afirmou que ainda não há um congestionamento de atendimentos na rede particular, mas que houve aumento no registro de atendimentos pela covid-19. Ele explicou que as unidades estavam diminuindo o número de leitos e que foi percebido uma mudança considerável no padrão de procura na última semana.

“Nessa [última] semana tivemos um aumento na rede de urgência e emergência, só que esse crescimento está ainda em uma situação confortável para a rede particular. A gente acha até que isso pode chegar a uma situação extrema, mas não se tem a capacidade de prever. O que vemos é um número maior de infectados agora. É muito rápida a transmissão da variante Delta”, afirmou.

Entre o perfil dos pacientes internados, segundo Graccho, a maior parte é de idosos que não quiseram se vacinar ou de mais jovens ainda não vacinados. Em seguida, pessoas que se imunizaram apenas com uma dose e por último idosos com comorbidade que completaram o esquema vacinal há mais de seis meses. Por fim, o médico explicou que a ocupação na rede particular ainda segue controlada.

“A gente chegou em alguns lugares como Niterói com a ocupação de 32% de leitos de CTI covid-19, então temos uma capacidade grande ainda. Quando falamos de municípios como Niterói e São Gonçalo, são municípios que estão muito bem na questão da ocupação. Acho que por enquanto a Rede Privada não está congestionada, notamos um aumento na internação mas nada que seja preocupante”, disse.

Inverno e circulação da variante Delta podem influenciar

O Rio de Janeiro registrou, até o momento, 67 casos confirmados da variante Delta da covid-19. Outros materiais genéticos estão em processo de confirmação nos laboratórios. A tendência é que o número de infecções pela cepa B1.617-2 seja muito maior, dado que a identificação pelo sequenciamento genético é um procedimento complexo e exige tempo para a verificação.

Na última sexta-feira (6), o secretário municipal da Saúde, Daniel Soranz, reconheceu a possível influência da variante Delta durante o 31° Boletim Epidemiológico. "A gente já esperava porque o inverno é um período de gripe, e a variante Delta está influenciando".
*Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes
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