Publicado 10/08/2021 16:13
Rio - A mãe de duas meninas de 2 e 9 anos de idade, de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, que foram vítimas de injúria racial em comentários nas redes sociais, decidiu ingressar com um processo na esfera cível contra a pedagoga que fez as ofensas às crianças. A defesa de Roberta Guilherme Massot Roberto vai pedir uma indenização por danos morais.
O caso aconteceu no último dia 3 de agosto, depois que a mãe das vítimas publicou uma foto delas nas redes sociais. O caso foi registrado na 72ª DP (Mutuá) na quinta-feira passada (5), e segundo o boletim de ocorrência, ao acessar seu perfil, a mãe das crianças foi surpreendida por ataques contra as filhas. Em um comentário, uma mulher as chamou de "feias, melequentas e com cabelo duro" e disse que ela deveria levar as meninas ao salão de beleza e aproveitar para "limpar elas, tirando suas melecas".
O caso aconteceu no último dia 3 de agosto, depois que a mãe das vítimas publicou uma foto delas nas redes sociais. O caso foi registrado na 72ª DP (Mutuá) na quinta-feira passada (5), e segundo o boletim de ocorrência, ao acessar seu perfil, a mãe das crianças foi surpreendida por ataques contra as filhas. Em um comentário, uma mulher as chamou de "feias, melequentas e com cabelo duro" e disse que ela deveria levar as meninas ao salão de beleza e aproveitar para "limpar elas, tirando suas melecas".
De acordo com a Polícia Civil, as investigações estão em andamento e a mulher, identificada como Érica, vai ser ouvida na unidade, mas ainda sem data definida. Segundo a advogada das vítimas, Michelle Avellar Vargas, ainda não foi estipulado o valor que será cobrado de indenização pela família para a agressora. "Precisamos avaliar a dor! Quanto vale a dor de uma mãe ao ver seus filhos passarem por isso?", questionou a defesa.
Michelle explicou que injúria é um crime contra a honra, assegurado pelo artigo 5º da Constituição Federal como inviolável, e que cabe ação de indenização para reparação dos danos morais e materiais sofridos. Segundo a advogada, além de reparar os danos que as meninas sofreram, o processo também tem o objetivo de encorajar outras vítimas de injúria racial e racismo a denunciar seus agressores.
"Desde o início, nosso intuito é dar voz para milhares de pretos, como nós, deixarem de ficar calados, de sentirem a dor sozinhos e começarem a se rebelar contra esse mundo doente. Precisamos sair do anonimato e expor os agressores sem medo de não sermos reconhecidos e validados. Acho que a Roberta deu um passo importante, porque a repercussão e o apoio será fundamental para o desfecho positivo do caso. Se conseguirmos conscientizar duas ou três pessoas, já seremos vitoriosos", declarou a advogada.
Ainda de acordo com ela, as vítimas desses crimes precisam de mais empatia no momento do acolhimento e de tratamento mais humanizado por parte das autoridades. Ela também acredita que a injúria racial deveria ser um tipo de racismo e estar junto com os elencados na Lei do Racismo.
"Sempre somos acusados de sermos culpados quando alguém nos ofendia apenas pela cor. Quem sofre esse tipo de agressão, precisa de apoio, empatia, compreensão, porque se trata de dor na alma! Crescemos sendo agredidos, diminuídos, colocados de lado e sem valor. E acabamos acreditando de verdade que não temos valor. E é isso que precisa ser mudado. As delegacias precisam ser mais humanas, a legislação precisa mudar."
A mãe das meninas conta que sua maior motivação para lutar contra o racismo são suas filhas e que sentiu muita tristeza e revolta pelos comentários ofensivos feitos sobre as meninas. "No primeiro momento, veio um estado de choque, de não acreditar naquilo que eu estava passando, ainda mais se referindo a minha caçula. Depois me veio muita raiva, muita revolta, até que a ficha foi caindo e me deparei com muita tristeza", desabafou.
Ela ainda relata que chegou a ficar sem dormir por dois dias, após os ataques. "Isso ter acontecido diretamente com elas, me tocou de uma forma muito ruim como ser humano e como mãe, a ponto de eu ficar sem conseguir dormir, só pensando naquelas palavras tão agressivas na minha mente. Eu olhava para elas e pensava "meu Deus, o que seria se eu não estivesse aqui para lutar por elas?". Procurada pelo DIA, Érica não retornou o contato. A reportagem tenta contato com a defesa da agressora.
Michelle explicou que injúria é um crime contra a honra, assegurado pelo artigo 5º da Constituição Federal como inviolável, e que cabe ação de indenização para reparação dos danos morais e materiais sofridos. Segundo a advogada, além de reparar os danos que as meninas sofreram, o processo também tem o objetivo de encorajar outras vítimas de injúria racial e racismo a denunciar seus agressores.
"Desde o início, nosso intuito é dar voz para milhares de pretos, como nós, deixarem de ficar calados, de sentirem a dor sozinhos e começarem a se rebelar contra esse mundo doente. Precisamos sair do anonimato e expor os agressores sem medo de não sermos reconhecidos e validados. Acho que a Roberta deu um passo importante, porque a repercussão e o apoio será fundamental para o desfecho positivo do caso. Se conseguirmos conscientizar duas ou três pessoas, já seremos vitoriosos", declarou a advogada.
Ainda de acordo com ela, as vítimas desses crimes precisam de mais empatia no momento do acolhimento e de tratamento mais humanizado por parte das autoridades. Ela também acredita que a injúria racial deveria ser um tipo de racismo e estar junto com os elencados na Lei do Racismo.
"Sempre somos acusados de sermos culpados quando alguém nos ofendia apenas pela cor. Quem sofre esse tipo de agressão, precisa de apoio, empatia, compreensão, porque se trata de dor na alma! Crescemos sendo agredidos, diminuídos, colocados de lado e sem valor. E acabamos acreditando de verdade que não temos valor. E é isso que precisa ser mudado. As delegacias precisam ser mais humanas, a legislação precisa mudar."
A mãe das meninas conta que sua maior motivação para lutar contra o racismo são suas filhas e que sentiu muita tristeza e revolta pelos comentários ofensivos feitos sobre as meninas. "No primeiro momento, veio um estado de choque, de não acreditar naquilo que eu estava passando, ainda mais se referindo a minha caçula. Depois me veio muita raiva, muita revolta, até que a ficha foi caindo e me deparei com muita tristeza", desabafou.
Ela ainda relata que chegou a ficar sem dormir por dois dias, após os ataques. "Isso ter acontecido diretamente com elas, me tocou de uma forma muito ruim como ser humano e como mãe, a ponto de eu ficar sem conseguir dormir, só pensando naquelas palavras tão agressivas na minha mente. Eu olhava para elas e pensava "meu Deus, o que seria se eu não estivesse aqui para lutar por elas?". Procurada pelo DIA, Érica não retornou o contato. A reportagem tenta contato com a defesa da agressora.
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