Publicado 22/09/2021 14:00
Rio - O vai e vem frenético de passageiros continua o de sempre ao longo das estações da Supervia. O efetivo policial, no entanto, não parece ser igual ao de três semanas. Anunciada no dia 1º de setembro, a força-tarefa das polícias Civil e Militar tem desarticulado esquemas de revenda em ferros-velhos e tentado coibir os furtos, mas os criminosos seguem atuando. Prova disso é que nos últimos 20 dias a circulação dos trens foi afetada pelo menos oito vezes.
No dia 2 de setembro, o primeiro da força-tarefa, 200 agentes e diversas viaturas foram espalhadas em diferentes estações. Até um drone foi utilizado para mapear ladrões a partir do alto. Mas na última terça-feira (21), a reportagem do DIA percorreu todo o ramal de Saracuruna, das estações da Zona Norte até a Baixada Fluminense, e só encontrou uma equipe do Grupamento de Polícia Ferroviária (GPFer) em Duque de Caxias.
Rastros deixados pelos ladrões são vistos ao longo da linha férrea, como fios de energia arrancados e jogados nos trilhos. Segundo a SuperVia, os equipamentos mais roubados são os cabos de sinalização, utilizados para orientar o maquinista. Deles os criminosos extraem o cobre para revender em ferros-velhos.
Segundo dados da concessionária, de janeiro a setembro foram 374 furtos de cabos de energia, mais do que todo o ano passado (355). Somados, esses cabos totalizam 22 mil metros. Também foram registrados 26 furtos de grampos de fixação, que somam 3.652 peças. Os grampos encaixam os trilhos aos dormentes, e sem eles há risco na circulação dos trens. Ao todo, o prejuízo passa de R$ 1 milhão.
O calote é outro problema crônico no sistema ferroviário fluminense. A maioria absoluta das estações têm buracos para passageiros entrarem sem pagar. Há ainda uma outra modalidade, na qual entulhos são colocados do lado dos muros para nivelar a altura. Os usuários sobem o entulho e conseguem acesso às estações sem precisar pagar. Um levantamento da concessionária chegou a apontar 180 passagens clandestinas ao longo da malha ferroviária.
A SuperVia acertou um convênio através do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis) para fortalecer a atuação de policiais nas estações. Os agentes de segurança da concessionária não têm poder de polícia e precisam da PM para combater efetivamente. Segundo a SuperVia, a força-tarefa "já vêm apresentando bons resultados, como coibição de furtos, apreensão de materiais/peças ferroviárias, prisões de criminosos, combate à evasão de renda".
A Polícia Militar, por sua vez, afirmou em nota que "vem se empenhando para coibir e restabelecer a ordem na malha ferroviária", com "policiamento preventivo, com identificação e prisão de grupos criminosos, além de recuperação da estrutura física ao longo da via férrea". A PM apontou ainda que os furtos são "crimes de oportunidade, onde os criminosos aproveitam o deslocamento das equipes policiais para agir".
Entre segunda e terça-feira (20 e 21), agentes da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) apreenderam quase 1 tonelada de parafusos em uma loja no Mercadão de Madureira, com a suspeita de que os objetos seriam frutos de roubos dos trilhos dos trens.
Colaborou Reginaldo Pimenta
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.