Publicado 15/11/2021 17:54
Rio - Após a alta médica do último paciente com vírus ativo da covid-19 do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte do Rio, a unidade voltará a atender pacientes com outras enfermidades. O idoso Adelino Gomes Silva Filho, de 70 anos, saiu do hospital, na tarde desta segunda-feira, aplaudido por médicos, funcionários, e pelo Prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz.
O hospital foi uma referência no tratamento da doença e atendia exclusivamente pacientes com coronavírus. Um contêiner também chegou a ser instalado no local para armazenar os corpos de pacientes que não resistiam ao vírus.
"Hoje a gente encerra o setor covid do Hospital Ronaldo Gazolla, um hospital que atendeu 9500 pessoas com covid-19. Foi o maior hospital do Rio de Janeiro, e talvez o maior hospital do Brasil em atendimento aos casos de covid. Com o encerramento dessa ala, com a alta do seu Adelino, a gente pode transformá-la para atendimento de pacientes pós-covid, a gente ainda tem muita gente na cidade do Rio de Janeiro, se recuperando das sequelas da doença", declarou Daniel Soranz.
A unidade ainda assiste 47 pacientes com sequelas da covid-19 e os hospitais municipais do Rio acolhem 144 pessoas nessa condição. Antes da pandemia, o Ronaldo Gazolla contava com 200 leitos e, atualmente, após o investimento feito para tratar dos pacientes com covid, conta com 420.
"Ele operou durante o ano de 2021 com 420 leitos e se mantém com esses leitos, ofertando cada vez mais serviços à população. Muitas doenças foram negligenciadas nesse período, muitos exames preventivos e cirurgias eletivas não foram feitas, e toda rede do sistema único de saúde vai precisar trabalhar intensamente para recuperar esse tempo perdido. O Gazolla começa a fazer procedimentos ambulatoriais no sistema de regulação e começa a afetar leitos para diminuir as filas de esperas", garantiu o secretário.
Segundo a secretaria municipal de saúde, atualmente, o Rio está com apenas 37 pacientes internados com o vírus ativo, e uma média diária de quatro óbitos.
"Felizmente, a gente tem o nosso melhor panorama epidemiológico, com a redução, há 12 semanas, do caso de internações e número de óbitos, e a gente alcança o melhor cenário epidemiológico desde abril de 2020. Ontem (domingo) tivemos dois óbitos. Cada óbito é uma tristeza. Tem muita gente internada há muito tempo ainda, então é um momento delicado de finalização desse ciclo e de ressignificar as unidades hospitalares", finalizou Soranz.
Diretor do Ronaldo Gazolla se sentiu aliviado ao dar alta à último paciente com covid
Diretor da unidade de saúde desde o dia 1º de janeiro deste ano, o médico Roberto Rangel afirmou que sentiu um certo alívio ao acordar nesta segunda-feira e seguir para o trabalho, sabendo que daria alta ao seu Adelino e, assim, zeraria as internações por covid-19 no Ronaldo Gazolla.
"Aliviado sim, mas sempre com pensamento que o caminho ainda é longo. Foi diferente hoje. A pandemia foi muito dinâmica, um mês a gente estava numa situação com grande número de internações, aumentando, e depois oscilava. Nos últimos 45 dias, 60, houve uma crescente diminuição. Então hoje, dar alta ao último paciente, tem um simbolismo muito grande, porque mostra que conseguimos traçar um caminho de efetividade em termos de vacinação, que resultou na diminuição das internações, na diminuição de morte, mas que temos que estar sempre alerta", afirmou Rangel.
Com a sensação de dever cumprido no combate à covid-19, o diretor do hospital agora prepara sua equipe para voltar a atender pacientes com outras doenças.
"Um misto de emoções vem à tona por todo esse período que a gente vivenciou, mas temos uma satisfação de dever cumprido muito grande também, em saber que a gente se dedicou, se entregou e deu o nosso máximo. Sabemos que a nossa caminhada segue agora com novos passos e novos desafios, sempre pensando em manter a qualidade e dignidade assistencial à população que está com outras doenças, e que a gente vai abraçar e atender", falou o médico.
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