Senhor Adelino Gomes, 70 anos, deixa o hospital após quase três meses de internação se tratando de Covid-19Reginaldo Pimenta
A felicidade do paciente também é um marco para a Cidade do Rio, que já chegou a ter mais de 1400 pessoas internadas simultaneamente com coronavírus nos hospitais da rede municipal de saúde. Às 13h30, Adelino deixou a unidade aplaudido por médicos, funcionários e pelo secretário de saúde, Daniel Soranz, e o prefeito Eduardo Paes.
"Consegui sobreviver e estou indo embora, graças a Deus. O início foi difícil, eu ficava pirado. O sentimento é bom em saber que eu fui curado. Agora quero encontrar os meus filhos e seguir o meu caminho. Primeiro meus filhos, depois eu vejo o que vou fazer, mas tem muita coisa para eu fazer ainda. Não esperava ver essa gente toda, até o prefeito veio me ver", comemorou Filho.
Último paciente internado com covid -19 no Ronaldo Gazolla recebe alta.
— Jornal O Dia (@jornalodia) November 15, 2021
Crédito: Thuany Dossares / O DIA#ODia pic.twitter.com/aTydNMzbGp
"Estive perto de ir embora. Quem não quer tomar a vacina é maluco. O cara que diz que não quer tomar a vacina, tem que pegar ele na rua a força e levar ele para tomar a vacina sim. Porque isso mata, se eu não tivesse tomado as duas vacinas, eu tinha morrido", afirmou.
A unidade chegou a se dedicar exclusivamente em tratar pacientes com covid-19 e recebeu Filho no dia 20 de agosto. O idoso ficou internado a maior parte do tempo no Centro de Terapia Intensiva (CTI) dedicado ao tratamento das pessoas que estavam contaminadas com o vírus, e há duas semanas foi transferido para a enfermaria.
O secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, esteve no Ronaldo Gazolla, nesta segunda-feira, para acompanhar a última alta médica por covid-19 no Rio e atribuiu o momento ao avanço da cobertura vacinal.
"Certamente o aumento da cobertura vacinal é responsável pela diminuição do número de casos e do número de casos graves de covid-19. É um gráfico bastante interessante porque a gente vê que conforme aumenta a cobertura vacinal diminui o número de pacientes", disse Soranz.
A cidade do Rio alcançou a marca de 75% da população vacinada e, atualmente, o município está com apenas 37 pacientes internados com o vírus ativo. Segundo o secretário, esse número representa 0,5% dos pacientes internados em toda rede de saúde municipal.
"O Ronaldo Gazolla foi o maior hospital de tratamento da covid-19, foram mais de 9.500 pacientes. Hoje a gente encerra um ciclo. Hoje sai o último paciente com covid ativa. A gente mantém o tratamento dos pacientes com sequela da covid, que é um problema depois da doença. A gente já teve internado simultaneamente na cidade do Rio de Janeiro mais de 1400 pessoas, e hoje a gente tem 37 pessoas internadas", declarou o secretário.
O prefeito Eduardo Paes também esteve na unidade de saúde e pediu que as pessoas sigam o conselho do senhor Adelino e se vacinem.
"Foram quase dois anos de muita tensão, de muita angústia, mas a equipe aqui (do Ronaldo Gazolla) correspondeu. O que a gente pode pedir para as pessoas nesse momento, é óbvio que a pandemia está muito melhor, está controlada, mas ela está presente entre a gente, então aqueles que não se vacinaram, sigam o conselho do seu Adelino e se vacinem. É muito importante que as pessoas tenham esse cuidado mínimo, se vacinar é fundamental. Principalmente as pessoas mais velhas precisam ter esse cuidado", finalizou Paes.
O Hospital Ronaldo Gazolla chegou a ter contêiner para armazenar os corpos de pacientes que não resistiram ao vírus, e nesta segunda-feira, após a alta de Adelino, teve a ala voltada para internações de covid-19 encerradas. Soranz acredita que este setor agora possa ser dedica a tratar pessoas que se recuperam das sequelas provocadas pela doença. A unidade ainda assiste 47 pacientes nessa condição.
"Hoje a gente encerra o setor covid do Hospital Ronaldo Gazolla, um hospital que atendeu 9500 pessoas com covid-19. Foi o maior hospital do Rio de Janeiro, e talvez o maior hospital do Brasil em atendimento aos casos de covid. Com o encerramento dessa ala, com a alta do seu Adelino, a gente pode transformar ela para atendimento de pacientes pós-covid, a gente ainda tem muita gente na cidade do Rio de Janeiro, se recuperando das sequelas da doença. Felizmente, a gente tem o nosso melhor panorama epidemiológico, com a redução, há 12 semanas, do caso de internações e número de óbitos, e a gente alcança o melhor cenário epidemiológico desde abril de 2020", comemorou o secretário.
Os hospitais municipais do Rio ainda acolhem 144 pacientes que se recuperam das sequelas causadas pelo coronavírus, mas que não estão mais com o vírus ativo.
"O setor pós-covid é da internação de pessoas que tenham sequelas respiratórias e motoras, ou insuficiência hepática e renal, advindas da covid-19, e também a gente vai ter um setor ambulatorial de setores pós-covid com reabilitação e outros cuidados", disse Soranz.
Antes da pandemia, o Ronaldo Gazolla contava com 200 leitos e, atualmente, após o investimento feito para tratar dos pacientes com covid, conta com 420.
"Ele operou durante o ano de 2021 com 420 leitos e se mantém com esses leitos, ofertando cada vez mais serviços à população. Muitas doenças foram negligenciadas nesse período, muitos exames preventivos e cirurgias eletivas não foram feitas, e toda rede do sistema único de saúde vai precisar trabalhar intensamente para recuperar esse tempo perdido. O Gazolla começa a fazer procedimentos ambulatoriais no sistema de regulação e começa a afetar leitos para diminuir as filas de esperas".
Segundo Soranz, o Rio está com uma média de quatro óbitos diários. "Ontem (domingo) tivemos dois. Cada óbito é uma tristeza. Tem muita gente internada há muito tempo ainda, então é um momento delicado de finalização desse ciclo e de ressignificar as unidades hospitalares", finalizou.
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