Publicado 24/11/2021 11:41 | Atualizado 24/11/2021 12:59
Rio - A Polícia Civil informou que aguarda para esta quarta-feira (24) a entrega da lista dos nomes dos policiais militares que participaram da operação que deixou nove mortos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no último domingo (21). As armas utilizadas pelos agentes na ação também devem ser levadas à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí, que investiga o caso (DHNSG).
Projéteis coletados em três dos oito corpos passarão por confronto balístico, para confirmar a autoria dos disparos. Segundo a SEPOL (Secretaria de Estado de Polícia Civil), os resultados dos laudos de necropsia apontaram que as mortes ocorridas foram provocadas por projéteis de arma de fogo (PAFs), "sem indício de facadas ou outro tipo de arma com ação cortante ou perfurocortante". A versão dos moradores na segunda-feira, quando os corpos foram retirados do mangue, era de que alguns tinham cortes que aparentavam serem de facas.
Desde segunda-feira, a DHNSG ouve testemunhas e moradores do bairro da Palmeira. Os policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) também devem ser ouvidos, quando forem identificados.
Comissão de Direitos Humanos da Alerj quer saber quantidade de munição usada
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) informou, na tarde de terça-feira, que oficiou a Polícia Militar para averiguar o efetivo e a quantidade de munição usada na operação no Complexo do Salgueiro. Ao menos oito corpos foram encontrados e retirados por moradores de uma área de mangue na região, na segunda-feira (22), horas depois de uma ação da corporação. No sábado (20), o sargento da PM Leandro da Silva, de 40 anos foi morto durante confronto com criminosos.
"Mais uma vez o noticiário é tomado por uma operação com alto número de mortos e com indícios de se tratar de uma operação vingança. Mais uma vez vemos o Estado confundir segurança com letalidade, uma vez que até o momento contabiliza-se 9 mortes e nenhuma prisão", afirmou a deputada Dani Monteiro (PSOL), presidente da comissão.
STF julga na quinta restrição de operações na pandemia
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta quinta-feira (25) a ADPF 635, que restringe operações policiais em comunidades do Rio enquanto durar a pandemia da Covid-19, em vigor desde agosto do ano passado. A discussão acontece quatro dias após a operação da Polícia Militar no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, que deixou nove mortos em confronto - oito deles encontrados em um mangue no dia seguinte.
A ADPF 365, conhecida como ADPF das Favelas, é válida desde agosto de 2020, quando o plenário do Supremo confirmou a decisão do ministro Edson Fachin. A discussão será retomada nesta quinta. A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) prevê que operações policiais só podem ser realizadas em casos "absolutamente excepcionais" e devem ser comunicadas imediatamente ao Ministério Público do Rio (MPRJ), responsável pelo controle externo das atividades.
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