Publicado 13/12/2021 17:10
Rio - O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), por meio da 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar denunciou, nesta segunda-feira (13), o capitão da Polícia Militar Jeanderson Corrêa Sodré, o 3° sargento Rafael Chaves de Oliveira e os cabos Rodrigo Correia de Frias, Cláudio da Silva Scanfela e Marcos da Silva Salviano por modificarem a cena no local onde a jovem Kathlen de Oliveira Romeu foi morta, no dia 8 de junho, no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio. A designer de interiores estava grávida de quatro meses.
Segundo a denúncia, os policiais militares Chaves, Frias, Scanfela e Salviano retiraram, antes da chegada da perícia, o material que lá se encontrava, acrescentando 12 cartuchos calibre 9mm usados e um carregador de fuzil 556, com 10 munições intactas, que foram apresentados mais tarde na 26ª DP (Todos os Santos). Ainda de acordo com o documento, "Jeanderson Corrêa Sodré, estando no local dos fatos e podendo agir como superior hierárquico para garantir sua correta preservação, omitiu-se quando tinha por lei o dever de vigilância sobre as ações de seus comandados".
"Ato contínuo, enquanto deveriam preservar o local de homicídio, aguardando a chegada da equipe de peritos da Polícia Civil, os denunciados Frias, Salviano, Scanfela e Chaves o alteraram fraudulentamente, realizando as condutas acima descritas, com a intenção de criar vestígios de suposto confronto com criminosos", diz trecho da denúncia.
Diante dos fatos, os policiais militares Cláudio da Silva Scanfela, Marcos da Silva Salviano, Rafael Chaves de Oliveira e Rodrigo Correia de Frias foram denunciados por duas fraudes processuais e por dois crimes de falso testemunho. Já o policial militar Jeanderson Corrêa Sodré foi denunciado por fraude processual na forma omissiva.
Relembre o caso
Kathlen estava na comunidade para visitar parentes e foi atingida durante um tiroteio entre a Polícia Militar e traficantes, segundo a corporação. A jovem chegou a ser socorrida, mas, conforme a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), não resistiu aos ferimentos e morreu logo após chegar ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte.
O porta-voz da PM, major Ivan Blaz, disse na ocasião que policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins foram atacados por traficantes. Segundo o Blaz, os PMs foram os primeiros a chegar no local e afirmaram que não foram os responsáveis pelos disparos que mataram a jovem. No entanto, ao contrário do que alega a corporação, os moradores da comunidade Barro Vermelho, no Complexo do Lins, reafirmam que o tiro de fuzil que matou Kathlen Romeu partiu da PM. Eles usam o termo "cavalo de troia" para explicar a ação dos militares.
O porta-voz da PM, major Ivan Blaz, disse na ocasião que policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins foram atacados por traficantes. Segundo o Blaz, os PMs foram os primeiros a chegar no local e afirmaram que não foram os responsáveis pelos disparos que mataram a jovem. No entanto, ao contrário do que alega a corporação, os moradores da comunidade Barro Vermelho, no Complexo do Lins, reafirmam que o tiro de fuzil que matou Kathlen Romeu partiu da PM. Eles usam o termo "cavalo de troia" para explicar a ação dos militares.
"Eles fizeram 'troia' para atacar os bandidos, mas acabaram matando uma inocente grávida. Eles estavam escondidos dentro de uma casa desde a manhã, por várias horas, esperando os bandidos aparecerem. Quando eles surgiram, os PMs atiraram de dentro dessa casa. Mas quem morreu foi a menina inocente. Foram dois tiros apenas. Não houve tiroteio", disse uma moradora da comunidade, que afirmou ter presenciado o momento.
Segundo ela, os policiais só pararam de atirar após os gritos da avó da vítima, que foi atingida na Rua Araújo Leitão, por volta de 14h: "Logo depois dos tiros eu só vi a tia gritando: 'para, para, ajuda a socorrer'. Aí eles pararam de atirar. Eu fui ajudar e vi que a Kathlen tinha sido atingida", informou a moradora.
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