Publicado 29/12/2021 16:14
Rio - Foi sepultado, na tarde desta quarta-feira (29), no cemitério São Miguel, em São Gonçalo, o corpo do lutador morto no Morro da Jaqueira, no bairro Patronato, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Vítor Reis de Amorim, de 19 anos, estava no bar com amigos quando foi alvejado na última terça-feira (28). Segundo Vaneuci Ferreira de Amorim, pai da vítima, seu desejo é provar que o filho não era bandido. "Eu quero provar que meu filho não é bandido e eu vou até o final por causa disso. Eu não quero dinheiro, não quero nada, mas quero provar que meu filho não era bandido", disse ao DIA.
"Eu vou provar que meu filho não era bandido e quero ver o que eles vão falar. Vão dizer que meu filho trocou tiro? Poxa vida, todo mundo conhecia meu filho. A vida do meu filho era treinar para lutar. Meu filho era atleta, a coisa que ele mais gostava era treinar. Se ele pudesse ele treinava duas vezes ao dia. Ele nunca perdeu uma luta, mas a polícia ganhou o troféu em cima do meu filho", lamentou Vaneuci.
José Romildo de Lima, professor de Muay Thai na academia PVRT, contou sobre a história do rapaz com as artes maciais e pediu por justiça. "Eu conhecia esse garoto desde criança, eu tinha um projeto na época e ele foi abraçado. Ele falou pra mim que era o sonho dele seguir a carreira de lutador e eu falei 'nós vamos trabalhar, Deus vai ajudar e a gente consegue'. Botei ele no circuito de boxe, fomos a equipe melhor do ano, ele venceu todas as lutas. Botei no muay thai e a mesma coisa, só vitória. Ele tinha tudo pra crescer, em casa eu falava que nada ia atrapalhar esse garoto. O que aconteceu tirou o sonho dele e o meu".
"O trabalho vai continuar, mas com uma falta grande. O Vítor era guerreiro, coração, ele lutava feliz, fazia o que gostava e demonstrava. Eu conheço ele desde pequenininho, pra mim foi uma parte nossa que foi embora, mas a gente reverter e vai ter justiça por isso. Eu espero que tenha justiça e que o responsável seja punido", completou o treinador.
Família acusa PMS
De acordo com a família, o jovem tentou fugir para se proteger quando ouviu os disparos, mas testemunhas disseram que os policiais dispararam contra ele. Vítor Reis foi socorrido pelos próprios policiais e levado para o pronto-socorro de São Gonçalo, mas já chegou morto na unidade. Vaneuci disse que os policiais ocultaram a informação de que o filho já estava sem vida. "No hospital, eu perguntei aos policiais o que tinha acontecido e eles me engaram. 'Nós demos um tirinho nele que pegou no ombro' e era mentira, pegou na barriga".
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil de São Gonçalo informou "que o paciente deu entrada ao Pronto-Socorro Central já em óbito, às 16h37, com orifício de entrada na região peitoral à esquerda".
Procurada pelo DIA, a Polícia Militar informou que uma pistola, munições e um rádio comunicador foram apreendidos no local da ocorrência. Os demais envolvidos fugiram para o interior da comunidade. De acordo com o porta-voz da corporação, major Ivan Blaz, os policiais não disseram se Vítor estava com esses itens. "Isso não foi apresentado pelos policiais. Na verdade, o que foi dito é que, após o ataque e o confronto armado, os criminosos fugiram para o interior da comunidade, restando ali ao solo o Vítor e a pistola".
*Colaborou Fábio Costa.
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