Polícias Civil e Militar realizam operação no Jacarezinho. Ocupação será permanenteMarcos Porto/Agência O Dia
Publicado 19/01/2022 12:41 | Atualizado 20/01/2022 13:51
Rio - Na manhã desta quarta-feira (19), as polícias civil e militar realizaram duas operações visando o novo programa do governo estadual, o Cidade Integrada. Por volta das 5h da manhã, cerca de 1.200 policiais se deslocaram para a comunidade do Jacarezinho, Zona Norte do Rio. Cinco horas depois, um outro efetivo, da Força-Tarefa de Combate às milícias  e da Polícia Militar se deslocou para a Muzema e Rio das Pedras, na Zona Oeste. Detalhes do  programa Cidade Integrada, que visa levar infraestrutura, educação, trabalho e segurança para as comunidades, serão anunciados no próximo sábado.
Até o início da tarde, 32  pessoas haviam sido presas, sendo: 30 na Muzema e Rio das Pedras; duas no Jacarezinho.
Em relação à operação na Zona Oeste, o tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da PM, afirmou que a parceria também quer identificar atuação de agentes públicos na milícia. "A Polícia Civil está compartilhando dados com a PM com o objetivo de identificar criminosos e saber se tem algum agente público envolvido com a milícia na Muzema", declarou.
O oficial falou a respeito da retomada de territórios. "Nós estamos falando de uma operação de grande envergadura, são 1.200 policiais civis e militares empregados nesta operação no dia de hoje. Logicamente, os objetivos dele são de longo prazo. Se por um lado nós temos a retomada de territórios tanto aqui na Zona Norte, como na Zona Oeste, numa área de milícia, nós temos também os desafios de reascender a esperança que foi montada, construída com o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP)", disse o oficial. 
Polícias Civil e Militar realizam operação no JacarezinhoMarcos Porto


Para Blaz o novo programa do Governo do Estado possui semelhanças com a UPP e, assim como o primeiro projeto, o Cidade Integrada também prevê oferecer diversos serviços sociais para a comunidade.

"Logicamente há muitas semelhanças na implementação dos projetos, uma vez que o primeiro passo é sempre o da segurança, com a estabilização do terreno. Nós não podemos nunca abandonar o projeto das UPPS, é um projeto que ainda tem grande importância para a segurança pública do Rio e que ainda hoje conta com mais de 6 mil PMs, que muitos deles, além de ostentarem a bandeira da segurança, também protagonizam projetos sociais, muitos deles financiados pelo seu próprio bolso, atendendo assim, mais de 7 mil moradores nessas comunidades carentes. Então, o que a gente espera é que a segurança faça o seu papel e que outros órgãos possam também estar conosco", afirmou.

Excepcionalidade se justificou, diz PM

Nas redes sociais, moradores do Jacarezinho e em Manguinhos  temiam confrontos. Entretanto, na operação desta quarta-feira, não houve registros de tiroteios.

"Dado o passado recente do Jacarezinho, é natural que tenhamos esse temor por parte dos moradores. Porém, isso não tem se concretizado, a operação tem se dado de forma muito tranquila, 1.200 policiais é um efetivo muito grande e que tira a vontade de lutar de qualquer oponente e, por conta disso, a gente acredita que o processo de varredura, análise do terreno, e também o cumprimento de mandados de busca e apreensão e o cumprimento de mandados de prisão sejam dados de forma bem tranquila", contou o tenente-coronel. 
Polícias Civil e Militar realizam operação no JacarezinhoMarcos Porto


Em maio do ano passado, a comunidade do Jacarezinho foi cenário de uma operação da Polícia Civil que deixou 28 mortos em confronto, sendo 27 suspeitos do tráfico local, além do agente André Farias, morto ao desembarcar de um blindado.
Desde 2020, o ministro Edson Fachin determinou que operações em comunidades do Rio durante a pandemia tenham caráter excepcional. Para Blaz, a ação de hoje se justifica na futura minimização de danos letais nas comunidades.

"O Fachin estabeleceu como excepcionalidade quando há vidas em risco, em perigo, então, quando se fala da implementação de um grande projeto que vai abraçar não só a área da segurança como também inúmeras questões de cunho social, nós temos sim um objetivo de se minimizar danos letais nessas comunidades carentes", finalizou.
"O governo do Estado do Rio iniciou uma ocupação da comunidade do Jacarezinho. Para isso, batalhões da Zona Norte estão sendo empenhados, juntamente com a CPP (Comando de Polícia Pacificadora) e os batalhões do Comando de Operações Especiais. Algumas comunidades ao redor também vão ser ocupadas para o sucesso da operação, como Manguinhos e Bandeira 2", afirmou à reportagem o porta-voz da PM.
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