Publicado 28/01/2022 18:26
Rio - Uma reunião entre Riotur e Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) definiu, nesta quarta-feira (26), as datas dos ensaios técnicos do Carnaval 2022. Em março, o evento será realizado aos domingos 06, 13, 20 e 27. Já em abril, os dias 03 e 10 foram escolhidos. Os ensaios começam às 20h30 e terão duas agremiações por dia. Nos sábados, é a vez das escolas da Série Ouro (antigo Grupo A), filiadas à Liga-RJ. Programação completa, informando as datas de cada agremiação, será divulgada na próxima quinta-feira(3). O DIA conversou com figuras ligadas ao Carnaval, que celebraram a confirmação dos ensaios.
O presidente da Liesa, Jorge Perlingeiro, foi à sede da Riotur, na Cidades das Artes, Barra da Tijuca, para se encontrar com a presidente da Riotur, Daniela Maia. Nessa reunião, foi garantida a realização dos desfiles oficiais das Escolas de Samba do Grupo Especial nos dias 22, 23 e 30 de abril, com os ensaios técnicos nas datas marcadas.
Ainda não há definição quanto o controle dos protocolos sanitários, já que os ensaios técnicos costumam ser abertos ao público. Entretanto, a ideia é de que todos que forem à Sapucaí para assistirem ou participarem dos ensaios deverão apresentar comprovantes de vacinação atualizados. As obras do Sambódromo também foram debatidas no encontro. A Riotur espera o fornecimento de um componente para a fabricação do asfalto, que já deveria ter sido entregue pelo produtor. Assim que a questão for resolvida, a reforma será reiniciada.
Repercussão
Indo para seu 26º desfile pela Beija-Flor, a porta-bandeira Selminha Sorriso ficou feliz em saber da confirmação do evento. "O retorno dos ensaios técnicos enche nossos corações de esperança, que nem tudo está perdido. (...) Então é um alívio saber que os ensaios acontecerão em março e abril, sobretudo que, no final de abril, as escolas poderão apresentar seus enredos, movimentar a economia na cidade, trazer alegria, apresentar enredos que transcendem os sentimentos da Sapucaí. O Carnaval de 2022 promete ser o maior de todos os tempos."
A porta-bandeira Rute Alves, atual campeã pela Viradouro, lembrou que outros eventos estão acontecendo na cidade, mas está se preparando para defender o bicampeonato.
"Eu fiquei triste com o adiamento, mas respeito a decisão. Como outros eventos estão acontecendo normalmente, tenho receio de que em abril venha a ter algum colapso ou alguma variante. Isso me amedronta. Mas a gente está trabalhando para termos nosso Carnaval, fazermos nosso desfile e defendermos nosso bicampeonato em abril."
Rute Alves também descreveu como ela quer que seja o desfile de 2022. "Eu espero uma Marquês emocionada, feliz, cantando, sambando... Não só a Viradouro. Todas as escolas do Grupo de Acesso, do Grupo Especial venham forte, venham com gana, cantando samba em plenos pulmões! É o que nossos ensaiadores, meu e do Júlio, falam, a Celeste Lima e o Márcio Moura. Vai ser o ano da emoção, o Carnaval da emoção. A gente vai precisar doutrinar isso, dominar a nossa emoção para que não nos atrapalhe. (...) Vai ser o maior Carnaval de todos os tempos."
Um dos mais renomados e tradicionais mestres de bateria, Casagrande está há mais de 40 anos na Unidos da Tijuca. Ao DIA, ele contou que ficou satisfeito com a marcação das datas. "A confirmação dos ensaios técnicos para nós é muito importante. (...) A gente tinha feito alguns ensaios de rua, depois foi paralisado por causa da pandemia, e fizemos ensaio de quadra. A gente não teria aquela logística toda de ensaio na Sapucaí. Com a decisão do adiamento, temos mais 30, 40 dias para fazer os ensaios técnicos e ter o rendimento esperado".
Mestre Casagrande também falou o que realmente espera para o Carnaval de 2022. "Vou ser sincero, do fundo do meu coração. Eu espero que todos desfilem com segurança, principalmente minha bateria. Eu agradeço à Deus todos os dias porque minha bateria não teve nenhuma baixa. Meus 272 componentes, 272 heróis. O que eu desejo para mim, para minha bateria e para todas as outras baterias é que a gente desfile com segurança. (...) Fico até emocionado de falar, vai ser o Carnaval da redenção e da superação. A melhor nota é que todas as baterias cheguem lá bem, com saúde."
Dandara Ventapane, porta-bandeira Paraíso do Tuiuti, comentou sobre a situação do setor. "Empatia e respeito pela nossa arte e nossa cultura, um setor tão prejudicado com a pandemia. (...) Tenha certeza que o ingrediente principal não faltará, a paixão do sambista pelo carnaval". Além disso, ela também falou sobre o adiamento e a ajuda de seu parceiro na preparação para o Carnaval 2022.
"O adiamento com certeza foi um balde de água fria para os sambistas. Estávamos na reta final da preparação do carnaval e dentro do meu quesito isso influencia muito. Então resolvemos focar na nova meta e seguir com o trabalho pois sempre há motivos pra ensaiar e melhorar ainda mais. Eu e meu mestre-sala Raphael Rodrigues encontramos em nós mesmos a motivação para dar continuidade ao trabalho do carnaval 2022", ressaltou Dandara.
"O adiamento com certeza foi um balde de água fria para os sambistas. Estávamos na reta final da preparação do carnaval e dentro do meu quesito isso influencia muito. Então resolvemos focar na nova meta e seguir com o trabalho pois sempre há motivos pra ensaiar e melhorar ainda mais. Eu e meu mestre-sala Raphael Rodrigues encontramos em nós mesmos a motivação para dar continuidade ao trabalho do carnaval 2022", ressaltou Dandara.
O vice-presidente da Portela, Fabio Pavão, ainda espera definição dos dias que sua escola ensaiará. "Nós precisamos saber o dia que nós vamos nos apresentar, porque são várias datas. Sabendo o dia, a gente faz o planejamento em cima disso. Em março, nós vamos nos dedicar aos ensaios de rua, na Estrada do Portela e na Estrada Intendente Magalhães. (...) O ensaio técnico é importante para nossa preparação, é uma chance da escola ser vista".
Fabio Pavão também falou o que espera dessa volta dos desfiles. "Na verdade, são dois anos e dois meses, né? Dois anos sem desfile e agora uma prorrogação de 2 meses. A expectativa é muito grande pelo fato de não estar fazendo o que a gente gosta de fazer. (...) Inevitavelmente, nós perdemos muita gente nessa pandemia. Todas as escolas e com a Portela não foi diferente. Perdemos baianas, diretores, compositores... Hoje, voltando a normalidade, a gente percebe a lacuna que essas pessoas deixaram. É um desfile com uma carga emocional muito grande."
* Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes
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