PM lança programa para combater intolerância religiosa no EstadoFábio Porto/Agência O Dia
Publicado 02/02/2022 19:09 | Atualizado 02/02/2022 19:12
Rio - A Secretaria de Estado de Polícia Militar lançou, nesta quarta-feira, o "Programa de Proteção à Liberdade Religiosa Cel PM Jorge Da Silva", no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), ao lado do Sambódromo, no Centro. A cerimônia foi presidida pelo secretário de SEPM, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, e contou com a presença da diretora-presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), delegada Marcela Ortiz, além de líderes religiosos de diferentes matrizes.
Segundo a SEPM, o programa tem por objetivo reverter o atual cenário de crimes de ultraje contra religiões de forma geral. Dados de 2021 do Instituto de Segurança Pública (ISP) registraram 33 casos de intolerância, 43% a mais do que no ano anterior.
"O novo programa será desenvolvido para capacitar nossa tropa a atender melhor ocorrências ligadas à intolerância religiosa. Precisamos aprender a lidar de forma profissional com essas questões que dão origens a outras atividades delituosas. Cada cidadão tem o direito de seguir a orientação religiosa que quiser e todos devem respeitar", disse o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, secretário da SEPM, no início do encontro.
A primeira fase do programa será implantada na área do 30º BPM (Teresópolis). Lá as ações passarão por análises de desempenho e ajustes, para ser trazido para todo o estado. Para as novas atribuições, os PMs terão de passar por um treinamento específico, que deve os capacitar para o atendimento especializado, assim como ocorre em outros programas de proximidade. 
O coronel Soliva explicou que a escolha pela cidade da Região Serrana se deu por três casos recentes de ofensa religiosa contra uma mesma instituição registrados na área. "Nos chamou a atenção para enfrentar esse desafio. Essa preocupação sensibilizou o comando da corporação e hoje estamos lançando mais uma iniciativa inovadora da Polícia Militar", disse o coronel Soliva.
Segundo a presidente do ISP, delegada Marcela Ortiz, a intolerância religiosa está prevista no Código Penal, mas precisa ser reconhecida pela sociedade como um crime muito grave: "Essa falta de conhecimento acaba contribuindo para a subnotificação dos casos e, consequentemente, prejudica a nossa capacidade de enfrentar o problema. Muitos crimes graves, como homicídios, têm origem na intolerância religiosa. A iniciativa da Polícia Militar, trabalhando de forma especializada, vai contribuir muito para mudar esse cenário".
Para Luzia Lacerda, diretora responsável do Instituto Expo Religião, a criação do programa é importante para frear os ataques que vem se tornando cada vez mais violentos contra algumas religiões. 
"Eu acho a criação desse programa importantíssima. Ele já se fazia necessário. Nós já deixamos para trás a intolerância religiosa. Estamos atualmente no racismo religioso. Hoje as atitudes se tornaram muito mais agressivas. Hoje nem as crianças estão sendo poupadas. Hoje as casas, as igrejas e sinagogas são vilipendiadas de tal forma como se nada fosse acontecer com aquelas pessoas", avaliou.
Ainda segundo Luzia, a medida vai ajudar, mas só a educação pode resolver o problema da intolerância ou racismo religioso no país. "Queremos que as crianças tenham nas escolas aulas das histórias das religiões. Quando você conhece a história, você passa a respeitar muito mais. As crianças passam a ser um embaixador disso. Ele passa para os pais, para os tios, para os amiguinhos", pontuou.
 
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