Publicado 06/02/2022 16:07
Rio- Nesta segunda-feira (7), familiares do refugiado congolês Moïse Kabagambe, 24 anos, espancado até a morte na orla da Barra da Tijuca, vão se reunir com o secretário municipal de Fazenda e Planejamento Pedro Paulo e com a concessionário Orla Rio, para discutir as questões da gestão do quiosque onde ocorreu o crime. A proposta foi feita pela prefeitura neste sábado (6) e inclui a transformação do local em um memorial em homenagem à cultura congolesa e africana.
“A transformação do local busca ser uma reparação à família, uma oportunidade de inserção socioeconômica de refugiados, além de um ponto de transmissão da cultura africana. E um memorial em homenagem a Moïse Kabagambe representará naquele espaço público uma lembrança para que não seja fácil esquecer e que jamais se repita a barbárie que o vitimou”, diz o secretário Pedro Paulo.
A proposta inclui a reforma dos quiosques Tropicália e Biruta, que dividem a mesma estrutura física, além de apoio e capacitação para a gestão de bares e restaurantes, com auxílio do Senac e entidades dedicadas ao acolhimento de refugiados. As mudanças previstas incluem uma reformulação da arquitetura dos quiosques para que eles se transformem em um espaço de celebração da cultura do povo africano, tendo ali um ponto
de referência com comida típica, música e artesanato.
de referência com comida típica, música e artesanato.
A Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento informou que tanto a concepção quanto a execução do projeto, que inclui um memorial a Moïse, serão realizadas por profissionais negros. O espaço também poderá ser utilizado para exposição de arte e apresentações musicais típicas, além da realização de feiras de artesanato.
De acordo com a proposta, o Tropicália deve ser gerido pela família de Moïse, mas o complexo cultural incluirá também o quiosque vizinho, a ser administrado por outro empreendedor - possivelmente uma organização da sociedade civil.
A iniciativa tem o objetivo de promover a integração social e econômica de refugiados africanos e reafirmar o compromisso da cidade com a promoção de oportunidades para todos. "O que aconteceu foi algo brutal, inaceitável e que não é da natureza do Rio. É nosso dever ser uma cidade antirracista, acolhedora e comprometida com a justiça social”, diz o secretário Pedro Paulo.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ), Álvaro Quintão, que atua no apoio jurídico à família de Moïse, informou que os familiares da vítima veem a proposta com bons olhos.
Durante a manifestação que aconteceu no sábado (6), em frente ao quiosque onde Moïse foi morto, o irmão dele, Francis Mouri, disse que a família aprovou a iniciativa da prefeitura. "Eu soube dos quiosques, achei muito bonito esta homenagem para meu irmão. Eu, meus irmãos e minha mãe vamos conversar sobre isso e os advogados vão resolver".
Os contratos com os atuais operadores dos quiosques estão suspensos em função das investigações. Caso se comprove que eles não têm qualquer envolvimento no crime, a Orla Rio discutirá a transferência para outro espaço. Caso contrário, o contrato será cancelado.
Ato pela memória de Moïse na Cidade Nova
A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OABRJ), por meio da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ), está organizando um ato civil-político-jurídico pela memória de Moïse Mugenyi Kabagambe. O objetivo é exigir justiça pelo congolês e mandar uma mensagem sobre a necessidade de colocar o debate da criminalidade como tema central da agenda do estado.
O ato será realizado na terça-feira (8), na sede do Circo Crescer e Viver (Rua Carmo Neto 143, Cidade Nova, em frente à estação de metrô Praça Onze), às 19h.
O ato será realizado na terça-feira (8), na sede do Circo Crescer e Viver (Rua Carmo Neto 143, Cidade Nova, em frente à estação de metrô Praça Onze), às 19h.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.