Publicado 09/02/2022 14:52
Rio - A Prefeitura do Rio divulgou, nesta quarta-feira, o 5º Boletim Epidemiológico de 2022 da pandemia de covid-19. O levantamento aponta para uma tendência de queda nos casos que tiveram alta nas primeiras duas semanas de janeiro e na última de dezembro do ano passado, devido a chegada da variante Ômicron.
De acordo com o documento, a média móvel de testes positivos para o vírus está em queda desde seu pico, em 16 de janeiro, quando atingiu 43,6% de diagnósticos para a doença. Atualmente, o número é de apenas 17,6%. A procura pelo exame também reduziu na última semana, provocando um início de desmobilização dos Centros de Testagem montados desde o início do ano.
De acordo com o documento, a média móvel de testes positivos para o vírus está em queda desde seu pico, em 16 de janeiro, quando atingiu 43,6% de diagnósticos para a doença. Atualmente, o número é de apenas 17,6%. A procura pelo exame também reduziu na última semana, provocando um início de desmobilização dos Centros de Testagem montados desde o início do ano.
O número de internações também apresentou queda nas últimas duas semanas. No dia 22 de janeiro, 915 pessoas estavam internadas em leitos da rede pública destinados à Covid-19. Nesta terça-feira, o número era de 335, sendo 165 em Unidades de tratamento intensivo.
"Era um cenário bem previsível de que teríamos um aumento bem intenso com a chegada da variante Ômicron, como aconteceu em outros países, mas também uma queda bem acentuada. A nossa curva acompanhou a curva dos países que tem alta cobertura vacinal, como o Reino Unido e Estados Americanos. Então foi uma disseminação muito intensa, com uma capacidade de transmissão muito grande do vírus e uma queda muito intensa e rápida como estamos vendo", disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, em entrevista ao DIA.
Segundo o líder da SMS, a cidade volta a estar no mesmo patamar que estava antes da chegada da nova variante, que ocorreu entre o fim de novembro e as primeiras semanas de dezembro. "A gente espera que esse cenário permaneça favorável. A gente só teve um bom desempenho na Covid porque o carioca se vacinou, procurou se proteger, mas sabemos que essa proteção não dura para sempre. Então é necessário que quando essa proteção vai caindo, as pessoas façam uma dose de reforço", segundo ele.
Soranz afirma que a cidade tem 640 mil cariocas aptos a tomarem a dose de reforço. "Para a gente manter esse cenário favorável, é decisivo que mantenhamos a nossa cobertura vacinal crescendo", pontuou.
Não vacinados são maioria
De acordo com o Boletim, a variação de internação entre idosos não vacinados ou com vacinação incompleta foi 26 vezes maior que a daqueles com a dose de reforço. A taxa de hospitalização dessa faixa etária, a partir de 60 anos, com esquema completo, mais a dose de reforço foi de 72 para cada 100 mil. Enquanto entr os não vacinados, o número salta para 1853.
O número é bem parecido com o verificado na população entre 12 e 59 anos, cuja variação foi de 21 vezes, entre os que tinham ciclo vacinal completo e aqueles que não tinham.
A importância da imunização também foi vista nos números de óbitos. A taxa de mortes em idosos contaminados com o vírus foi 32 vezes maior em quem não estava vacinado. Segundo os dados do balanço, o vírus fez 643 vítimas não imunizadas. Entre os que tinham esquema completo, o número caiu para 20, em cada 100 mil.
Entre os mais jovens, a variação de números de mortes é ainda maior e chega a ser 71 vezes superior, quando comparados imunizados e não imunizados. Segundo Soranz, os números mostram a importância da campanha de imunização: "A diferença é muito grande, muito importante. Está mais do que evidente os efeitos protetores da vacina", avaliou Soranz.
Vacinação de crianças
Nesta quarta-feira, a campanha de imunização de crianças terminou no Rio, com todas as crianças com idades a partir de 5 anos. Ao todo, até o momento, pouco menos da metade da população infantil, com idade entre 5 e 11 anos havia sido imunizada. Foram 264.990, restando ainda 295.237. Soranz afirma que a SMS fará um trabalho de busca ativa nas escolas da rede pública municipal a partir desta semana, para tentar aumentar este número.
"São 3.500 agentes comunitários atuando na cidade do Rio de Janeiro que fazem o acompanhamento das famílias. Eles também farão o acompanhamento da vacina para covid-19 infantil", explicou.
O último dia da campanha infantil foi movimentado no Museu da República no Catete. A mãe da pequena Maria Julia, de 5 anos, Sandra Avelino, falou sobre a importância da imunização da filha e fez um apelo aos pais cariocas. "A vacina está aí para nos imunizar. Nos proteger. Proteger idosos, crianças, adultos. As crianças são vacinadas desde que nascem. Essas vacinas são feitas por cientistas, testadas, aprovadas por órgãos competentes. Então, peço aos pais que ainda não levaram seus filhos que vacinem suas crianças", disse Sandra.
Imunização decisiva
Para especialista em Gestão de Saúde da UFRJ, Claudia Araujo, a população do Rio fez bem seu papel na campanha de imunização e isso foi decisivo para a queda nos indicadores.
"O ritmo de vacinação no Rio de Janeiro foi fundamental para reduzir o número de mortos e de internações graves pela Ômicron. Os casos graves e óbitos ocorrem majoritariamente entre os não vacinados, ou os que não completaram o ciclo vacinal. No Rio de Janeiro, temos 82,6% da população com o ciclo vacinal completo e quase 40% com dose de reforço aplicada. Vacinar a população é fundamental para enfrentar este vírus", disse a gestora.
Apesar dos indicadores positivos, Chrystina Barros, que é pesquisadora em Saúde e membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ, diz que é cedo para se dizer que a pandemia esteja controlada. Segundo ela, é provável que o combate ao vírus da Covid-19 se torne, no futuro, similar ao combate à gripe.
"É cedo para se dizer. Esse vírus nos mostra ao longo do tempo que ele traz com mais frequência mutações novas e com diferentes impactos. Vamos fazer um paralelo com a gripe, todos os anos temos campanhas que atualizam nosso sistema imunológico com vacinas que trazem características de novas cepas dos vírus que provocam a gripe. A gripe é uma doença grave que pode provocar SRAG exatamente como a Covid-19. E todos os anos, mesmo com a campanha vacinal, temos pessoas que tem gripe, algumas ficam graves e podem vir a óbito. Da mesma forma também acontecem entre as pessoas que não imunizam. Nós viveremos isso também com a Covid-19 no futuro", avaliou
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