Publicado 13/02/2022 09:00
O som característico dos telefones fixos costumava ecoar pela casa dando o aviso de que alguém queria falar conosco: trim, trim, trim... Do outro lado, alguém havia discado o nosso número, geralmente anotado numa agenda de papel. Eram tempos em que literalmente ouvíamos uns aos outros, quando nem sonhávamos com as videochamadas em celulares. Assim, só nos restava imaginar o nosso interlocutor do outro lado, o que também tinha o seu charme. Afinal, em alguns momentos, a fantasia é melhor do que a obviedade escancarada.
A linha, aliás, já foi caríssima e sinal de status. Hoje, parece que o telefone fixo virou raridade nas casas. Tenho conversado com amigos que abandonaram a relíquia, ficando apenas com o celular. Um dos poucos que ainda mantêm o hábito é o Macarrão. "Liga para o meu fixo", ele costuma dizer, num sinal de amizade extrema.
A ficha dessa nova realidade caiu para mim quando vi vários telefones de discar numa loja de móveis na Fábrica Bhering, no Santo Cristo. Muito simpático, Seu Jorge, o dono do local, logo me mostrou o aparelho mais antigo dali, uma herança de família. A relíquia, com mais de 100 anos, ainda traz a inscrição do número da linha.
Tudo isso ficou guardado na memória, no coração e virou símbolo de uma época. Mas os tempos agora são outros: o grande tesouro é ter um bom pacote de Internet. Assim, receber ligação virou prova de afeto, cuidado e atenção, especialmente nas datas festivas. Na correria desenfreada, os áudios no aplicativo de bate-papo ganham vez, mas não substituem o bom e velho diálogo. As mensagens de textos também não conseguem cumprir esse papel. Por mais divertidos que sejam, os emojis e as figurinhas têm a difícil missão de expressar os mais diversos sentimentos para as mais diferentes pessoas.
A linha, aliás, já foi caríssima e sinal de status. Hoje, parece que o telefone fixo virou raridade nas casas. Tenho conversado com amigos que abandonaram a relíquia, ficando apenas com o celular. Um dos poucos que ainda mantêm o hábito é o Macarrão. "Liga para o meu fixo", ele costuma dizer, num sinal de amizade extrema.
A ficha dessa nova realidade caiu para mim quando vi vários telefones de discar numa loja de móveis na Fábrica Bhering, no Santo Cristo. Muito simpático, Seu Jorge, o dono do local, logo me mostrou o aparelho mais antigo dali, uma herança de família. A relíquia, com mais de 100 anos, ainda traz a inscrição do número da linha.
Tudo isso ficou guardado na memória, no coração e virou símbolo de uma época. Mas os tempos agora são outros: o grande tesouro é ter um bom pacote de Internet. Assim, receber ligação virou prova de afeto, cuidado e atenção, especialmente nas datas festivas. Na correria desenfreada, os áudios no aplicativo de bate-papo ganham vez, mas não substituem o bom e velho diálogo. As mensagens de textos também não conseguem cumprir esse papel. Por mais divertidos que sejam, os emojis e as figurinhas têm a difícil missão de expressar os mais diversos sentimentos para as mais diferentes pessoas.
A videochamada, então, se tornou o novo "olho no olho" dos tempos pandêmicos. E, já que é para abusar da imagem, os celulares ainda nos presenteiam com registros de nós mesmos. Nas famosas selfies, checamos detalhes bem particulares, que só nós percebemos: a sobrancelha desalinhada, a olheira mais profunda do que no dia anterior, o cabelo precisando de um corte... Conferimos até se o dente está sujo após uma refeição. Assim, fantasiamos uma versão moderna do espelho: "Telefone, telefone meu, existe uma pessoa mais bela do que eu?" E, se quisermos nos desconectar de tudo, basta deixarmos o aparelho fora do gancho — ops, em modo offline!
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