Câmera escondida flagra PMs entrando em residência, sem mandado de busca, na Vila Aliança. Morador denunciou, também, o furto de objetosReprodução / Redes Sociais
Publicado 14/02/2022 07:45
Rio - A Polícia Militar publicou, em seu boletim interno, parte do nome do homem que instalou uma câmera escondida em sua casa. As câmeras flagraram agentes da corporação entrando em sua residência sem mandado de busca; os policiais ainda teriam furtado objetos e até carne da geladeira. O caso ocorreu na Vila Aliança, durante uma operação policial. Essa teria sido a 12ª vez que os agentes entravam em sua propriedade sem estarem amparados por lei, ou seja, baseados em um mandado judicial ou por conta de um crime em curso.
Além do primeiro nome da vítima, seguida pelas iniciais do sobrenome, a corporação também divulgou três números da sua identidade e o nome da rua em que mora. A publicação ocorreu para anunciar que um Inquérito Militar Policial (IPM) fora instaurado para apurar a ação das equipes do do BAC (Batalhão de Ações com Cães) e Bpchoque (Batalhão de Polícia de Choque) que estavam na localidade, mas omitiu as iniciais, identidades e endereço dos agentes.
Logo após a divulgação do caso, revelado pelo repórter Jefferson Monteiro, da TV Globo, a corporação afirmou que os policiais já haviam sido identificados e seus nomes publicados em boletim. No entanto, a publicação não ocorreu. O anúncio da investigação interna foi feito somente no documento ao qual O DIA teve acesso, nesta segunda-feira, e afirma que o seu objetivo é justamente identificar os policiais que entraram na casa. 
Trecho do boletim, de número 27, publicado na noite de sexta-feira, dia 11, explica a instauração do IPM: "(...) em decorrência dos indícios de cometimento de crimes de furto e de abuso de autoridade em razão da violação de domicílio, conforme gravações obtidas do circuito interno de monitoramento e segurança eletrônica, praticados em tese pelos policiais do BAC e Bpchoque em desfavor do denunciante. (...) imperiosa se faz a perquirição de novas provas com o fito de elucidar e trazer a lume a identificação exata e a autoria dos militares que praticaram tais atos". No mesmo documento, aponta que a decisão deve constar na ficha judiciária interna dos investigados.
O secretário da PM, coronel Luiz Henrique Filho, classificou o episódio flagrado pelas câmeras como 'inaceitável'. "A corporação sempre apurou os fatos com transparência e rigidez. Nos últimos dez anos, a Polícia Militar excluiu do seu quadro 1.500 homens e isso mostra todo nosso rigor, transparência e nossa conduta correta na apuração de qualquer fato. Foi aberto um IPM, Inquérito Policial Militar, talvez o caso seja submetido ao Conselho de Disciplina, que poderá optar pela expulsão deles ou não. Esse é o processo, o trâmite da PM", afirmou em entrevista à TV Globo, na semana passada.
A reportagem encaminhou um e-mail para a Polícia Militar a respeito da publicação desta segunda-feira e aguarda o retorno.
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