Aurélio Alves Bezerra, militar da Marinha, vira réu por homicídio doloso por matar Durval Filho após confundí-lo com assaltante.Reprodução
Publicado 18/02/2022 14:32
Rio - O sargento da Marinha Aurélio Alves, acusado de matar a tiros Durval Teófilo Filho, na noite do último dia 2, após confundir o vizinho com um assaltante, virou réu por homicídio doloso (quando há intenção de matar), após a Justiça aceitar a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que alterou a tipificação do crime cometido por Aurélio. O militar foi indiciado inicialmente por homicídio culposo (sem intenção de matar), pela Polícia Civil. 

O MP acolheu os apelos da defesa de Durval, encaminhando para apreciação da juíza Juliana Grillo El-Jaick, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. A magistrada aceitou o pedido, alterando a tipificação criminal e Aurélio responderá por homicídio duplamente qualificado, por crime de motivo torpe e sem o direito à chance de defesa da vítima. A pena pode variar de 6 a 20 anos em regime de reclusão.
Relembre o caso

Durval Teófilo Filho, tinha 38 anos, casado e pai de uma menina de 6 anos, foi assassinado pelo Militar Aurélio Alves Bezerra, seu vizinho, no estacionamento do condomínio onde moravam na Rua Capitão Juvenal Figueiredo, 1520, bairro Colubandê, por volta das 23h do dia 02/02. Preso em flagrante, após socorrer a vítima, na delegacia, Aurélio alegou ter confundido Durval com um bandido ao relatar que chegava em casa: “quando avistou um homem se aproximando de seu veículo, muito rápido e mexendo na bolsa”. Aurélio afirmou ter atirado três vezes, tendo atingido a barriga de Durval.
Veja, nas imagens abaixo, gravadas pelas câmeras de segurança do condomínio,  o momento em que o militar atira em Durval quando a vítima chegava em casa:

Acusação de racismo e comoção popular

O caso causou comoção popular e gerou muita revolta pela fala do militar da Marinha que disse ter atirado em Durval por achar que a vítima iria roubá-lo, já que segundo ele “ a localidade é perigosa e costuma ter muitos assaltos”.

Luziane Teófilo, mulher de Durval, inconsolável desabafou:

"Eu escutei os tiros. A minha filha, que tem 6 anos, estava esperando o pai dela. Meu marido morreu porque era preto. E agora o que eu vou dizer pra ela?".

Imediatamente, diversas organizações de defesa dos direitos humanos, representações sociais, autoridades, artistas e a sociedade civil, demonstraram por meio das redes sociais a revolta com o ocorrido. O que gerou protestos contra atitudes e a fala racista do militar e indo às ruas com faixas e cartazes chamando a atenção para que a justiça fizesse revisão no inquérito após a conclusão por parte da Polícia Civil, e tornasse Aurélio réu por crime qualificado.
Ameaças

Luziane Teófilo saiu de casa com a filha de 6 anos, dias depois do crime, informando terem sofrido ameaças. O caso foi registrado pelo advogado da família, Luiz Carlos Aguiar, na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), a mesma que investiga a morte de Durval.
 
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