Publicado 11/03/2022 13:03
Rio - Um soldado recém-formado do Exército Brasileiro morreu, na madrugada desta sexta-feira (11), após um treinamento no quartel do 1º Batalhão de Polícia do Exército (PE), na Tijuca, Zona Norte do Rio, realizado no dia anterior (10). De acordo com a família, Pedro Henrique Pereira dos Santos, de 18 anos, passou mal durante os exercícios físicos, teve convulsões. Ele foi socorrido para o Hospital Central do Exército (HCE), em Benfica, onde foi intubado, mas acabou não resistindo.
Primo do jovem, Clayton Lourdes, esteve no hospital e disse que ele não tinha nenhum problema de saúde que justificasse a morte.
"Quando a gente chegou ontem à noite no hospital, eles [os médicos] falaram que deu um problema no coração e que provavelmente ele já tinha esse problema, mas a gente não sabia de nada disso. Ele não tinha feito nenhum exame que constatasse isso. Segundo os médicos, o motivo do óbito foi o esforço físico e falta de hidratação. Ele teve uma parada cardíaca e não resistiu. Nós da família queremos uma explicação, saber o que realmente aconteceu com ele. O que realmente tirou a vida de um jovem saudável de forma tão repentina", disse Clayton.
O irmão do rapaz, Jonathan Luiz, contou que Pedro Henrique se apresentou no dia 2 de março, que foi quando começou oficialmente a integração dele no quartel.
"Ele estava indo alguns dias antes lá, mas foi dia 2 que foi o primeiro dia do internato. Na segunda, dia 7, foi a formatura dele. Eu e minha mãe fomos lá e durante a formatura, um dos responsáveis, não sei se era Capitão, falou que eles estariam seguros, em boas mãos e que iam ser bem cuidados", iniciou Jonathan, visivelmente emocionado.
"Ontem (quinta-feira), por volta das 21h, um tenente me ligou dizendo que meu irmão tinha passado mal no treinamento e que ele tava na HCE intubado. Após isso, o Capitão ligou pra minha mãe dizendo que o ocorrido foi 15h, sendo que só foram comunicar a gente mais tarde. Nós fomos ao hospital e ele já estava intubado e umas 4h30 de hoje ele faleceu. Só falam pra gente que ele passou mal, se queixou de dor, começou a se bater, tendo convulsão. Falaram que tentaram reanimar ele lá no quartel mesmo e depois vieram às pressas aqui pro HCE. Pedro nunca teve problema de nada, nunca ficou internado, não tinha nenhum problema de saúde e chegando no hospital acusou um monte de coisa no peito, no pulmão, rins. Muita coisa que não faz sentido", criticou.
O pai do jovem, o taxista Flávio Roberto dos Santos também enfatizou que a saúde do filho sempre foi boa e que ele não tinha problemas.
"O Pedro nunca teve nada, nada, nada. Ele sempre foi um garoto saudável, quieto, na dele. Quando ele decidiu que queria entrar para o Exército, começou a fazer exercício físico, flexões, malhava. É muito triste tudo isso".
Ainda segundo Flávio, antes do soldado morrer, ele chegou a perguntar para um dos médicos que atendeu seu filho o porquê do jovem estar visivelmente desidratado. "Por causa do calor eu perguntei sobre isso, se meu filho estava bebendo água, me disseram que ele teve insuficiência renal e que teria que fazer hemodiálise. O Pedro nunca teve problema nos rins. Eu perguntei se podia ser por falta de água e não me responderam".
Ao falar sobre o treinamento relativamente pesado que o filho fazia dentro do Exército, o taxista contou o que ouviu do jovem dias antes do incidente: "Ele me disse que uma vez eles (soldados) ficaram por horas sentados no chão abraçando a própria perna. Eu acho um absurdo isso acontecer num calor desse".
Por fim, Flávio disse que irá lutar para saber a verdade sobre o caso. "Eu dei meu filho para eles. Quero que me digam o que aconteceu. Essa é uma dor que eu não desejo para pai nenhum".
Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) informou que, "durante a realização de instrução de ordem unida no dia 10 de março de 2022, o soldado sentiu-se mal e foi prontamente atendido pelo médico do quartel. Em seguida, ele foi levado para o Hospital Central do Exército e, devido a complicações, veio a óbito. Foi aberto um Inquérito Policial Militar para apurar o fato ocorrido".
O CML lamentou a morte de Pedro Henrique e disse que está prestando toda a assistência necessária à família.
O CML lamentou a morte de Pedro Henrique e disse que está prestando toda a assistência necessária à família.
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