Publicado 23/03/2022 15:35
Rio - Após quase dois anos, a conclusão do caso da médica Ticyana Ferreira D'Azambuja Ramos, de 37 anos, espancada após pedir para vizinhos abaixarem o som em festa, no Grajaú, Zona Norte, em maio de 2020, parece estar perto próximo de acontecer. Nesta quarta-feira, o juiz André Ricardo Franciscis Ramos, da 28ª Vara Criminal, agendou a audiência de instrução e julgamento dos agressores da vítima para o dia 12 de abril, às 13h30.
A denúncia contra seis agressores de Ticyana foi aceita em março do ano passado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Entre os denunciados está um sargento do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) Luiz Eduardo dos Santos Salgueiro, 45, que chegou a ser afastado das ruas. Os réus respondem por crime de lesão corporal grave, cuja pena pode chegar a cinco anos de prisão.
Ticyana foi espancada por reclamar do som alto e da aglomeração em uma festa que acontecia ao lado de sua residência, no Grajaú. Imagens flagraram parte das agressões sofridas pela médica, que foi atacada com brutalidade e carregada por um dos frequentadores da comemoração. O incidente aconteceu no dia 30 de maio.
Após várias tentativas de fazer com que os responsáveis pela festa abaixassem o som, Ticyana desceu de seu apartamento, caminhou até o portão do imóvel onde acontecia a festa e, num momento de fúria, quebrou o vidro traseiro de um carro importado, estacionado na porta do local. O veículo era do sargento da PM que também é réu.
Logo em seguida, pelo menos três homens e uma mulher que participavam da comemoração correram atrás da vítima e começaram a agredi-la. Pelas imagens, é possível ver um dos homens carregando a vítima nas costas, enquanto outro a agride e uma mulher puxa seu cabelo. Outros vizinhos que tentaram pedir socorro e ajudar Ticyana, mas também acabaram agredidos pelo grupo.
De acordo com registro da Polícia Civil, à época, quatorze pessoas foram indiciadas, entre eles dois bombeiros que teriam omitido socorro a Ticyana durante as agressões. Duas pessoas acusadas de agredir vizinhos que tentavam ajudar a médica não foram acusados criminalmente e fizeram acordo, com indenização de R$ 12 mil.
Dias após as agressões, a médica falou ao DIA como tudo aconteceu e disse ter perdido a "esperança na humanidade". "Eles me enforcaram a ponto de eu desmaiar, me chutaram, deram vários tapas na minha cara, pisotearam minhas duas mãos e quebraram meu joelho", contou a médica, que foi socorrida por vizinhos ao Hospital Rios D'Or, na Freguesia, Zona Oeste do Rio.
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