Parentes de vítimas da chacina da Baixada Fluminense fazem ato pedindo paz 17 anos após barbárie

Crime tirou a vida de 29 vítimas na noite do dia 31 de março de 2005 em Nova Iguaçu e Queimados. Números da violência nas cidades da Baixada seguem altos, apontam dados do ISP

Famílias de chacina fazem ato para pedir paz na Baixada FluminenseReprodução TV Globo
Publicado 31/03/2022 15:47
Rio - Parentes das vítimas da maior chacina da história da Baixada Fluminense se reuniram, nesta quinta-feira, para pedir paz em ato que marca os 17 anos do caso. O crime cometido por policiais militares de folga vitimou 29 pessoas no dia 31 de março de 2005 nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados. Familiares levaram cartazes e fotos dos mortos para praça em Queimados. 
"O sonho dele era me dar uma vida melhor. Ele era um menino muito brincalhão, muito contente. Todo mundo no bairro gostava muito dele", disse a dona de casa Adriana Paz Gomes, que perdeu o filho Marcelo, de 15 anos, em entrevista ao RJTV, da TV Globo.
Dados do Fórum Grita Baixada, que traz estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP), mostram que a situação violenta da Baixada Fluminense não mudou 17 anos depois. Segundo boletim da organização, entre 2020 e 2021 houve aumento de cerca de 10% na letalidade policial nas cidades que compõem a Baixada Fluminense, com destaque negativo para os municípios de Japeri(92%), Duque de Caxias (37%), Belford Roxo e São João de Meriti (14% cada um). 

"A Baixada continua a ser um território extremamente marcado pela violência de agentes públicos. Como se não bastasse a ação de grupos à margem da lei, o próprio estado é produtor sistemático de mortes. O fato disso ocorrer proporcionalmente mais na Baixada que na capital ou mesmo acima da média do estado (7,76), nos faz questionar a capacidade das instituições de controle da polícia frearem essa alta letalidade na região", questiona.
Ainda segundo a organização, a situação da violência na região periférica revela uma aparente invisibilidade da sua população para o poder público. "Tal dinâmica violenta sustenta-se na invisibilidade da região e de seu povo para os poderes públicos, na participação interessada de agentes públicos locais (eleitoralmente, financeiramente) com essa prática violenta e nas limitações próprias da sociedade local em denunciar e barrar toda essa ação violenta", criticou.
Considerada a maior chacina do Estado do Rio, o crime teria acontecido pela insatisfação de um grupo de policiais com a linha-dura imposta nos batalhões da PM na Baixada. Antes da barbárie, um comandante do 15º BPM (Duque de Caxias) havia afastado 60 policiais militares, presos durante a operação Navalha na Carne.
No dia seguinte, outros quatro policiais, com a intenção de desestabilizar o comando do batalhão de Caxias, se reuniram num bar da Rua Dom Walmor, em Nova Iguaçu e, num período de uma hora e meia, percorreram 25 quilômetros de carro e assassinaram quem estava pela frente. Das 29 vítimas, oito eram adolescentes. Os PMs dispararam mais de cem tiros. A justiça indiciou 11 policiais. Cinco foram inocentados, um deles foi morto durante as investigações e seis foram presos.  
 
 
 
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Parentes de vítimas da chacina da Baixada Fluminense fazem ato pedindo paz 17 anos após barbárie

Crime tirou a vida de 29 vítimas na noite do dia 31 de março de 2005 em Nova Iguaçu e Queimados. Números da violência nas cidades da Baixada seguem altos, apontam dados do ISP

Famílias de chacina fazem ato para pedir paz na Baixada FluminenseReprodução TV Globo
Publicado 31/03/2022 15:47
Rio - Parentes das vítimas da maior chacina da história da Baixada Fluminense se reuniram, nesta quinta-feira, para pedir paz em ato que marca os 17 anos do caso. O crime cometido por policiais militares de folga vitimou 29 pessoas no dia 31 de março de 2005 nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados. Familiares levaram cartazes e fotos dos mortos para praça em Queimados. 
"O sonho dele era me dar uma vida melhor. Ele era um menino muito brincalhão, muito contente. Todo mundo no bairro gostava muito dele", disse a dona de casa Adriana Paz Gomes, que perdeu o filho Marcelo, de 15 anos, em entrevista ao RJTV, da TV Globo.
Dados do Fórum Grita Baixada, que traz estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP), mostram que a situação violenta da Baixada Fluminense não mudou 17 anos depois. Segundo boletim da organização, entre 2020 e 2021 houve aumento de cerca de 10% na letalidade policial nas cidades que compõem a Baixada Fluminense, com destaque negativo para os municípios de Japeri(92%), Duque de Caxias (37%), Belford Roxo e São João de Meriti (14% cada um). 

"A Baixada continua a ser um território extremamente marcado pela violência de agentes públicos. Como se não bastasse a ação de grupos à margem da lei, o próprio estado é produtor sistemático de mortes. O fato disso ocorrer proporcionalmente mais na Baixada que na capital ou mesmo acima da média do estado (7,76), nos faz questionar a capacidade das instituições de controle da polícia frearem essa alta letalidade na região", questiona.
Ainda segundo a organização, a situação da violência na região periférica revela uma aparente invisibilidade da sua população para o poder público. "Tal dinâmica violenta sustenta-se na invisibilidade da região e de seu povo para os poderes públicos, na participação interessada de agentes públicos locais (eleitoralmente, financeiramente) com essa prática violenta e nas limitações próprias da sociedade local em denunciar e barrar toda essa ação violenta", criticou.
Considerada a maior chacina do Estado do Rio, o crime teria acontecido pela insatisfação de um grupo de policiais com a linha-dura imposta nos batalhões da PM na Baixada. Antes da barbárie, um comandante do 15º BPM (Duque de Caxias) havia afastado 60 policiais militares, presos durante a operação Navalha na Carne.
No dia seguinte, outros quatro policiais, com a intenção de desestabilizar o comando do batalhão de Caxias, se reuniram num bar da Rua Dom Walmor, em Nova Iguaçu e, num período de uma hora e meia, percorreram 25 quilômetros de carro e assassinaram quem estava pela frente. Das 29 vítimas, oito eram adolescentes. Os PMs dispararam mais de cem tiros. A justiça indiciou 11 policiais. Cinco foram inocentados, um deles foi morto durante as investigações e seis foram presos.  
 
 
 
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