Publicado 07/04/2022 16:42 | Atualizado 28/04/2022 17:09
Rio - Com o punho cerrado, o Acadêmicos do Salgueiro retrata as formas de resistência do povo preto brasileiro. Comandada pelo carnavalesco Alex de Souza, a agremiação do Andaraí traz, em "Resistência", a luta da população preta na preservação da própria cultura e fé por meio do orgulho da herança histórica deixada pelos antepassados.
Ao O Dia, Alex de Souza contou que o Salgueiro vai mostrar para o público da Marquês de Sapucaí que as marcas culturais deixadas pelas pessoas que foram escravizadas na África e trazidas para o Brasil são determinantes para a nossa formação identitária.
"O aprendizado maior é que, dentro do Rio de Janeiro e nas cidades limítrofes, ter uma história de Resistência, de territórios, de lugares onde a questão religiosa, a manutenção da cultura resiste até os dias de hoje. Isso foi perpetuado pela raiz africana, mas também é desenvolvido aqui no Rio de Janeiro, com lugares, ambientes, formas de encontros de cultura popular preta cujas histórias eu não sabia, não conhecia. Descobri muitas coisas das quais eu não fazia ideia e que foram determinantes para a cultura carioca e brasileira", afirmou o carnavalesco, que garantiu um desfile com "a cara do Salgueiro".
Apesar de não conquistar o título do Grupo Especial desde 2009, o Salgueiro marca presença no Desfile das Campeãs. No comando da Verde e Branca do Andaraí desde 2018, o carnavalesco Alex de Souza está confiante com o trabalho feito com a escola para este desfile.
"A gente espera fazer um grande Carnaval, com um desfile bonito, forte, emocionante e com muita garra. Isso foi demonstrado no ensaio técnico. Acho que todos os segmentos estão afinadíssimos para uma grande apresentação, desde a comissão de frente à comunidade. Se sem a parte plástica já foi excelente, esperamos que com as fantasias e alegorias, tudo cresça ainda mais. Temos duas escolas que nos antecedem e outras tantas depois. Todos querem o título, e o que eu posso dizer é que estamos prontos para disputar", defendeu o carnavalesco, que continuou:
"O desejo pessoal é grande, mas primeiro precisamos desfilar e encantar o público, a crítica e os jurados. Seria maravilhoso levar esse campeonato para o Salgueiro após tanto tempo de espera e comemorar o meu primeiro título no Grupo Especial em uma escola que tem a força que tem".
Se preparar um desfile de escola de samba pode ser considerado um desafio, idealizá-lo durante o período de pandemia deixa todo processo ainda mais complexo. "Um dos principais desafios foi a escassez de material, tivemos muita dificuldade em conseguir matéria-prima para trabalhar. Além disso, a pandemia e o surto de gripe foram complicados, pois tivemos que administrar a falta de profissionais", lembrou o carnavalesco.
O samba-enredo do Salgueiro é de autoria de Demá Chagas, Pedrinho da Flor, Leonardo Gallo, Zeca do Cavaco, Gladiador e Renato Galante. O Acadêmicos do Salgueiro é a terceira escola de samba a desfilar na Marquês de Sapucaí, na sexta-feira, 22 de abril.
Em 2020, o Salgueiro garantiu seu lugar no Desfile das Campeãs, na quinta posição da disputa com o "O Rei negro do picadeiro". Com o desfile assinado por Alex de Souza, o samba-enredo "O Rei negro do picadeiro" foi escrito por Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves e Francisco Aquino.
Confira o samba-enredo:
Confira a letra:
Um dia meu irmão de cor
Chorou por uma falsa liberdade
Kao cabecilê sou de Xangô
Punho erguido pela igualdade
Hoje cativeiro é favela
De herdeiros sentinelas
Da bala que marca, feito chibata
Vermelho na pele dos meus heróis
Lutaram por nós, contra a mordaça
Ê mãe preta, mãe baiana
Desce o morro pra fazer história
Me formei na academia
Bacharel em harmonia
Eis aqui o meu quilombo, escola
Ê galanga ê… Rei Zumbi obá
Preta aqui virou Rainha Xica
Sou a voz que vem do gueto
Resistência no tambor
Pilão de preto velho eu sou
No rio batuqueiro
Macumba o ano inteiro
Não nego meu valor, axé
Gingado de malandro
Kizomba e capoeira
Caxambu e jongo, fé na rezadeira
Tempero de iaiá, não tenho mais sinhô
E nunca mais sinhá
Sambo pra resistir
Semba meus ancestrais
Samba pelos Carnavais
Torrão amado o lugar onde eu nasci
O povo me chama assim
Salgueiro… Salgueiro…
O amor que bate no peito da gente
Sabiá me ensinou: sou diferente
Chorou por uma falsa liberdade
Kao cabecilê sou de Xangô
Punho erguido pela igualdade
Hoje cativeiro é favela
De herdeiros sentinelas
Da bala que marca, feito chibata
Vermelho na pele dos meus heróis
Lutaram por nós, contra a mordaça
Ê mãe preta, mãe baiana
Desce o morro pra fazer história
Me formei na academia
Bacharel em harmonia
Eis aqui o meu quilombo, escola
Ê galanga ê… Rei Zumbi obá
Preta aqui virou Rainha Xica
Sou a voz que vem do gueto
Resistência no tambor
Pilão de preto velho eu sou
No rio batuqueiro
Macumba o ano inteiro
Não nego meu valor, axé
Gingado de malandro
Kizomba e capoeira
Caxambu e jongo, fé na rezadeira
Tempero de iaiá, não tenho mais sinhô
E nunca mais sinhá
Sambo pra resistir
Semba meus ancestrais
Samba pelos Carnavais
Torrão amado o lugar onde eu nasci
O povo me chama assim
Salgueiro… Salgueiro…
O amor que bate no peito da gente
Sabiá me ensinou: sou diferente
Ficha técnica:
Nome: Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro
Posição do desfile: terceira escola a se desfilar
Dia e hora: sexta-feira, 22 de abril, 00h
Cores: Vermelho e Branco
Presidente: André Vaz da Silva
Presidente de Honra: Djalma Sabiá
Carnavalesco: Alex de Souza
Rainha de Bateria: Viviane Araújo
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Sidcley Santos e Marcella Alves
Intérpretes: Demá Chagas, Pedrinho da Flor, Leonardo Gallo, Zeca do Cavaco, Gladiador e Renato Galante
Posição do desfile: terceira escola a se desfilar
Dia e hora: sexta-feira, 22 de abril, 00h
Cores: Vermelho e Branco
Presidente: André Vaz da Silva
Presidente de Honra: Djalma Sabiá
Carnavalesco: Alex de Souza
Rainha de Bateria: Viviane Araújo
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Sidcley Santos e Marcella Alves
Intérpretes: Demá Chagas, Pedrinho da Flor, Leonardo Gallo, Zeca do Cavaco, Gladiador e Renato Galante
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