Publicado 05/04/2022 08:09
Rio - Um adolescente identificado como Cauã da Silva Santos, de 17 anos, morreu na noite desta segunda-feira (4), após ser baleado quando saía de um evento na quadra da associação de moradores, na comunidade do Dourado, no bairro de Cordovil, na Zona Norte do Rio. A vítima ainda teria sido jogada em um valão depois de ser atingida. Ele fazia parte do projeto social Centro Esportivo Resgate, que promovia a celebração, voltada para o público infantil.
De acordo com o BDRJ da TV Globo, por volta das 21h30, moradores ouviram disparos no local e disseram que policiais militares chegaram atirando na região. Segundo eles, não havia operação policial em andamento. Um amigo de Cauã contou que sete adolescentes foram encurralados em um beco em frente a associação e a vítima foi baleada no peito. Relatos de familiares dão conta de que os outros seis conseguiram se salvar, porque se esconderam na casa de uma moradora.
"Deu um tiro no peito do meu neto. Jogou meu neto dentro do rio. Está pensando que meu neto é bicho? Bicho 'é' eles. Eles não têm mãe, não têm filho, eles não têm família? Se fosse com a família desse bando de safado que está aí, eles iam gostar? Nós não estamos gostando, porque nós que estamos sentindo a dor (...) A camisa do meu neto está fedendo da água do rio, que eles jogaram meu neto dentro do rio. Meu neto é lixo? Meu neto é bicho? Agora, isso não vai ficar impune, porque nós não vamos deixar mais uma morte cair na estatística, que são muitas", desabafou a avó de Cauã, Edineize Cristina Rodrigues Soares, em entrevista ao BDRJ.
"Meu sobrinho estava treinando jiu-jitsu, a turma estava cheia, tinha um monte de criança na rua. Esses 'polícia' entraram atirando. Um monte de criança na rua, tem que deixar frizado que só tinha criança na rua. Meteram uma bala no peito do meu sobrinho de 17 anos, que queria ser lutador. Ele levou um tiro no peito e, para completar, jogaram meu sobrinho dentro do valão, dentro do esgoto. Como que isso faz com uma pessoa, com um ser humano?", completou a tia do jovem, Mariana Soares.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a população retirando Cauã do valão e questionando policiais militares sobre os tiros. Ele foi encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a vítima chegou já sem vida à unidade. O corpo do adolescente foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) por volta das 8h desta terça-feira. Ainda não há informações sobre o sepultamento.
Por conta da morte, moradores realizaram uma manifestação na comunidade pedindo justiça. No protesto, um ônibus foi incendiado. Cauã era faixa laranja de Jiu-jitsu e participaria de um campeonato mundial de luta livre no próximo sábado. O adolescente trabalhava em um ferro-velho, tinha o sonho de alistar ao Exército e seguir carreira militar. Procurada, a Polícia Militar informou que "a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) já instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar todas as circunstâncias do caso". A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga a morte. "Testemunhas serão ouvidas e diligências estão sendo realizadas para esclarecer todos os fatos", disse a Polícia Civil, em nota.
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